OPERAÇÃO VENDILHÕES

Justiça manda reabrir investigação contra padre Robson após dois meses

A Justiça suspendeu, na última sexta-feira (4), a decisão da 1º Câmara Criminal do dia…

A Justiça suspendeu, na última sexta-feira (4), a decisão da 1º Câmara Criminal do dia 6 de outubro que trancava o inquérito contra o Padre Robson de Oliveira Pereira, fundador e ex-presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Com isso, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) fica autorizado a retomar as investigações contra o religioso por suspeita de uso da Afipe e laranjas para fins criminosos.

A retomada das investigações ocorre menos de dois meses após a decisão do desembargador Nicomedes Domingos Borges, que foi acompanhada pela turma da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Na ocasião, Nicomedes entendeu que não existiam provas suficientes de que o Padre Robson, alvo da Operação Vendilhões, havia utilizado dinheiro de doação de fiéis para fins impróprios.

Na época, o MP-GO chegou a criticar a decisão e declarou que a Justiça havia sido conduzida ao erro pela defesa. ““A gente entende que essas compras são lícitas. A nossa questão sempre foram os desvios feitos a partir de muitas das compras realizadas. Os argumentos utilizados no habeas corpus não podem ser vinculados ao tema da investigação, já que são assuntos diferentes. A decisão tranca a investigação, mas a apuração não tem nada a ver com o que foi abordado no pedido de habeas corpus”, afirmou, na ocasião, o promotor Sebastião Marcos Martins.

No entanto, na sexta-feira da última semana, o presidente do TJ-GO, desembargador Walter Carlos Lemes, suspendeu os efeitos da decisão da 1º Camara Criminal. Para o presidente, enquanto couber recursos previstos na legislação, o trancamento da denúncia pode causar “danos graves e de difícil reparação”.

Ainda conforme Lemes, com a decisão da 1ª Câmara, os promotores do MP-GO envolvidos no caso do Padre Robson ficaram impedidos de investigar, sem que ao menos fossem ouvidos no habeas corpus – meio pelo qual ocorreu o trancamento.

Questionado sobre a decisão do presidente do TJ-GO, o MP-GO declarou que ainda não foi notificado dela.

Decisão anterior “continua intacta”, diz defesa do Padre Robson

Em nota enviada ao Mais Goiás, a assessoria de Padre Robson disse que, “para a defesa, a decisão que reconheceu não haver qualquer ilegalidade na AFIPE continua intacta”. “A verdade prevalecerá”, declarou.

“Para a defesa, a decisão que reconheceu não haver qualquer ilegalidade na AFIPE continua intacta, até porque é a verdade. Assuntos internos da AFIPE são de interesse exclusivo dela e não do MP. A decisão referida apenas faz com que se aguarde a confirmação, pelo STJ, do Habeas Corpus, concedido pelo TJGO, nada além disso. A verdade prevaleceu e prevalecerá.”

Relembre as acusações contra o Padre Robson

Em agosto deste ano, o Padre Robson, que fundou e mantinha a Associação Filhos do Pai Eterno, Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro, Associação Filhos do Pai Eterno e Perpétuo Socorro (Afipes), se viu no centro de um escândalo envolvendo denúncias, por parte do Ministério Público, de organização criminosa, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal, supostamente cometidos pela diretorias das Afipes por meio de empresas de fachada e laranjas.

Conforme apontado pelo MP-GO na Operação Vendilhões, doações feitas por fiéis de todo o país para o custeio das atividades da Afipe e para o pagamento das obras e projetos de cunho social realizadas pelas entidades estariam sendo usadas pela diretoria para “o pagamento de despesas pessoais dos investigados e para aquisição de imóveis”. Entre esses imóveis, conforme apurado pelo MP-GO, estariam fazendas e casa de praia, “os quais, a princípio, não se destinam ao atendimento dos seus propósitos religiosos”.

Ainda de acordo com as investigações no âmbito da Operação Vendilhões, os investigados estariam, também, envolvidos em um esquema criminoso criado pelo Padre Robson para desviar verbas da Afipe, com consequente “dissimulação e ocultação dos recursos, por meio de ‘laranjas’ e empresas de ‘fachada’ e, assim, dificultar o rastreamento da origem do dinheiro.