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Karine Gouveia dizia ser biomédica, mas não tem ‘qualificação acadêmica’, afirma delegado

"O que reforça, inclusive, os indícios dos crimes de estelionato"

Justiça mantém prisão de acusados de lesionar pacientes em clínica, Karine Gouveia e marido
Justiça mantém prisão de acusados de lesionar pacientes em clínica, Karine Gouveia e marido (Foto: Reprodução - TV Anhanguera)

A Polícia Civil recebeu o áudio de um cliente da influenciadora Karine Gouveia, presa suspeita de deformar pacientes em procedimentos estéticos na clínica dela, em que ela afirma ser formada em biomedicina, em Londrina (PR). Ao Mais Goiás, o delegado Daniel Oliveira informou que ela não tem qualificação acadêmica.

Em texto enviado ao portal ele disse que “novos elementos confirmam os depoimentos das vítimas que reportaram que Karine Gouveia se dizia profissional habilitada da saúde, como um áudio no qual a investigada – sem nenhuma qualificação acadêmica – afirma ser formada em biomedicina, o que reforça, inclusive, os indícios dos crimes de estelionato”. À TV Anhanguera, nesta segunda-feira (30), o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª região disse não haver registro de Karine Giselle Gouveia Silva.

Karine e o marido Paulo César Dias Gonçalves, o PC Segredo, foram presos em 18 de dezembro e tiveram a prisão mantida pela Justiça no dia seguinte. Conforme a polícia, entre as deformidades estéticas e funcionais permanentes, estão cicatrizes, abscesso, necroses, queimaduras, fibromialgia, inflamações severas, perda de sentidos e lesões nos ligamentos oculares.

Tanto Karine quanto PC Segredo estão recolhidos na Casa do Albergado, em virtude dos mandados de prisão temporária (prazo de trinta dias) decretados pelo Poder Judiciário. O número de vítimas que já denunciou lesões na clínica da mulher chega a 60.

Defesa do casal

“Sobre os procedimentos estéticos realizados na clínica, todos os pacientes sempre foram tratados com profundo respeito e cuidado. A defesa e os investigados acreditam que todos os fatos serão devidamente esclarecidos, inclusive — mas não se limitando — aos procedimentos realizados em 2017, que só agora estão vindo a público. É necessário compreender o que ocorreu nesse intervalo de tempo. Esse entendimento é tanto um direito quanto um dever dos empresários, diante dos 8 anos de atuação no mercado e dos mais de 30 mil clientes atendidos e procedimentos realizados.

As publicações baseadas em informações fornecidas pela autoridade policial, de forma unilateral e sem a realização de perícia técnica com a participação de ambas as partes, promovem a execração pública dos investigados, tratando-os como se já estivessem condenados, sem que tenham tido acesso ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Tal postura fere gravemente os direitos humanos, desrespeitando normas internacionais protegidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, estabelecida em Haia, a qual está sendo acionada.

Quanto ao número crescente de pessoas que têm se manifestado, os investigados respeitam profundamente, mas é necessário analisar cada caso individualmente. Por exemplo, há pessoas que não seguiram as recomendações pós-procedimento; portanto, as consequências disso não se devem ao procedimento em si. Por isso, é essencial entender cada caso de forma isolada. A defesa também alerta para a importância de se realizar perícias em cada caso, com a participação de todas as partes envolvidas, incluindo os conselhos responsáveis, para garantir que todas as questões técnicas sejam devidamente validadas.

A decretação de prisão temporária é uma medida desproporcional e injustificável, especialmente diante da ausência de qualquer elemento concreto que impeça os investigados de responderem às acusações em liberdade. Vale ressaltar que, neste período sensível de Natal, essa decisão manteve um menino de apenas 7 anos afastado abruptamente de seus pais.

Por se tratar de um processo que tramita sob segredo de Justiça, a defesa não entrará no mérito das acusações, mas tem a absoluta certeza de que os fatos serão esclarecidos no processo, caso a caso.

Reforçam ainda que Karine Gouveia e Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime.”