EDUCAÇÃO

MEC revoga portaria que determinava retorno das aulas presenciais

Horas depois da publicação de uma portaria que determinava o retorno das aulas presenciais nas…

MEC revoga portaria que determinava retorno das aulas presenciais
MEC revoga portaria que determinava retorno das aulas presenciais

Horas depois da publicação de uma portaria que determinava o retorno das aulas presenciais nas instituições federais de ensino (IFEs), o Ministério da Educação (MEC) voltou atrás e decidiu revogar o documento. De acordo com o ministro Milton Ribeiro o recuo foi causado pela resistência das universidades às medidas.

“A sociedade está preocupada, quero ser sensível ao sentimento da população”, disse Milton em entrevista à CNN. O titular ressaltou ainda que irá abrir uma consulta pública para ouvir a comunidade acadêmica sobre a questão.

Outro argumento dado pelo titular ao recuo foi a falta de preparo  das IFEs para o retorno presencial. Ele ressaltou que só irá tomar essa decisão quando as universidades e institutos federais se sentirem confiantes.

Repercussão em Goiás

O anúncio do retorno às aulas presenciais gerou reação imediata das IFEs goianas logo no começo do dia. A Universidade Federal de Goiás (UFG) publicou nota nas redes sociais ressaltando que aprovou resoluções que orientam o planejamento das atividades durante a pandemia do coronavírus.

“Até o momento, não é vista a possibilidade de retomada das aulas presenciais. Em momento oportuno, em um contexto favorável, o Conselho Universitário poderá ser convocado para reavaliar e deliberar novamente sobre o assunto”, diz a nota.

O Instituto Federal de Goiás (IFG) e Instituto Federal Goiano (IF Goiano) repercutiram uma nota do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). A entidade se posicionou contrária ao retorno presencial e classificou a postura do MEC como “irresponsável”.

“A Rede se adaptou à pandemia e tem desenvolvido, de forma remota, suas atividades, como forma de não prejudicar sua comunidade acadêmica e garantir o acesso a uma educação de qualidade à sociedade brasileira. Voltar às aulas presenciais, de forma precipitada como disposto na Portaria, seria uma irresponsabilidade com os nossos mais de um milhão de estudantes e 80 mil servidores”, disse o Conif.

Comunidade universitária

As entidades representativas de professores, trabalhadores técnico-administrativos e estudantes também se manifestaram sobre o assunto. O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg Sindicato), criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por tratar a doença com descaso e ressaltou a falta de protocolos e os cortes promovidos pelo governo federal contra a educação.

“De acordo com a portaria, as instituições devem adotar um protocolo de biossegurança. No entanto, não há um único modelo estatístico ou protocolo sanitário capaz de garantir a vida dos estudantes, dos profissionais que atuam nas instituições de ensino e de seus familiares. Causa estranheza falar em protocolo sendo que o próprio Governo Federal anunciou cortes orçamentários para despesas básicas nas universidades para o próximo ano. Ou seja, na prática, a portaria do MEC significa colocar milhões de brasileiros em situação de risco para o coronavírus”, disse a entidade.

O Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em educação das Instituições Federais de Ensino Superior (SINT-IFESgo), também se posicionou contra a medida, afirmando que o governo federal desconsiderou a autonomia universitária.  

“Este governo, desde o início, fez pouco caso dessa doença nefasta que em nosso país já ceifou mais de 170 mil vidas, despreza os procedimentos e orientações dos especialistas e organismos internacionais para o combate a proliferação da doença e já anuncia que para 2021 não haverá vacinas suficientes para toda a população. Desconsidera ainda a autonomia universitária e os conselhos superiores de nossas instituições, que já decidiram pela continuidade do ensino remoto até que aconteça a vacinação em massa da população”, ressaltou o SINT-IFESgo.

O Diretório Central dos Estudantes da UFG (DCE-UFG), ressaltou que as aulas devem voltar apenas quando houver vacina para o coronavírus. “Aulas presenciais somente com a VACINA e apoio de especialistas da área da saúde! Por fim, reiteramos nosso posicionamento contrário à decisão do MEC, que sequer passou por debates nas Universidades. Defendemos a educação pública, gratuita e de qualidade”.

Com infomações de CNN.