OBSESSÃO

Médica suspeita de mandar matar farmacêutica para ficar com criança mantinha quarto com bebê reborn

Claudia Soares também responde a processo por sequestrar recém-nascida em maternidade

Médica suspeita de mandar matar farmacêutica para ficar com criança mantinha quarto com bebê reborn
Médica suspeita de mandar matar farmacêutica para ficar com criança mantinha quarto com bebê reborn (Foto ilustrativa: Pixabay)

A neurologista Claudia Soares Alves, que, em 23 de julho de 2024, se passou por pediatra e sequestrou uma recém-nascida da maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), tinha obsessão por ser mãe de menina. Presa em Itumbiara nesta quarta-feira (5), suspeita de participação na morte de uma farmacêutica em 2020 para ficar com a criança dela, também no município mineiro, a mulher mantinha um quarto decorado, com berço, uma bebê reborn dentro, além de roupas infantis, conforme o delegado Eduardo Leal à TV Anhanguera.

“Ela tentou adoções fraudulentas com documentos falsos, tentou comprar um bebê no estado da Bahia e sequestrou uma recém-nascida, tirando a bebê do colo da mãe”, lembrou. A mulher também tentou fertilizações para engravidar, mas não teve sucesso. Sobre o caso que lhe rendeu a prisão temporária, o crime ocorreu quando a vítima chegava ao local de trabalho. Outros dois homens também foram presos. A farmacêutica Renata Bocatto Derani, de 38 anos, foi baleada com pelo menos cinco tiros, em novembro de 2020, no bairro Presidente Roosevelt.

Cláudia teria se envolvido com o ex-marido da vítima. O crime ocorreu, pois a farmacêutica proibiu o homem de ver a filha deles enquanto estivesse com a médica, após ela tentar assumir a maternidade da criança, conforme o delegado. “A Cláudia certamente entendeu que ceifando a vida da vítima seria mais fácil dela conseguir assumir esse poder familiar. Ficou apurado que ela contou com o apoio do vizinho e do filho [dele]”, disse à reportagem.

Os três foram presos após a Justiça emitir mandados de prisão temporária, que podem ser prorrogados por 30 dias e convertidos em preventiva. Conforme o delegado, eles serão encaminhados para Uberlândia. Os dois suspeitos não tiveram as identidades divulgadas.

Cláudia já respondia por falsidade ideológica e tráfico de pessoas. Ela chegou a ser presa, mas foi colocada em liberdade para responder ao processo. O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa da mulher. O espaço segue aberto, caso haja interesse.

Prisão e soltura de Claudia Soares

A neurologista Claudia Soares Alves, se passou por pediatra e sequestrou uma recém-nascida da maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) em em 23 de julho de 2024. Presa à época, ela foi solta pela Justiça de Goiás após oito meses. A liberação ocorreu 25 de março deste ano, quando o alvará foi cumprido na Unidade Prisional Regional Feminina de Orizona.

Indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica

Claudia foi indiciada em agosto de 2024 pelos crimes de falsidade ideológica e tráfico de pessoas. Ela foi encontrada com a bebê em Itumbiara (GO), a 135 km de Uberlândia, um dia após sequestrá-la da maternidade do HC-UFU.

De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, o indiciamento foi baseado em depoimentos, imagens do crime e na apreensão da recém-nascida na casa da médica em Itumbiara. “Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite, disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois, eu vi que a minha menina não voltava, e aí percebemos que ela tinha sido levada”, relatou Édson Ferreira, pai da criança.

Sequestro com identidade falsa

Claudia Soares Alves entrou na maternidade vestida com jaleco, luvas e máscara, além de portar um crachá da UFU. Ela era docente da Faculdade de Medicina da universidade e tinha acesso ao hospital. A médica se apresentou como pediatra e levou a bebê sob o pretexto de alimentá-la. Em seguida, saiu do hospital carregando a criança e seguiu até seu carro.

Durante as investigações, a polícia descobriu que, enquanto mantinha a recém-nascida escondida em sua mochila, Claudia conversava com o pai da criança e com funcionários do hospital, afirmando que a bebê estava sendo alimentada por uma enfermeira.

Defesa alega surto psicótico

Horas após o crime, Claudia Soares Alves foi presa pela Polícia Civil em Itumbiara. Em depoimento, ela alegou que estava em “surto psicótico” e havia tomado medicação controlada. A defesa da médica sustenta que a questão deve ser resolvida no incidente de insanidade já em andamento na Justiça.

Além disso, a Polícia Civil revelou que Claudia estava cadastrada no Sistema Nacional de Adoção e possuía aptidão psicológica favorável para adotar uma criança, conforme documentação apresentada por ela no processo.