Morre em Goiânia Beto Villa Verde, uma das pessoas com Down mais longevas do Brasil
Ele tinha 76 anos, 16 anos a mais que a expectativa de vida média de pessoas com essa condição
José Roberto Monteiro Villa Verde, conhecido como Beto Villa Verde, morreu na última sexta-feira (28), em Goiânia, aos 76 anos. Ele tinha síndrome de Down e superou significativamente a média de vida para quem tem a condição, que é de 60 anos. Ele foi velado na Primeira Igreja e sepultado no Cemitério Parque Memorial, na GO-020, saída para Bela Vista.
Dados da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down apontam uma crescente busca por tratamentos precoces, estimulação cognitiva e acompanhamento clínico contínuo. Conforme a organização, esses fatores têm contribuído para a longevidade da população com a condição. Profissionais da área reforçam que o fortalecimento dos vínculos familiares e a inclusão nas atividades sociais também são decisivos.
Segundo a irmã e principal cuidadora de Beto, Ângela Villa Verde, ele esteve inserido na rotina da família durante toda a vida. “Ele sempre participou da nossa vida, do nosso cotidiano. Ele participou de todas as coisas. Eu o levava para o shopping, nós viajávamos, e onde eu ia, ele estava sempre comigo. Isso foi muito importante para ele, por ser tão amado e respeitado durante todo esse tempo em que esteve sob os meus cuidados.”
Ainda segundo ela, a convivência também a impactou. “Na verdade, eu aprendi muito com ele, sabe? Aprendi a fazer uma leitura de um menino com síndrome de Down, um menino que chegou aos 76 anos. Ele era extremamente amoroso, e isso também me ajudou a me aperfeiçoar como ser humano. Sempre houve a importância da família de aceitar, de acolher e de amá-lo exatamente como ele era.”
Avanço em duas gerações
Conforme o estudo publicado no periódico científico European Journal of Public Health, a expectativa de vida de pessoas com Down subiu 400% nas últimas duas gerações. Ela foi de 12 para 60 anos.
A pesquisa atribui a melhora aos avanços na medicina, como métodos de diagnóstico de problemas cardíacos precoces e técnicas cirúrgicas; avanço no conhecimento médico sobre a condição; maior acesso aos serviços de saúde e a ampliação das políticas de inclusão.
Sobre a síndrome, trata-se de uma condição causada pela presença de três cromossomos 21 (ao invés de dois). Esta ocorre de forma aleatória na hora da concepção. A idade da mãe é o principal fator de risco.
Vale citar que, conforme estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a condição ocorre em um a cada mil nascimentos.