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Motorista suspeito de estupro foi procurado pela suposta vítima por meio do Facebook

Suspeito de estuprar e ter mantido uma jovem de 20 anos em cárcere privado no…

Suspeito de estuprar e ter mantido uma jovem de 20 anos em cárcere privado no Jardim Petrópolis, em Goiânia,  um motorista Uber de 26 anos foi liberado sem autuação em flagrante na tarde de quarta-feira (31). Ele foi levado à Central de Flagrantes, mas foi liberado após prestar esclarecimentos. A vítima, que também foi ouvida, afirmou tê-lo conhecido durante uma corrida iniciada no último dia 23/10, por meio do aplicativo, e, à polícia, reconheceu ter partido dela a iniciativa para reencontrar o rapaz através do Facebook.

De acordo com a titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Ana Elisa Gomes Martins, o caso será repassado à 2ª Deam, responsável pela região onde teria ocorrido o suposto crime. Para Ana Elisa, até agora, o caso é complexo, apresenta inconsistências e, como a situação só foi comunicada à polícia várias horas depois encontro com o suspeito, a delegada plantonista pode ter considerado a “deterioração da situação de flagrância”, para optar por não manter o indivíduo encarcerado.

Conforme expõe Ana Elisa, entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que o relato de uma vítima de crimes de violência doméstica e/ou sexuais deve ter muita relevância, uma vez que estes não são praticados diante de testemunhas. “É isso que adotamos, muito embora tenhamos que considerar a importância do que a vítima nos informou, o ponto primordial para a dispensa dele – acredito – foi a descaracterização da situação de flagrância. Porque o fato só foi comunicado muitas horas depois, quando ela já tinha chegado em casa, e com comportamento alterado acabou revelando a história à mãe, que chamou a polícia”.

Consta nos registros que eles se encontraram pela primeira vez durante uma corrida de aplicativo no dia 23/10. A vítima revelou que no mesmo dia conseguiu encontra-lo e o adicionou como contato no Facebook. Entretanto, o motorista só teria notado a solicitação na terça-feira (30), quando ambos passaram a conversar por WhatsApp. “Ela afirmou ter aceitado sair com ele naquela data, mas negou ter consentido com a prática sexual. Assim, alegou ter sido violentada e mantida trancada na casa dele até a manhã do dia seguinte, quando teria sido liberada”, sublinha a delegada.

O motorista, por sua vez, confirmou que a mulher o contatou, reconheceu a existência do encontro e afirmou que a relação sexual ocorreu de forma voluntária entre ambos em sua casa. “O procedimento está bem instruído, temos prints de conversas nos aplicativos. Porém, o laudo emitido pelo Instituto Médico Legal  (IML), que examinou a vítima, foi inconclusivo para agressão sexual, ou seja, não nega e nem atesta que existiu estupro. Então, não é possível confirmar e nem negar o caso. Não temos nada definido”.

Segundo Ana Elisa, até o momento, só os envolvidos foram ouvidos. “Com base no que temos, foi iniciado um inquérito, o qual a delegada terá 30 dias para concluir. Mais declarações podem ser colhidas, mas dentro desse prazo”, reforça.

O Mais Goiás tentou contato com a defesa do motorista, que não respondeu às solicitações de entrevista até o fechamento desta matéria. A redação também tentou falar com a titular da 2° Deam, Cássia Costa Sertão, mas as ligações não foram completadas.