CRIMINALIDADE

MP-GO denuncia Bozo, Tenebroso, Maresia e mais 54 pessoas por lavagem e tráfico

MP-GO afirma que os três lideraram uma facção criminosa de Goiás chamada 'Amigos do Estado', vinculada ao PCC

MP-GO denuncia Bozo, Tenebroso, Maresia e mais 53 pessoas por lavagem e tráfico (Foto: MP-GO)
MP-GO denuncia Bozo, Tenebroso, Maresia e mais 53 pessoas por lavagem e tráfico (Foto: MP-GO)

Bozo, Tenebroso e Maresia são apelidos de três das 57 pessoas que foram indiciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) na última sexta-feira (12) por lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e outros crimes, como uso de documento falso. Eles são suspeitos de fazer parte de uma facção criminosa goiana chamada ‘Amigos do Estado’, vinculada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Maresia, cujo nome é Pedro Henrique Pascoal dos Santos, Tenebroso (Nilsomar Danilo Gomes) e Bozo (John Kley Pascoal de Souza) são apontados pelo promotor de Justiça Juan Borges de Abreu, titular da 99ª promotoria, como líderes da organização. Maresia coordenava a distribuição de drogas em Goiás e atribuía funções específicas aos integrantes da facção, além de promover a lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada. Já “Tenebroso” atuava no sistema prisional, mantendo negociações de entorpecentes e coordenando a distribuição aos demais membros.

O MPGO apurou que a organização criminosa mantinha um núcleo financeiro que movimentou mais de R$ 14 milhões entre julho de 2023 e maio de 2024, por meio de mais de 3 mil transações financeiras.

Os acusados utilizavam empresas de fachada para ocultar valores de origem ilícita. Entre elas, destacou-se a Souza Serviços Administrativos Ltda., com nome fantasia “Dr. Exame Araguaína”, que movimentou mais de R$ 25 milhões em apenas dois meses.

A denúncia aponta ainda que Carlos Alberto Francisco de Souza e César Pablo da Mota forjaram documentos para assumir a titularidade da empresa e administrá-la com o objetivo de lavar dinheiro do tráfico. Outras empresas também foram usadas com a mesma finalidade, como a R. da S Pinto Ltda. e a Evolution Informática.

Investigação foi marcada por apreensões e flagrantes

O MPGO destaca na denúncia múltiplas apreensões de entorpecentes realizadas durante as investigações. Em um único flagrante, foram apreendidos mais de 14 quilos de pasta base de cocaína e mais de 20 quilos de maconha, além de quantias expressivas em dinheiro.

Maxsuel Alves da Silva, associado aos líderes da facção, foi flagrado mantendo essas drogas na posse de sua companheira, Isy Monique Ramos Pinheiro. Os entorpecentes estavam identificados com o selo do Leão, símbolo usado pela organização.

Outro acusado, Anderson Anselmo Vieira, o “Sorriso”, foi surpreendido com R$ 234 mil em espécie, valor reconhecido por “Maresia” como “dinheiro da firma”, proveniente da atividade criminosa.

Operadora financeira foi presa na Europa

A principal operadora financeira da facção, Francielly Coelho de Paiva, estava foragida e escondida na Europa. Ela foi presa pela Interpol em Portugal e deportada para o Brasil em razão de dois mandados de prisão preventiva expedidos nas operações Corrosão e Portokali.

O MPGO requereu a manutenção das prisões preventivas dos acusados já presos e a decretação de novas prisões para Robert Alves dos Santos, David da Silva Rodrigues, Elias Souza Moreira e Romário da Silva Pinto, por entender que a medida é necessária para garantir a ordem pública e interromper as atividades da organização.

O Ministério Público também solicitou o sequestro e a alienação antecipada dos veículos apreendidos, visando preservar seu valor e garantir o confisco do patrimônio obtido ilicitamente.

Por fim, o MPGO pediu a condenação dos 57 acusados e a fixação de valor mínimo de R$ 100 milhões para reparação de danos morais coletivos.

A denúncia foi encaminhada à Segunda Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores da Comarca de Goiânia. Ela se baseia em provas coletadas na Operação Corrosão, deflagrada a partir de investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), e em duas operações anteriores: a Operação Ferrolho, já sentenciada, e a Operação Portokali, da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas (Draco).