DIA MUNDIAL DO CÂNCER

“O toque das minhas mãos me salvou”, diz mulher que descobriu câncer ao fazer autoexame

Sobreviventes e especialista ressaltam a importância da prevenção constante no combate à doença

Primeira imagem: Sheila Penna durante o tratamento | Segunda imagem: dias atuais (Foto: Arquivo pessoal - Reprodução)

“O toque das minhas mãos me salvou”. Essa é a frase que resume a trajetória da cantora e funcionária pública Sheila Penna, diagnosticada com câncer de mama aos 43 anos, em 2015. Hoje, aos 50 anos, ela está curada e faz questão de contar a sua história para incentivar outras mulheres e homens a fazerem prevenção diária – iniciativa que ganha mais relevância neste 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer.

Naquele ano de 2015, Sheila fez o autoexame deitada, enquanto descansava, e notou que havia algo errado com a mama direita – embora a mamografia feita há menos de um ano não tivesse detectado qualquer indício de problema. Com medo, ela foi ao médico e fez exames que constataram que o nódulo encontrado era maligno.

A cantora revelou que não teve dores e que o caroço era muito pequeno, mas ela não deixou de procurar um médico para realizar a avaliação. Como o tumor foi descoberto no inicio, a doença não se desenvolveu e ela não teve metástase.

Por isso, Sheila diz que se prevenir continua sendo o melhor remédio. “A prevenção é o mais importante, porque eu fazia os exames anuais e eu sempre fiz o autoexame da mama”.

Hoje, ela está totalmente curada e continua o tratamento para evitar a reincidência da doença.

Fatores de risco: consumo e preconceito

Rodrigo Nogueira Fogace, médico oncologista clínico e responsável técnico hospital Albert Einstein de Goiânia, revela que o estilo de vida e fatores genéticos são os principais causadores de câncer. No entanto, explica que a minoria dos casos é provocada por herança biológica. “A minoria dos casos são explicados por causas genéticas. Então, devemos focar nos hábitos e estilo de vida. Os principais fatores de risco ainda são: tabagismo ativo e passivo, obesidade, consumo de álcool, ingestão excessiva de produtos industrializados (principalmente carnes e embutidos)”, alerta.

O médico relatou que, em mulheres, o câncer de mama é o mais frequente. “São mais de 66 mil casos por ano no Brasil. A prevenção também passa por hábitos saudáveis, atividade física, combate à obesidade, amamentar os filhos e não se expor a reposições hormonais e anabolizantes”.

Já em homens, o câncer de próstata é o mais comum e responsável por mais de 65 mil casos por ano no país. “Ele é menos agressivo do que o câncer de mama nas mulheres, mas, como os homens deixam de fazer os exames de rotina devido ao “medo” do exame de toque, muitas vezes o tumor é diagnosticado de forma mais avançada, impossibilitando a cura”, explica Rodrigo Nogueira.

“Prevenção é a melhor estratégia”

O médico ressaltou que os exames de rotina são muito importantes, pois permitem diagnosticar o câncer quando ele ainda está no estágio mais inicial possível.

“É o exato momento em que a tentativa de cura é muito efetiva, trazendo poucos efeitos colaterais. Isso evita que o paciente fique com alguma sequela dos tratamentos e ainda tem um aumento de chances de ser curado. Por isso, essa é a melhor estratégia”, conta.

Curada duas vezes do câncer

Osália Maciel Cardoso, de 44 anos, descobriu o câncer pela primeira em 2012, quando viu algumas ínguas na sua virilha. À época, ela foi diagnosticada com um linfoma – um tipo de tumor no sistema linfático. Ela precisou passar por cerca de 28 sessões de quimioterapia. Em abril de 2013, durante o seu tratamento, ela faz um transplante de medula óssea autólogo (quando células-tronco do próprio paciente são coletadas e utilizadas para o seu tratamento). Após o procedimento, ela foi curada.

Em 2018, poré, Osália descobriu novos nódulos em uma consulta de acompanhamento. “O meu médico imaginou que seria outro tipo de linfoma, pois a chance do mesmo voltar seria de 1%. Mas, infelizmente, os resultados dos exames nos mostraram que era o mesmo – coisa muito rara de acontecer. Então, iniciei o tratamento em 2019. Foram 6 ciclos de quimioterapia com 3 sessões cada”.

Após o tratamento, ela foi curada novamente. Porém, em maio de 2021, ela precisou fazer outro transplante de medula óssea. Desta vez, ela precisaria de um doador.

“Meus irmãos fizeram o exame. Com os resultados em mãos, levamos ao médico e descobrimos que somente um, Adão Maciel, de 50 anos, era 100% compatível”.

Osália e seu irmão que foi seu doador de medula óssea (Foto: Arquivo pessoal)

O médico pediu que ela passasse pelos exames e descobriu nódulos em atividade. Dessa forma, antes do transplante, ela teria que passar por outras sessões de quimioterapia. Em março de 2022, ela recebeu o transplante de medula.

Osália após receber o transplante (Foto: Arquivo pessoal)

Hoje, Osália, que se viu tratando a doença por duas vezes, está totalmente curada e faz um alerta para que todos se previnam:

“Hoje estou muito bem. Essa é a foto mais recente com minha família (meu esposo à minha esquerda, meu filho, filha e genro à direita). Me sinto uma nova mulher. Meu emocional está bem mais fortalecido, com uma fé inabalável em nosso Pai, com muita gratidão”, finalizou.