‘Ótima pessoa e trabalhador’: sobrinho lamenta morte do tio em abordagem da PM
"Desde a morte de minha avó, não usava mais a medicação", diz Pietro ao revelar que o tio era esquizofrênico

O estudante Pietro Ribeiro, 21, sobrinho de Bruno Alexandre Ribeiro, homem que teve um suposto surto e morreu após ser baleado pela Polícia Militar (PM), na noite de domingo (9), em Goiânia, disse que o tio era ótima pessoa e muito amado, além de trabalhador. Ele preferiu não dar detalhes sobre o ocorrido, mas contou mais sobre o parente.
Segundo Pietro, o tio, de 48 anos, tinha diagnóstico de esquizofrenia. “Era evangélico, mas, desde a morte de minha avó, não usava mais a medicação.” A mãe de Bruno faleceu há cerca de dois anos.
“Em dezembro, ele teve um surto e chamamos o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a polícia, e ele foi internado. Ele deixou a clínica, mas não fez mais uso dos medicamentos”, disse o sobrinho. Segundo ele, no domingo, o tio não falava “coisa com coisa” durante a crise. “Chamamos novamente a polícia e o Samu, mas a PM chegou primeiro. Mas fora esse surto, sempre foi uma ótima pessoa, trabalhador.”
Amiga
A estudante de fisioterapia Heloise de Sousa, 28, era amiga de Bruno. Foi vizinha dele por muitos anos e aprendeu a tocar teclado com ele. “Eu pulava o muro para brincar com os sobrinhos dele.” Segundo ela, o amigo tinha o diagnóstico de esquizofrenia e sempre foi tratado pela mãe, que faleceu há menos de dois anos, aumentando os quadros de crise. Ele não tinha filhos.
“Você pode conversar com qualquer pessoa sobre o Bruno e as respostas serão as mesmas: era uma pessoa muito querida por todos.” Segundo ela, o amigo sempre “sempre perguntava os porquês, pedia por favor, tinha cuidado e comemorava cada conquista”.
A igreja que frequentava – junto também do pai – e tocava, fica no setor Jardim Nova Esperança. Sobre o o suposto surto, Heloise acredita que teve influência na perda da mãe. Ela disse que o velório será nesta terça-feira (11), às 6h. O enterro às 10h. Os detalhes não foram repassados.
Versão da polícia
Antes de ser atingido com um disparo de arma letal, Bruno Alexandre Ribeiro foi atropelado e alvejado com dois tiros de munição de borracha. Ainda assim, segundo a corporação, ele partiu para cima dos policiais, armado com uma faca.
Familiares de Bruno acionaram a corporação e informaram que ele estava tentando matar o pai e parentes no Jardim Nova Esperança. Quando chegaram no local, militares do 13º BPM encontraram o homem em surto, batendo com a faca no portão de uma residência.
Conforme a PM, além de não atender à ordem para que se rendesse, Bruno ameaçou os policiais e partiu para cima deles com uma faca. Um vídeo registrado por uma testemunha mostra quando uma viatura da PMsobe na calçada e atinge o homem.
Posteriormente, é possível ouvir o barulho de três disparos. Dois dos tiros, segundo a corporação, foram disparados com munição não letal, conhecida como elastômetro. Mesmo atingido, Bruno, ainda conforme o relato da corporação, partiu para cima de um dos policiais, que efetuou um disparo de pistola calibre 9 milímetros.
Baleado, o homem caiu no chão e foi socorrido ainda com vida. Ele foi encaminhado ao Cais do Bairro Goiá, onde morreualguns minutos depois.