Caso de mulher internada à força em Goiânia é pelo menos o 2º no ano
Niurica Ribeiro Vinhal denunciou o caso à corporação em janeiro deste ano
Outra mulher alega ter sido internada forçadamente na clínica psiquiátrica de Goiânia, que foi alvo da Polícia Civil por caso semelhante na quinta-feira (14). O estabelecimento, que atende dependentes de álcool e drogas, fica no setor Chácaras Recreio Samambaia, próximo à UFG. Niurica Ribeiro Vinhal denunciou o caso à corporação em janeiro deste ano.
A TV Anhanguera teve acesso ao inquérito e também conversou com a vítima. O namorado de Niurica foi quem procurou a delegacia, em 22 de janeiro. Ela havia pedido medidas protetivas contra o ex e, no mesmo dia, homens armados a levaram para a clínica.
“Um cara armado, que é irmão do dono da clínica, rendeu o Henrique [namorado] e outros dois homens me pegaram e me forçaram a entrar no carro. Disseram que queriam conversar e eu dizia que não precisava entrar no carro. E minha mãe do lado, dizendo que eles só queriam conversar”, relatou a mulher à reportagem.
A mãe da vítima foi intimada e defendeu o ex-namorado da mulher, assumindo a responsabilidade pela internação. A vítima alegou que não tinha boa relação com ela.
Cinco meses após o caso, a polícia concluiu que a mãe participou com o investigado para internar a filha. Já o suspeito disse que recebeu o pedido da sogra. O proprietário da clínica, por sua vez, afirmou que o irmão dele levou a vítima de forma voluntária.
O ex-namorado foi indiciado por injúria, invasão de domicílio, cárcere privado e lesão corporal leve, enquanto o dono da clínica por cárcere privado e o irmão dele por lesão corporal leve. Com a nova operação, os dois últimos responderão por novos crimes, conforme a PCGO.
Operação recente
O caso de quinta-feira foi motivado pela internação de uma mulher à força pela própria mãe para que não comparecesse a uma audiência e assim comprometesse o andamento de um processo judicial de interesse familiar, em Goiânia, disse a Polícia Civil. A situação ocorreu em maio e ela ficou 24 horas presa no local, até que foi resgatada por policiais e uma advogada, ambos acionados pelo marido dela, que registrou o desaparecimento e percebeu que o carro da cunhada estava próximo à casa deles no dia do sumiço.
Mas sobre a ação, a PCGO cumpriu seis mandados de prisão e dois de busca e apreensão por suspeita de sequestro, privação da liberdade e lesão corporal. Uma irmã da vítima também teria participado da iniciativa criminosa.
Durante a operação, a Polícia Civil encontrou mais de 40 mulheres no local. Muitas disseram que foram internadas na clínica de forma compulsória, sem consentimento.
Além dos mandados judiciais, o estabelecimento também teve suas atividades econômicas suspensas por suspeita de associação criminosa. Ainda sobre esta vítima, ela teria ficado internada devido a uma disputa judicial por imóvel, como mencionado.
Prisão de quinta-feira
Foram presos o dono da clínica, Leonardo Carneiro, e o irmão dele, Christiano Carneiro, a enfermeira e gerente do local, Rosane Oliveira, e a funcionária Andiara Costa. Os crimes são de associação criminosa, cárcere privado, sequestro e lesão corporal.
A corporação apurou, ainda, que Christiano cobrava R$ 500 para fazer essa “captura” dos pacientes. A irmã e a mãe da vítima vão responder por sequestro e furto, pois levaram um computador da casa da vítima.
A clínica informou por nota à TV Anhanguera que o local está em condições legais para continuar atendendo. O Mais Goiás mantém o espaço aberto para todos que tenham o interesse de se manifestar.