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Pais fazem abaixo-assinado contra volta de aluno que cometeu atentado em escola de Santa Tereza de Goiás

Dois colegas e uma professora ficaram feridos, à época

Pais fazem abaixo-assinado contra volta de aluno que cometeu atentado em escola de Santa Tereza de Goiás
Pais fazem abaixo-assinado contra volta de aluno que cometeu atentado em escola de Santa Tereza de Goiás (Foto: Arquivo)

Pais de alunos do Colégio Estadual Dr. Marco Aurélio, em Santa Tereza de Goiás, fizeram um abaixo-assinado para que o Ministério Público impeça o retorno de um estudante à instituição. O documento de segunda-feira (15) cita que o jovem, cuja matrícula para a 3ª série do Ensino Médio no ano letivo de 2026 teria sido feita pelo pai, é o autor de um ataque com bombas caseiras e arma branca na unidade há cerca de dois anos. Dois colegas e uma professora ficaram feridos, à época.

No documento que já tinha assinatura de 20 pais da mesma série, eles alegam que a presença do aluno é um “risco concreto à segurança coletiva”, além de gerar pânico entre a comunidade escolar. Ainda conforme os responsáveis, seus filhos estão com medo e com sentimento de insegurança. Há relatos, inclusive, de estudantes que cogitam levar objetos para defesa pessoal. O texto foi encaminhado à Promotoria de Justiça da Comarca de Estrela do Norte.

O texto ainda expõe a existência de uma medida protetiva que envolve o jovem e sua mãe, por motivo de agressão, em Montividiu do Norte. “Diante desse contexto, mediante o fato do aluno mencionado ter retornado à cidade e ter sido matriculado pelo pai novamente na mesma escola em que cometeu o ato, na presente data para cursar a 3ª série do Ensino Médio no ano letivo de 2026, esclarecemos que não se objetiva punição, tampouco a violação dos direitos do estudante envolvido, mas sim a adoção de medidas protetivas eficazes, tanto para ele quanto para os demais alunos.”

O Mais Goiás não conseguiu contato com o pai do jovem. A mãe de um dos alunos da escola, contudo, disse ser a favor do estudante voltar. Sobre o abaixo-assinado, ela reforçou que “todos merecem uma segunda chance”. Disse, ainda, que talvez ele tenha sofrido bullying na época e ninguém ligou para o sofrimento dele. “Agora ele é um rapaz e tem outros pensamentos”, acredita.

“Se um filho erra é certo expulsá-lo de casa? Jogar na rua não seria pior? Temos que acolher com amor e carinho. Esse é o meu modo de pensar”, declarou. Outras mães procuradas não quiseram comentar o assunto.

O portal também procurou o Ministério Público de Goiás e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). A pasta estadual se manifestou por nota. Confira:

“Em atenção à solicitação de informações sobre matrícula de estudante oriundo do sistema socioeducativo, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) esclarece e responde:

  • A matrícula do estudante para o ano letivo de 2026 já foi feita, conforme determinação legal e direito inequívoco do jovem;
  • Importante destacar que o estudante, antes de se matricular em unidade escolar em Santa Tereza de Goiás, foi aluno da rede pública estadual, em outra cidade, por dois anos consecutivos, não havendo qualquer registro que desabone seu comportamento durante as aulas e ou atividades escolares;
  • A Seduc/GO também ressalta que, o estudante, após a ocorrência que o levou ao sistema socioeducativo, cumpriu, entre outras determinações, a frequência à escola, tendo, inclusive, alcançado boas notas e a aprovação para as séries seguintes;
  • Assim exposto, a Secretaria Estadual da Educação, para além de assegurar a matrícula do aluno e garantir a continuidade de seus estudos, busca contribuir com todo o trabalho já desenvolvido por autoridades do Conselho Tutelar, Juizados, do Ministério Público, entre outros órgãos, diretamente responsáveis pela plena formação da cidadania do referido estudante.

Atentado

Em abril de 2023, um garoto de 13 anos esfaqueou dois colegas e uma professora do Colégio Estadual Dr. Marco Aurélio, em Santa Tereza de Goiás. Na ocasião, ele foi dominado por faxineiro e servidores da instituição e disse que era vítima de bullying.

O menino entrou na instituição armado com machadinha, facas, estilete e bombas caseiras. De acordo com o relato naquele momento, a intenção era fazer o máximo de vítimas possível. O faxineiro usou uma cadeira para dominar o garoto, que seguia para o auditório do colégio, onde pretendia utilizar os explosivos.

Depois de apreendido e já na delegacia, o agressor admitiu ter aprendido a fabricar os artefatos por meio de vídeos na internet. Ele também afirmou que consumia vídeos de ataques semelhantes na internet. As vítimas foram socorridas e não correram visco de vida.