Pastoral da Terra demite funcionárias que denunciaram assédio, em Goiânia
Funcionárias demitidas da Pastoral denunciaram ex-coordenador em carta publicada no dia 4 de novembro de 2024

Duas funcionárias da Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), com sede em Goiânia, que assinaram no dia 4 de novembro de 2024 uma carta de denúncia que relatava “ações misóginas, racistas e autoritárias” supostamente praticadas por um coordenador do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc) foram demitidas no dia 28 de maio.
As funcionárias, as mais antigas do setor de documentação e que ajudaram na elaboração da carta, tiveram suas demissões justificadas “por razões de contingenciamento de gastos e devido à necessidade de reestruturação do setor”.
A CPT afirmou que as demissões “foram formalizadas com o devido pagamento dos direitos trabalhistas inerentes a situações de ‘demissões sem justa causa’, conforme conceito jurídico largamente conhecido, que corresponde a situações em que não há qualquer espécie de punição implicada.”
Como publicado pelo Mais Goiás em novembro passado, o documento assinado por várias funcionárias da CPT e enviado à Comissão de Ética da Pastoral, apontava que em 2024 foram 2.951 textos de ocorrências de conflitos inseridos no banco de dados da CPT, sendo 2,5 mil por mulheres trabalhadoras do Cedoc. Os relatos presentes na carta indicam que elas teriam sofrido “assédio moral sistemático” do antigo coordenador entre 2021 e 2024.
Em determinado trecho a carta de denúncia diz que o coordenador em questão “desqualifica as companheiras, em diversas situações, publicamente, afirmando-as como incapazes de realizarem determinadas tarefas e atribuindo qualquer erro ou atraso, das atribuições da própria coordenação do setor, como decorrência da incapacidade ou da falta de esforços dessas mulheres.”
Na ocasião da publicação da carta de denúncia, a CPT disse ao Mais Goiás que iria “tomar todas as medidas para garantir um ambiente de trabalho saudável e acolhedor para todas as pessoas.” Desde então, o coordenador foi afastado do cargo.
Confira o comunicado da Pastoral na íntegra:
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade de cunho religioso e sem fins lucrativos fundada em 1975, possui a missão de denunciar injustiças e acompanhar comunidades camponesas, povos da terra, das águas e das florestas, trabalhadores e trabalhadoras rurais em suas lutas pela efetivação dos direitos humanos no Brasil e contra todas as formas de exploração e violências.
Ressaltando seu compromisso histórico com a luta dos povos, a CPT repudia as notícias difamatórias veiculadas nos últimos dias em redes sociais que atentam contra sua história.
Mesmo entendendo que a questão trazida não é de interesse público, a CPT comunica que as demissões realizadas se deram por razões de contingenciamento de gastos e devido à necessidade de reestruturação do setor. Como entidade gestora, tem autonomia para gerir o seu quadro de funcionários. No que diz respeito às demissões, elas foram formalizadas com o devido pagamento dos direitos trabalhistas inerentes a situações de “demissões sem justa causa”, conforme conceito jurídico largamente conhecido, que corresponde a situações em que não há qualquer espécie de punição implicada.
A CPT trata as denúncias realizadas em âmbito interno com cuidado e seriedade, razão pela qual possui uma Comissão de Ética competente para apurar os fatos e recomendar decisões pautadas pelos princípios e objetivos da organização. Também conta com assessoria jurídica, encarregada de prestar orientação para que a CPT sempre observe as legislações trabalhistas em quaisquer situações. Todas as denúncias são recebidas e apuradas sem promover a exposição dos envolvidos ou dos fatos ocorridos.
Goiânia, 5 de junho de 2025.
Comissão Pastoral da Terra