Piloto de Anápolis que teve dados roubados sofre com ações e até bloqueio de R$ 60 mil
"Em algumas contas, o dinheiro estava zerado e em outras eu não podia movimentar"

O empresário e piloto de Anápolis, Filipe Micael Silva, de 28 anos, enfrenta, há cerca de dois anos, problemas com a Justiça após Marcos Alexandre Santos Sussi, conhecido como o “estelionatário do amor”, utilizar os documentos dele para aplicar golpes, o que culminou em bloqueios bancários com penhoras de até R$ 60 mil. O acusado foi preso no último dia 20, em Santa Maria da Boa Vista (PE), o que parece uma luz no fim do túnel para a vítima, que desde o começo da situação tenta provar que teve seus dados clonados.
Ao Mais Goiás, Filipe disse que os problemas começaram em maio de 2023, quando ele foi trocar de carro. “Na troca do veículo, quando eu fui pagar a diferença, percebi que minhas contas estavam bloqueadas, que eu não tinha dinheiro em conta. Em algumas contas, o dinheiro estava zerado e em outras tinha dinheiro, mas estava bloqueado e eu não podia movimentar”, explicou. O empresário revela que, então, contactou o advogado e descobriu um processo que uma moça na Bahia moveu contra ele, com valor da causa de R$ 72 mil por ressarcimento de um prejuízo que ela teve. “Ela tinha meu nome, meu CPF, mas a foto do golpista que se passava por mim. Desde então, as minhas contas foram bloqueadas.” Ele explica que também entrou na Justiça para sanar essa situação e, com a prisão do criminoso, acredita que vai ganhar a causa.
Questionado sobre os impactos na vida que ele sofreu, ele citou que soube de outras duas meninas que sofreram golpes do sujeito. “Me parece que são mais de 20. O impacto na minha vida foi muito grande, um atraso financeiro, um abalo emocional. Ele dando golpes, usando meu nome e meus dados… Então, até a prisão, foram dois anos muito desgastantes, uma insegurança de saber que tem alguém se passando por você. Não saber quantos vão aparecer para te processar.”
Defesa
Advogado do piloto, João Victor Salgado disse que, com a prisão, protocolou à Justiça um pedido para liberar as contas bancárias do cliente, bem como a anulação das acusações. “O criminoso aplicou diversos golpes em inúmeras pessoas utilizando os dados do cliente. Não sabemos, ainda, quantas vítimas foram ao total e o teor dos golpes, mas, ao menos, com ele preso, temos a certeza de que novas vítimas não surgirão. Quanto ao processo, Filipe teve a vida abalada e precisou se socorrer de familiares, já que todas as suas contas foram bloqueadas e, por ordem judicial, foram penhorados mais de R$ 60 mil em suas contas”, lembra.
João Victor reforça que atua para provar que Filipe não tem nenhuma relação com os crimes. Questionado sobre o vazamento dos dados do piloto, ele diz que a “suspeita é que tenha ocorrido, inicialmente, pela escola de aviação e, depois, por meio de plataformas que disponibilizam dados pessoais. Mas essa é uma informação que deverá ser confirmada pela Polícia, que já abriu um inquérito para apurar o caso”.
Ainda segundo ele, a situação mostra o quão o Brasil é frágil na proteção de dados. “É essencial que as pessoas tenham mais cautela ao disponibilizar dados sensíveis em plataformas digitais e que haja um efetivo cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Sem isso, casos como esse vão continuar acontecendo.” No momento, Filipe continua com as contas bloqueadas e problemas financeiros.