CASO HENRIQUE

PMs suspeitos de matar servente em Goiânia respondem por 21 mortes

Novos casos que chegaram ao Judiciário são de ações ocorridas em maio e junho deste ano, diz site

PMs suspeitos de matar jovem após abordagem em Goiânia respondem por outros casos semelhantes
PMs suspeitos de matar jovem após abordagem em Goiânia respondem por outros casos semelhantes

Três dos quatro policiais militares suspeitos de matar o jovem Henrique Alves Nogueira, de 28 anos, respondem na Justiça a mais seis homicídios desde que se tornaram réus no caso envolvendo Henrique. Segundo reportagem do O Popular, há processos incluindo 21 pessoas mortas desde janeiro de 2019 em abordagens em que estava presente pelo menos um destes policiais.

Os novos casos que chegaram ao Judiciário são de ações policiais ocorridas em maio e junho deste ano.

Vale citar que estão presos desde 16 de agosto, pela morte de Henrique, o sargento Cleber Leandro Cardoso; o cabo Guidion Ananias Galdino Bonfim e os soldados Kilber Pedro Morais Martins e Mayk da Silva Moura Sousa.

Envolvimento em outros casos

Conforme publicação do O Popular de quinta-feira (22), Cleber, Guidion e Kilber se envolveram junto com mais um soldado em uma ação de 6 de maio que resultou na morte de dois suspeitos de roubo em um matagal próximo a BR-153, na Vila São Manoel, em Aparecida de Goiânia. Ao todo os PMs efetuaram 33 disparos.

A perícia foi feita no local com os corpos das vítimas presentes, mas segundo os responsáveis pelo laudo, a cena foi mexida, o que comprometeu parte das análises. A dupla foi atingida por três disparos cada e morreram no local. Nenhum policial se feriu.

Em outro caso, Guidion e Kilber estavam juntos com outros seis policiais militares em uma abordagem feita no dia 26 de junho, em uma chácara em Senador Canedo, próximo à estrada velha para Bela Vista.

Na versão deles, havia chegado uma denúncia de que no local uma quadrilha armazenava grande quantidade de armas de grosso calibre. Ao se aproximarem do imóvel, foram recebidos a tiros por cerca de 10 pessoas – quatro delas morreram e as outras fugiram.

Nesse caso, a PM divulgou que a casa funcionava como um paiol para armas e drogas e que foram apreendidas duas metralhadoras usadas em guerras para derrubar aeronaves ou em assaltos para explodir carros-fortes. Mas uma semana depois, a Polícia Civil esclareceu que as armas são réplicas e que até a munição era falsa. No local também teriam sido apreendidas duas pistolas, dois revólveres e uma espingarda, todas verdadeiras.

No primeiro caso citado na reportagem, a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) pediram o arquivamento do processo alegando legítima defesa. Já no processo envolvendo a morte dos quatro em uma chácara, o inquérito ainda não foi concluído.

A investigação que chegou ao Judiciário é a que foi desenvolvida pela PM e nestes casos o MP automaticamente pede que o processo seja encaminhado à Justiça comum o que já foi feito e autorizado.

Caso Henrique: morte após abordagem policial

Henrique foi encontrado morto cerca de 12 horas após a abordagem no dia 11 de agosto deste ano.  Segundo o relato dos policiais na ocorrência, a equipe realizava patrulha pelo Setor Jardim Real Conquista, quando se deparou com dois homens em uma motocicleta. Os militares narram que deram ordem de parada, mas o condutor da moto fugiu. O carona, segundo eles, confrontou os policiais e foi atingido no revide.

No entanto, imagens de câmeras de segurança mostram que Henrique foi abordado na manhã de quinta-feira, no Jardim Europa. No registro, é possível ver o momento em que o jovem anda pela rua e é abordado pelos policiais do Patrulhamento Tático. Os militares fazem a conferência de documentos e conversam com o homem. Momentos depois, o colocam na viatura.

De acordo com informações da Delegacia de Homicídios (DIH), a corporação foi acionada por volta das 22h para atender a ocorrência do suposto confronto, em uma estrada de terra do Real Conquista. Ainda na versão dos militares, o jovem estava com uma arma, uma mochila e grande quantidade de drogas. Nas imagens, porém, não há registro do homem com nenhum dos objetos.

Os policiais foram afastados de suas funções dois dias após o homicídio.

O processo que tem Henrique Alves Nogueira como vítima está com audiência de instrução e julgamento marcada para o dia 25 de janeiro. Após isso, defesa e acusação apresentam as alegações finais e a Justiça decide se o caso vai ou não para tribunal do júri.

No final de outubro, a denúncia elaborada pelo MP, apontando que além do homicídio, houve forjamento da cena do crime, foi aceita e os policiais se tornaram réus.