INVESTIGAÇÃO

Polícia indicia médicas por morte de menino que colocou grão de milho no nariz em Goiatuba

Família de Ravi denunciou que a criança morreu após atendimento em um hospital da cidade

Polícia indicia médicas por morte de menino que colocou grão de milho no nariz em Goiatuba
Polícia indicia médicas por morte de menino que colocou grão de milho no nariz em Goiatuba (Foto: Arquivo da família)

A Polícia Civil indiciou, nesta semana, as médicas Daniella Carvalho Ferreira e Isabella Helena Caixeta de Oliveira por homicídio culposo por negligência na morte de Ravi de Sousa Figueiredo, 2 anos. A criança faleceu em abril deste ano após a família levá-lo a um hospital e ele passar por um procedimento para retirar um grão de milho no nariz, em Goiatuba.

Conforme laudo da perícia, Ravi estava com um líquido amarelado na cavidade abdominal e uma mancha indicativa de perfuração no estômago. Esta teria sido causada por lesão durante o atendimento no hospital de Goiatuba. “O médico legista disse que o procedimento foi errado. Usaram uma técnica que não é usual, com introdução de uma câmera de ar comprimido nas vias aéreas superiores da criança. Fez com que o ar entrasse com força no pulmão e estômago, provocando o rompimento”, disse o delegado Sérgio Henrique Alves, à época.

O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa das médicas, mas mantém o espaço aberto. Ao G1, o advogado de Isabella Helena disse que vai se manifestar no decorrer do processo.

Em entrevista recente à TV Anhanguera, o delegado disse que, se a equipe médica tivesse feito um exame de raio-x, a morte poderia ter sido evitada. “Essa criança tinha que ter sido encaminhada direto para um raio-x porque no próprio exame conseguiria diagnosticar de imediato. A criança ficou lá por muito tempo, foi para casa e voltou, só no outro dia de manhã que fizeram o raio-x e ele veio a óbito.”

Denúncia

Em julho, foi divulgado que a família de Ravi denunciou que a criança morreu após atendimento em um hospital da cidade. Como mencionado, ele precisou ir à unidade de saúde após colocar, acidentalmente, um grão de milho no nariz. Os pais acreditam que houve erro de uma médica durante o procedimento para retirada do corpo estranho.

Os pais de Ravi de Sousa Figueiredo tentaram retirar o milho em casa, mas, sem conseguir, foram até o Hospital Municipal de Goiatuba. Em um dos relatórios, é dito que a profissional teria utilizado ar comprimido com o paciente deitado de costas e que houve vômito, sem sinais de sangramento. Após cinco minutos, foi feita nova tentativa de retirada do corpo estranho com aparelho de videotoscopia – equipamento com câmera integrada.

À TV Anhanguera, os pais disseram que, após o procedimento, a barriga da criança estava muito inchada, e o menor inquieto e vomitando, ainda no hospital. Eles, contudo, foram para casa, mas Ravi passou mal novamente, retornando ao hospital. Ele foi enviado para Goiânia de ambulância, mas precisou parar em Hidrolândia após piora, onde foi atendido às pressas. Um relatório do local afirma que a criança estava com insuficiência respiratória aguda e foi intubada na sala de emergência. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. As informações foram confirmadas ao Mais Goiás pelo advogado da família, Vinícius Dias.

Vinícius disse, ainda, que foram emitidos dois prontuários em dois momentos distintos, que foram entregues à família – cada um por uma médica. As informações eram conflitantes. “A ação judicial cabível já está finalizada e pronta para ser ajuizada nos próximos dias, visando a responsabilização civil dos envolvidos e a devida reparação pelos danos sofridos pela família, diante da gravidade dos fatos ocorridos”, disse à época.