Portaria da PM diz como devem ser as homenagens aos policiais mortos em Goiás
Portaria 21.280 da PM diz que homenagens serão mais extensas conforme a patente e as circunstâncias da morte do policial
O falecimento dos soldados João Paulo Marim Guimarães, de 32 anos, Robson Luiz Fortuna Filho, de 31, e Renato da Silva Duarte, de 32, fez com que a Polícia Militar do Estado de Goiás colocasse em prática as orientações uma portaria recém-publicada que diz como devem ser as homenagens fúnebres aos integrantes da corporação. A portaria 21.180 foi publicada no dia 2 de dezembro de 2025.
Essa portaria foi redigida diante da necessidade de se padronizar o rito de honras póstumas aos policiais ativa e veteranos, abrangendo os militares da reserva remunerada e reformados. As normas podem se estender de forma excepcional a autoridades civis que foram importantes para PM, como, por exemplo, ex-governadores.
“Trata-se de reconhecer publicamente o valor dos que tombaram no cumprimento do dever ou contribuíram significativamente com a missão institucional”, diz a norma. Todos policiais que participarem das honras fúnebres deverão se apresentar com uniforme completo.
A portaria primeiro descreve dez tipos de homenagens, e em seguida diz em que circunstâncias elas devem ser realizadas. Em regra, apenas as altas autoridades podem receber todas as dez espécies de honrarias no velório. A gradação acontece conforme a patente do militar, o histórico dele e o contexto do falecimento.
Os tipos de homenagem existentes são: coroa de flores, câmara ardente, comissão de pêsames, guarnição de honra, escolta fúnebre, guarda fúnebre, salvas fúnebres, marcha fúnebre, ritual da bandeira e toque de silêncio (veja detalhes no fim da matéria).
Para os policiais da ativa – como era o caso de João Paulo, Robson Luiz e Renato Duarte – o procedimento diz que, quando se tratar de oficial superior ou oficial em exercício de função de comando de unidade operacional ou administrativa, serão prestadas todas as espécies de honras.
Quando se tratar de demais oficiais ou praças, eles terão: coroa de flores, comissão de pêsames, guarnição de honra, escolta fúnebre, guarda fúnebre, marcha fúnebre e ritual da bandeira.
Nos casos de falecimento em ato de serviço sem confronto ou salvamento, os oficiais superiores ou em função de comando terão coroa de flores, comissão de pêsames, guarnição de honra, escolta fúnebre e ritual da bandeira. Se não for um oficial superior: coroa, comissão de pêsames, escolta e bandeira.
Os casos de promoção post mortem, quando cabíveis, deverão ser encaminhados à Comando de Gestão e Finanças (CGF) pela unidade policial de origem, com os documentos comprobatórios e justificativas exigidas. O processo de pensão por morte e auxílio-funeral será conduzido pelo CGF.
Honras fúnebres da PM
Coroa de flores: arranjo de flores institucional com os dizeres “homenagem da Polícia Militar do Estado de Goiás”.
Câmara ardente: consiste na guarda simbólica e solene junto à urna funerária, composta por quatro policiais militares uniformizados nos cantos da câmara, redidos periodicamente. A câmara será montada preferencialmente em velório público e poderá usar armamento simbólico.

Comissão de pêsames: grupo de policiais militares designado para representar formalmente a corporação junto à família enlutada, durante o velório, sepultamento ou cremação. É designada conforme o posto ou graduação do homenageado.
Guarnição de honra: grupo prefencialmente formado por seis militares designado para conduzir o caixão durante o cortejo, sepultamento ou cremação, representando a PM do Estado de Goiás nas últimas homenagens ao militar falecido. Excepcionalmente, poderão participar da guarnição familiares. O transporte cerimonial do ataúde poderá ocorrer sobre os ombros, à altura do quadril ou em carrinho fúnebre. A guarnição deve andar alinhada e com cadência.

Escolta fúnebre: é o efetivo que acompanha o caixão durante o deslocamento até o local de sepultamento ou cremação, podendo ser motorizada ou a pé. Formada de preferência por integrantes da unidade militar do falecido.
Guarda fúnebre: grupo de militares designados para prestar as últimas honras ao policial militar falecido. Quando o comando da Guarda será exercido por oficial ou subtenente designado pela unidade policial, ele deverá portar uma espada cerimonial. O armamento utilizado pela Guarda terá caráter estritamente cerimonial, consistindo, preferencialmente, em fuzil de dotação operacional ou carabina equivalente, conforme a disponibilidade da unidade, as condições de segurança e o local do sepultamento.

Salvas fúnebres: são três descargas sucessivas de munição de festim, executadas pela Guarda Fúnebre como homenagem final ao policial militar falecido.
Toque de silêncio: é o toque musical executado por corneta ao final da cerimônia fúnebre. A execução de música ou marcha fúnebre tem caráter opcional e será realizada somente quando houver banda militar disponível. Na maioria das cerimônias, a homenagem sonora limita-se ao toque de silêncio ou à reprodução de música instrumental adequada.
Ritual da bandeira: bandeira colocada sobre o caixão após o fechamento, por dois ou quatro militares da guarnição de honra. Antes da descida à sepultura, a bandeira será retirada e dobrada de forma lenta e coordenada. Em seguida, será entregue à família pelo comandante da unidade.
A tragédia
João Paulo, Renato e Robson perderam a vida em um grave acidente na GO-164, entre Firminópolis e Novo Planalto, no fim da tarde do dia 25 de dezembro. Além dos militares, a esposa de um deles também estava no Chevrolet Prisma e morreu no local. O carro bateu de frente com uma camionete VW Amarok. Um dos ocupantes da camionete chegou a ser socorrido e levado para uma unidade de saúde, mas não resistiu.

Familiares usaram as redes sociais para se despedir. Em uma publicação, uma prima descreveu João Paulo como ser humano dedicado, cheio de sonhos e no início da carreira. No texto, ela relembra perdas anteriores na família e afirma que, mesmo sem entender, escolhe confiar nos planos de Deus. “Aqui ficam o amor, a lembrança e o orgulho eterno”, escreveu.
Leia mais
- Acidente na GO 164 deixa cinco mortos; três são PMs
- Identificados os PMs que morreram em acidente na GO 164
João Paulo tinha 32 anos, era formado em Tecnologia em Laticínios pela Universidade Estadual de Goiás e fazia parte da Polícia Militar desde 2023. O velório estava marcado para ocorrer na Funerária LIV, na Rua Rio Doce, em São Luís de Montes Belos, com saída às 14h, no Cemitério do Povoado de Santo Antônio.
Renato, também de 32 anos., formou-se em Radiologia em 2015 e entrou na PM em 2023. O corpo começou a ser velado às 10h, na Capela Funerária SerlLuz, no Setor Norte Serrinha, em Luziânia, e o enterro estava agendado para as 17h, no Cemitério Jardim da Consolação.
O terceiro policial morto foi Robson Luiz Fortuna Filho, de 31 anos. Ele era formado em Matemática pela Universidade Federal de Goiás e já havia atuado como professor. Robson viajava com a esposa, Cybelle Oliveira Ferreira, que também morreu no acidente. O velório do casal começou às 10h, no Cemitério Jardim da Paz, em Aparecida de Goiânia, e o sepultamento foi marcado para as 17h.