INFLAÇÃO

Preço da gasolina em Goiânia é o segundo maior entre as capitais do Brasil

Puxada pelo preço da gasolina, a inflação registra maior alta nos últimos 19 anos, com 8,99% acumulados em 12 meses

Preço do diesel sobe novamente nos postos e chega perto de R$ 7 (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)
Preço do diesel sobe novamente nos postos e chega perto de R$ 7 (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

O preço da gasolina em Goiânia faz com que a capital seja a segunda com o combustível mais caro no Brasil. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro da gasolina em Goiânia está em R$ 6,33 em média, ficando atrás somente do Rio de Janeiro, onde o combustível é encontrado a R$ 6,40. Para economistas, o valor dos derivados do petróleo pressiona diretamente a inflação, medida pelo IPCA, e acaba afetando todos os outros produtos.

De acordo com o IPCA divulgado pelo IBGE, a gasolina é o item com maior peso na cesta de compras das famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. O combustível teve alta de 2,10% em julho, com acúmulo de 28,31% em 2021. Para o doutor em Economia e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Everton Rosa, os combustíveis estão em processo de elevação de preços por várias razões, tanto o etanol quanto a gasolina. “A gasolina mais associada ao preço internacional do petróleo, ao câmbio e à política de preços adotada pela Petrobrás”.

Ao Mais Goiás, o economista explica que a questão da gasolina (ou do etanol) é que ambos são insumos de quase todos os ramos da atividade econômica e são custo direto das famílias, no que se refere ao transporte, utilização de carros, motos, etc. Logo, se o preço de um insumo básico e amplamente utilizado na economia sobe, “é de se esperar que a estrutura de custos da atividade econômica suba e que as empresas tentem repassar este aumento no produto final ao consumidor”.

“Nosso problema inflacionário neste quesito, no entanto, é fruto de como o país se organiza para administrar este insumo, garantir a sua oferta e seu preço estável e baixo. Neste quesito a política é bastante desastrada, internalizando o custo do petróleo em dólar e a desvalorização financeira do câmbio e jogando isso diretamente no coração da atividade produtiva. A estatal do petróleo e o ministério da economia deveriam amortecer essa pressão, não alimentar”, pontuou Everton.

Vale destacar que, no Brasil, a inflação registra maior alta nos últimos 19 anos, com 8,99% acumulados em 12 meses.

Preço da gasolina respinga em outros produtos, diz economista

Já o professor e economista Aurélio Trancoso adianta que a inflação deve ficar acima da meta neste ano, o que, para ele, “não é bom, mas também não é tão ruim”. Porém, de acordo com ele, o aumento de preço dos produtos está ligado à “inflação de custo”, que está ligada diretamente a combustíveis. “Quase tudo o que está ligado ao petróleo, seja gasolina, óleo diesel, gás de cozinha, tudo isso que sobe faz com que todos os outros produtos subam também. Porque você vai transportar, e o custo logístico está, praticamente, no preço do produto.

Aumento no preço dos combustíveis puxa inflação. Foto: Agência Brasil

Aumento no preço dos combustíveis puxa inflação. Foto: Agência Brasil

Ao Mais Goiás, professor argumenta também que o Brasil aderiu a um sistema em que o custo de produção ficou mais alto e os salários acabaram não acompanhando. Porém, o mais indicado seria esperar que o mercado consumidor se adeque e não indexar, que é a política econômica de alterar o preço dos produtos e serviços com base em índices

“Nós temos que fazer é esperar, porque o próprio consumidor que manda no mercado. Se eu não compro o produto, o produto vai ficar na prateleira, o cara uma hora vai ter que baixar. Não só o empresário, como outros. O combustível é a mesma coisa”, conclui.