ANÁLISE

Prefeito de Iporá que atirou contra ex responderá por três crimes, diz delegado; veja quais

"Por se tratar de crimes na modalidade tentada, para cada um dos tipos penais poderá a pena ser diminuída entre um a dois terços", explica o advogado Paulo Castro

Prefeito de Iporá que atirou contra ex responderá por três crimes, diz delegado; veja quais (Foto: Reprodução)

O prefeito de Iporá, Naçoitan Araújo Leite, acusado de invadir a casa da ex-esposa e atirar contra o quarto em que ela estava com o namorado, no último sábado (18), pode responder por tentativa de homicídio, tentativa de feminicídio e porte de arma de uso restrito. A informação foi dada nesta quinta-feira (23), mesma data que ele se entregou, pelo delegado Ramon Queiroz.

Vale citar, o homicídio tem pena prevista de 6 anos a 20 anos e o feminicídio de 15 anos a 30 anos. Ambos, contudo, tem redução de até 2/3 por ser na modalidade tentada. Já o porte de arma de uso restrito tem previsão de 3 a 6 anos.

Advogado especialista em Direito Criminal, Paulo Castro explica que em cada tipo penal é feito uma análise individual. “Nos crimes em questão, serão apurados para fins de dosimetria de pena a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima. E, ainda, as causas atenuantes e agravantes, bem como as de aumento e diminuição de pena para cada uma das condutas. Por se tratar de crimes na modalidade tentada, para cada um dos tipos penais poderá a pena ser diminuída entre um a dois terços.”

De acordo com Paulo, a pena poderia chegar a 56 anos, caso não não fosse na modalidade tentada. Contudo, existe a diminuição nas situações que se enquadram como tentativa.

Caso

Ainda sobre o caso, os disparos efetuados pelo político atingiram a porta do quarto onde a mulher e o atual namorado dormiam. Em depoimento à Polícia Civil, Naçoitan admitiu ter misturado bebida alcóolica e remédios na noite do dia 17.

Ao delegado regional de Iporá, Ramon Queiroz, Naçoitan revelou que consumiu álcool durante as comemorações pelo aniversário do município. “Ele nos relatou que quando acordou no dia seguinte, após dormir dentro de sua camionete, teve alguns ‘flashes’, onde se lembrava de ter ido à casa da ex mulher, mas que não se recordava do que havia feito lá. Questionado sobre esse apagão na memória, ele disse acreditar que deve ter sido porque está tomando alguns remédios fortes, que misturou com bebida alcoólica”, descreveu o policial.

Polícia procura por segunda arma que teria sido usada pelo prefeito no atentado

O prefeito também confessou ter ido no sábado pela manhã à casa da ex-mulher para buscar um aparelho de gravação de imagens de segurança, mas que não se lembra o que fez com ele. Ao se apresentar à polícia, Naçoitan entregou a pistola que usou para disparar na casa da mulher e disse que não se recordava de estar com outra arma.

O delegado, porém, disse que a Polícia Técnico Científica já confirmou que duas armas, de diferentes calibres, foram usadas no atentado, e que está trabalhando para tentar localizá-la.

Após prestar depoimento, o político, que teve um mandado de prisão preventiva expedido no sábado passado, foi encaminhado para a Unidade Prisional de Iporá, onde permanecerá recolhido até o final da tarde de hoje, quando deverá passar pela Audiência de Custódio. A defesa de Naçoitan afirmou que tentará um novo Habeas Corpus para ele, já que os dois já impetrados durante a semana, foram negados.