PROTESTO

Professores protestam em frente à secretaria de Educação de Goiânia e cobram abono salarial

Os servidores alegam falta de transparência na prestação de contas das sobras do Fundeb, argumento que a Prefeitura de Goiânia nega

Professores de Goiânia fazem manifestação em cobrança das 'sobras do Fundeb'
Os servidores da rede municipal alegam falta de transparência na prestação de contas das sobras do Fundeb, argumento que a Prefeitura de Goiânia nega (Foto: Reprodução)

Cerca de 50 agentes administrativos e professores de Goiânia se reuniram, na manhã desta terça-feira (7), em frente ao prédio da Secretaria Municipal de Educação (SME) para cobrar o pagamento do abono proveniente das chamadas “sobras do Fundeb”. Os servidores da rede municipal de ensino alegam falta de transparência na prestação de contas do recurso, argumento que a prefeitura de Goiânia nega.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) trata-se de uma cesta de impostos usada no financiamento da educação. Conforme as novas regras do formato aprovado em 2020, 70% dos recursos precisam ir para a folha de pagamento de profissionais da Educação e o restante usado em investimentos nessa área – o que inclui pagamento de abono (ou 14º salário) aos trabalhadores.

Porém, de acordo com os servidores que fizeram a manifestação – ligados ao Sindicato Municipal de Educação (Simsed) – a Prefeitura de Goiânia teria efetuado o pagamento da folha, mas não teria esclarecido o que fez com restante do Fundeb, deixando os professores e demais servidores da Educação sem o abono. “Estamos questionando sobre o restante, de forma clara, como foi gasto. Queremos saber onde e como foi aplicado”, declarou a professora Ireuza Corrêa, que esteve no protesto.

Manifestação de professores de Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)

Ao Mais Goiás, a professora informou que o secretário Municipal de Educação, Wellington de Bessa, recebeu uma comissão de seis pessoas que representavam a pauta e explicou aos servidores que o Fundeb foi usado todo na folha, o que os professores questionam. Uma nova reunião dos manifestantes com o titular da SME foi pré-agendada e deve ocorrer em breve.

Não há sobras do Fundeb, dizem prefeitura e sindicato

Procurada, a SME declarou que “os recursos recebidos do Fundeb não cobrem, em sua totalidade, a folha de pagamento dos profissionais da Educação do município” e que, até outubro deste ano, o recursos recebidos do Fundo foram só metade do que foi gasto com a folha dos servidores.

“Goiânia recebeu R$ 482.820.53,97 do fundo nacional. Neste período, o custo da folha com os servidores da SME foi de R$ 896.612.258,89”.

“Neste caso, os recursos do Fundeb, que devem ser destinados à remuneração dos profissionais da educação básica, representaram 53,85% da folha de pagamento da Educação. O restante (46,15%) foi suprido com recursos do tesouro municipal. Portanto, não procede a informação de que existem sobras de recursos do Fundeb no exercício de 2021”, afirmou, em nota.

Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, corroborou a afirmação da SME e informou que o sindicato tem membros no Conselho do Fundeb acompanhando de perto a aplicação dos recursos. Ao Mais Goiás, Bia afirmou que houve sobras do Fundeb em vários municípios, o que não é o caso de Goiânia.

“Em muitos municípios têm, de fato, sobrado recursos e em vários o Sintego tem negociado para ter  bonificações para os servidores. Mas no caso do município [de Goiânia], a primeira coisa que fizemos foi acompanhar para ver se teria verbas pra oferecer”, o que não aconteceu, disse em referência às “sobras do Fundeb”, concluiu a presidente.