Profissionais da saúde manifestam alívio com a chegada da vacina em Goiás

A técnica de enfermagem Marlene Soares, de 56 anos, é uma dos milhares de profissionais de saúde de Goiás que atuam na linha de frente da covid-19 desde o início da pandemia. A técnica, que trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Chácara do Governador, em Goiânia, estará no HCamp da capital nesta quarta-feira (20) imunizando seus colegas e sendo imunizada. Para ela ela, que revela ter visto dezenas de amigos e colegas morrerem por covid-19, a chegada da vacina ao estado de Goiás se trata de um “recomeço de vida”.

Marlene atua na área da saúde há 27 anos. Ao Mais Goiás, ela conta que atuava na UTI neonatal do Hospital Materno Infantil e na UBSF Ville de France quando contraiu covid-19, em junho do ano passado. Os sintomas foram intensos, durando 10 dias, e deixaram sequelas. “Sentia muita dor de cabeça, no corpo. Como eu tenho hérnia de disco e artrose, minhas juntas inflamaram e até hoje eu faço fisioterapia”, revela.

Outras 15 colegas de Marlene foram diagnosticadas com o vírús Sars-CoV-2 na mesma época. Todas conseguiram se recuperar. No entanto, segundo Marlene, alguns outros não tiveram a mesma sorte. Ela relata que, desde o início da pandemia, 10 colegas da saúde, conhecidos seus, vieram a óbito em decorrência da covid-19.

A técnica não esconde a tristeza ao tocar nas perdas. “Eu fico muito emocionada porque vi muitos amigos irem embora, muitos colegas. A gente fica muito deprimida quando vê os colegas indo”, diz.

Porém, a chegada do lote de cerca de 183 mil doses da Coronavac em Goiás, na última segunda-feira (18), representou para Marlene uma sopro de esperança. A profissional conta que sente alívio ao pensar que, em breve, será vacinada e se refere ao evento como um “recomeço de vida”. “Sensação é de uma nova época, um recomeço não só pra mim, mas para todos os profissionais e as pessoas em geral”, conclui.

“Cada dose é uma vida salva”

Ao receber as doses de vacina contra a covid-19 na última segunda-feira, a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, não conteve a emoção. “Cada dose dessa é uma vida salva!”, disse Flúvia, com a voz embargada, quando o caminhão com as vacinas foi aberto.

A superintendente, assim como a técnica de enfermagem, também fala com pesar das perdas proporcionadas pela covid-19. “A gente que lida todos os dias com dados de morte, de hospitalização, quem já perdeu amigos e parentes, acho que vai entender bem o que eu falei ontem”, disse, hoje, ao Mais Goiás.

Contudo, Flúvia compartilha do alívio de Marlene e diz que o início da vacinação foi uma vitória “para salvar vidas e para começar o retorno à vida normal de antes da pandemia”.