Taxa de manutenção

Proprietários de jazigos do Cemitério Jardim das Palmeiras reclamam de cobrança

Proprietários de jazigos no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia, confirmaram ao Mais Goiás a…

Proprietários de jazigos do Cemitério Jardim das Palmeiras reclamam de cobrança
Proprietários de jazigos do Cemitério Jardim das Palmeiras reclamam de cobrança

Proprietários de jazigos no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia, confirmaram ao Mais Goiás a cobrança de taxa de manutenção. A cobrança, autorizada por emenda jabuti em PL aprovado na Câmara Municipal, é legal desde abril do ano passado e gerou forte reação dos jardineiros que trabalham no local.

Uma proprietária de jazigo, que não quis se identificar, afirmou que recebeu um comunicado do cemitério sobre a taxa. A carta chegou pelo correio junto com boleto, no valor de R$ 420. Desconfiada da situação, ela não fez o pagamento e acionou um advogado para analisar a legalidade de mais uma taxa.

“Eu estranhei bastante. Isso nunca aconteceu”, disse a proprietária.  “Eu tenho esse terreno há muito tempo e acho q é preciso avaliar isso. Até porque já tem uma equipe de pessoas lá dentro que faz a manutenção dos jazigos. Eu não paguei e estou esperando um parecer jurídico”, concluiu.

Outra dona de jazigo afirmou que ainda não recebeu a notificação e que soube da cobrança por meio da imprensa. Entretanto, ao entrar em contato com a administração ficou sabendo da cobrança.

“Talvez não tenha recebido porque não resido em Goiânia. Não concordo com a administração, pois no contrato de compra não havia a adesão a taxa do condomínio”, concluiu.

Proprietários e jardineiros não gostaram

A cobrança da taxa de manutenção levou cerca de 80 jardineiros do Cemitério Jardim das Palmeiras a protestar na terça-feira (5) na Câmara Municipal de Goiânia. De acordo com a Associação dos Jardineiros do Cemitério Jardim das Palmeiras, cerca de 100 trabalhadores podem ser prejudicados com a medida.

A presidente da Associação, Deusiane dos Santos Celestino de Souza, informou que, com a aplicação da taxa, a administração do cemitério passaria a ser responsável pelos jardins locais. Desta forma, os trabalhadores, que tratavam diretamente com os proprietários dos jazigos, não teriam mais renda.

Legislação

Os trabalhadores foram até a Câmara para participar de uma audiência pública sobre a questão. A cobrança da taxa de manutenção, proibida desde 1989, foi autorizada pelo artigo 9º da lei 10.154/18.

A lei é de autoria da vereadora Sabrina Garcez (sem partido). Entretanto, ela alega que o artigo que autorizou a cobrança foi feito através de uma emenda parlamentar. A emenda é de autoria do vereador Wellington Peixoto (MDB).

A assessoria da parlamentar ressaltou que nunca foi intenção dela autorizar a cobrança de taxas de manutenção. A iniciativa teria o objetivo de dar benefícios para pessoas de baixa renda que precisam de serviços funerários. Mas a autorização para cobrança foi feita através de uma emenda “jabuti”, ou seja, uma emenda que não tem relação com o tema original da matéria.

Por meio de nota, o vereador Wellington Peixoto afirmou que a alteração do texto original foi equivocada. Por esse motivo, disse o parlamentar, “apresentei projeto de lei, juntamente com a vereadora Sabrina Garcez, para revogar a cobrança, que consideramos injusta”.

Resposta

Em entrevista ao Mais Goiás, assessoria jurídica do Cemitério Jardim das Palmeiras afirmou que o cemitério cumpriu integralmente a legislação municipal, que proibia a cobrança desde 1989. Eles afirmaram também que é o único cemitério com a peculiaridade de ter jardineiros contratados pelos próprios proprietários.

Questionada sobre as cobranças, a assessoria ressaltou que elas estão suspensas há cerca de duas semanas por causa de um acordo com o Procon-GO. Foi informado, também, que o cemitério precisa de obras de manutenção e que o Cemitério é mantido pela instituição filantrópica Fraternidade e Assistência a Menores Aprendizes (FAMA), que atende crianças carentes.

Devido às despesas com o cemitério, a assessoria afirmou que muitas vezes recursos que seriam destinados à instituição precisam ir para o cemitério. Por fim, a administração disse que deseja abrir o debate com os jardineiros para que seja encontrada a melhor solução. A FAMA é mantida pela Loja Maçônica Liberdade e União.