Qual a participação dos EUA nas exportações de Goiás? Confira
Quase metade das exportações de Goiás para os Estados Unidos é formada pela soja, seguida pela carne bovina.
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar taxa de 50% sobre os produtos que chegam em território norte-americano a partir do Brasil gerou preocupação do setor produtivo brasileiro. O agronegócio e os representantes da indústria em Goiás também começaram a se mobilizar para resolver o impasse. Mas a pergunta é: qual a participação dos EUA nas exportações de Goiás?
De acordo com o Comex Stat, sistema desenvolvido pelo Ministério da Indústria e Comércio para extração das estatísticas do comércio exterior brasileiro de bens, os Estados Unidos foram o destino de 3,3% das exportações goianas em 2024, o que nos coloca entre as unidades da Federação menos dependentes do bom andamento das relações diplomáticas com o governo Trump.
Apenas Tocantins (3%), Piauí (3%), Distrito Federal (2,8%), Mato Grosso (1,5%) e Roraima (0,3%) têm índices menores. Esse grupo está muito distante da outra ponta da tabela, formada por estados que vendem mais para os norte-americanos. São eles, em ordem decrescente: Ceará (45%), Espírito Santo (30%), Paraíba (22%), São Paulo (19%), Sergipe (17%), Rio de Janeiro (16%) e Santa Catarina (15%).
A má notícia é que a participação dos Estados Unidos na balança comercial de Goiás está em franca elevação. De janeiro a junho de 2025, o mercado norte-americano aumentou o cota nas exportações goianas para 5%, uma variação de 87,2% sobre o mesmo período do ano passado. Em números absolutos, essa variação foi de 157 milhões de dólares. O valor FOB (Free On Board) nesses primeiros meses do ano, que se refere ao custo das mercadorias até o momento em que ela é embarcada no local de origem, foi de 337 milhões de dólares.
Sozinha, a soja responde por 49% dessas exportações. Complementam a carteira a carne bovina, seja ela fresca, refrigerada ou congelada (13%), farelos de soja e outros alimentos para animais (7%), ferro e aço em diversas modalidades (6,3%), carnes de aves (3,9%), açúcares (3,4%), ouro (2,7%), gorduras e óleos vegetais (1,8%) e couro ( 1%).
Risco à competitividade de Goiás
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar a super-taxa de 50% sobre produtos brasileiros gerou forte apreensão no agronegócio de Goiás. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) avalia que a medida compromete a competitividade dos produtores locais e eleva o custo de insumos fundamentais para a atividade no campo.
“Essa nova taxação traz reflexos diretos às exportações do agronegócio nacional e goiano. Consequentemente, trará aumentos nos custos de insumos importados e impactará na competitividade das nossas exportações”, afirmou o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, por meio de nota.
Entre os setores mais afetados estão a carne bovina, o açúcar, frutas, milho, peixes, café e hortaliças. Além disso, há preocupação com o encarecimento de máquinas agrícolas e fertilizantes, itens que compõem boa parte das importações goianas dos EUA.
De acordo com Edson Novaes, gerente técnico da Faeg, os impactos serão sentidos tanto por quem exporta quanto por quem depende de insumos importados. “Todos perdem com uma guerra comercial. Para o Brasil, o risco é maior, porque o fechamento de mercado pode refletir diretamente na geração de empregos e nos níveis de preços de setores estratégicos da nossa economia. O impacto poderá ser percebido tanto no campo quanto na cidade”, disse.