Advogada presa pelo furto de joias ganha relaxamento de prisão; veja o que significa
Advogada explica decisão de juiz

Na quarta-feira (16), a advogada Taynara Trindade, que foi presa acusada de furtar uma bolsa com joias e relógios, em Goiânia, teve o relaxamento da prisão na Justiça. Segundo a advogada dela, Eliane Mundim, a decisão do juiz Thiago Soares Castelliano Lucena de Castro entendeu que não houve crime, mas erro de tipo (situação sem intenção, justificada). Ou seja, encerra-se o caso com inocência. A tese que motivou o entendimento foi colocada pelo advogado Gilles Gomes, que representou a mulher em audiência.
Além disso, o magistrado determinou ofício à Corregedoria da Polícia Civil para apurar possível infração funcional do delegado de Polícia por não apresentar “imagens do circuito interno do hotel, embora tivesse ciência da sua existência”. Conforme Eliane, tiveram outras irregularidades, como a cliente dela, que é advogada, ser ouvida antes delas terem contato. “Precisamos que os direitos do advogado sejam respeitados.” Além disso, Eliane afirma que teve muita dificuldade em falar com Taynara e que, ao falar com o delegado, ele disse que “já estava com opinião formada”.
A advogada foi presa sob suspeita de furtar uma bolsa com joias e relógios. Ela afirma que é inocente e que malas parecidas causaram confusão. O caso aconteceu na noite de terça-feira (15), em um hotel de luxo em Goiânia. Taynara foi liberada horas após ser detida e argumentou que se confundiu e pegou a bolsa errada.
Segundo ela, mesmo sendo advogada, não teve o direito de falar. “Não tive direito de ser ouvida”, afirmou e completou: “Naquele momento, não tive oportunidade de falar e nem de ver os vídeos.”
Gravação
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que um homem deixa uma bolsa no sofá onde Thaynara estava sentada, falando ao telefone. Minutos depois, ela se levanta e pega a bolsa. A advogada afirmou que acreditou que o objeto era uma das malas do companheiro, que havia acabado de chegar de Londres.
Segundo ela, o companheiro trouxe bagagens pretas e marrons, semelhantes à que foi deixada no sofá da recepção. “As malas estavam todas misturadas, e eu, de costas, peguei o que achei que fosse dele. A intenção nunca foi pegar algo de outra pessoa”, disse.
A bolsa foi levada para o quarto e deixada sobre a mesa. O casal saiu para jantar e, ao retornar, foi surpreendido pela polícia. Ambos foram presos, mas liberados após audiência de custódia. O juiz entendeu que não houve intenção de furto e determinou o relaxamento da prisão.
Na decisão, como mencionado, o magistrado apontou falhas na condução do caso, como a ausência das imagens nos autos, mesmo já estando disponíveis. O caso foi encaminhado à Corregedoria para apuração.
Algemada e humilhada
Taynara relata que, durante a abordagem, foi algemada por cerca de 30 minutos, ainda de pijama, e impedida de acionar a Ordem Advogados do Brasil de Goiás (OAB). Ela diz que foi ofendida verbalmente e afirma que ainda tenta processar tudo o que aconteceu.
“Fui xingada de ‘vagabunda’, me senti violada dos meus direitos. Esse ‘delegado canetinha’ [Humberto Teófilo], que nem era o delegado responsável, me desrespeitou como mulher e profissional, expôs meu nome e imagem sem saber dos fatos e forneceu imagens picotadas das câmeras de segurança para mídia a fim de fazer polêmica com fins eleitoreiros. Quis engajamento político, mesmo que isso custe a honra de alguém”, disse a advogada muito abalada com a situação.
De acordo com o juiz, foi determinada a comunicação à Corregedoria da Polícia Civil para apuração de possível infração funcional do delegado responsável pelo caso, que, mesmo ciente da existência das imagens do circuito interno do hotel, não as apresentou.
O Mais Goiás procurou a Polícia Civil e aguarda uma posição.