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Semad ‘barra’ venda de mineradora em Crixás antes de atual dona assumir passivo ambiental

Dona atual da mineradora Serra Grande, AngloGold Ashanti terá que se responsabilizar pelo passivo antes de vendê-la à Cascar

Semad 'barra' venda de mineradora em Crixás antes de atual dona assumir passivo ambiental (Foto: Divulgação)
Semad 'barra' venda de mineradora em Crixás antes de atual dona assumir passivo ambiental (Foto: Divulgação)

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) obteve, da AngloGold Ashanti e da Cascar do Brasil Mineração o compromisso de não efetivarem a troca no comando da Mineração Serra Grande, localizada no município de Crixás, até que fique pronto e seja assinado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que trate da regularização dos passivos ambientais decorrentes dos vários anos de operação da MSG. O termo preliminar foi assinado nesta quinta-feira (28).

No documento, a AngloGold (atual proprietária) e a Cascar do Brasil (compradora) se comprometeram a adiar o fechamento da venda até 25 de setembro de 2025, data prevista como marco final para negociação do TAC. Até lá, a MSG tem autorização para operar desde que cumpra as obrigações ambientais vigentes, mantenha todos os programas de monitoramento ambiental (sobretudo no rio Vermelho) e implemente medidas preventivas para evitar o agravamento dos danos já existentes.

No momento, está em tramitação na Semad um pedido de renovação da licença de operação da MSG, feito pela AngloGold. Em razão dessa solicitação, a Semad realizou uma visita técnica à mineradora entre os dias 07 e 11 de abril de 2025, na qual foram constatadas graves falhas e insuficiências nas medidas implementadas para avaliação, mitigação e compensação dos impactos socioambientais decorrentes da atividade.

Passivo ambiental

Entre os problemas, destacam-se debilidade do Plano de Fechamento de Mina, que não estabelece de forma contundente os usos futuros previstos para a área após a desativação em 2031; anomalias recorrentes em parâmetros críticos como cianeto, arsênio, chumbo e cobre no monitoramento de qualidade das águas superficiais, lançando dúvida quanto à eficiência do tratamento dos efluentes no curso d’água; ausência de resultados consolidados dos programas de monitoramento da fauna exigidos pela licença; e o acompanhamento insuficiente dos impactos da mina sobre a comunidade local.

A Semad produziu cinco documentos a partir das informações colhidas nas visitas técnicas: dois pareceres técnicos (um referente aos meios físico e biótico, outro referente ao meio socioeconômico), um relatório de vistoria, uma apresentação e um terceiro um parecer técnico que sintetiza as conclusões dos documentos anteriores e propõe encaminhamentos. Em tese, eles destacam inconsistências críticas nos documentos apresentados pela empresa, na medida em que impedem um diagnóstico preciso sobre o estado ambiental do empreendimento e a real extensão dos passivos em suas áreas de influência.

Diante desse cenário, a a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, determinou que não haverá possibilidade de a licença ser renovada sem que a AngloGold Ashanti assuma a responsabilidade sobre os passivos que gerou, de modo a impedir que o grupo deixe a operação da MSG sem honrar com os seus compromissos.

Essa responsabilização será feita mediante a assinatura de um TAC, que deveria ter sido formatado e assinado até o dia 26 de agosto de 2025. Entretanto, a negociação e a redação final da minuta não foram concluídas dentro desse prazo. Por isso o termo preliminar precisou ser assinado nesta quinta.

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