SITUAÇÃO

Situação complexa: MP ainda analisa possíveis providências no caso do bebê que viveu no Hugol

O Ministério Público de Goiás (MPGO) informou que ainda não tomou nenhuma providência criminal no…

MP ainda não tomou providência criminal sobre bebê que viveu no Hugol devido à complexidade do caso
MP ainda não tomou providência criminal sobre bebê que viveu no Hugol devido à complexidade do caso (Foto: Reprodução)

O Ministério Público de Goiás (MPGO) informou que ainda não tomou nenhuma providência criminal no caso do bebê de 1 ano e 8 meses que viveu mais de um ano em um cercadinho na UTI cardiopediátrica do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, devido à complexidade do caso. Caberá ao MP apurar a conduta dos pais da criança.

Contudo, o órgão reforça que a 11ª Promotoria da capital, com atribuição na defesa da infância e juventude, foi quem requereu e obteve na Justiça a medida de proteção que resultou no acolhimento em abrigo da criança. Conforme o MP, outras informações não podem ser fornecidas porque o processo tramita em sigilo.

A situação de Pedrinho, nome fictício para preservar a identidade da criança, foi revelada pelo repórter Domingos Ketelbey, do Mais Goiás, e pela jornalista Ana Paula Belini. Durante meses, ele ocupou um leito de UTI não por necessidade médica, mas porque havia sido abandonado e aguardava definição judicial. Nesse período, cresceu sem contato com o mundo externo, privado de estímulos básicos ao desenvolvimento infantil, em meio à rotina intensa de uma unidade de terapia intensiva.

O menino foi internado ainda recém-nascido. Desde cedo, relatórios médicos e sociais apontavam fragilidade nos vínculos familiares. Com o tempo, os pais deixaram de visitá-lo e o caso passou a ser acompanhado pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e Juventude. A morosidade do processo, no entanto, manteve o impasse: não havia definição sobre adoção ou acolhimento institucional.

Somente no último dia 3 de setembro, a Justiça determinou o acolhimento provisório em abrigo, levando em conta as necessidades de saúde da criança. Os pais foram citados para prestar esclarecimentos, e o Conselho Tutelar foi designado para acompanhar o caso. A criança deixou o local em 5 de setembro.

Nega abandono

À época, a mãe do menor conversou com o Mais Goiás. G.L.A.S., de 23 anos, disse que os trabalhadores do local barravam a visita dela ao filho. Clinicamente estável, desde abril deste ano a criança está sem receber qualquer visita da família biológica. A alta teria ocorrido em maio. Ele foi alvo de uma medida protetiva do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) e encaminhado a um abrigo. “Soube por reportagem que ele não estava mais lá.”

G.L.A.S. nega que tenha abandonado o filho e afirma que sente muita falta dele, e que tentou visitá-lo diversas vezes. “Todas as vezes, pegavam a gente na recepção e não deixavam subir [para ver o filho]”, disse, mas não explicou o motivo da proibição. “Tentamos resolver [a situação], mas não conseguimos. Agora arrumamos um advogado.” Além de buscar reaver a criança, ela afirma que também pretende processar o Hugol. A mulher vive em no interior, em Campestre de Goiás.

Naquele momento, o Mais Goiás procurou o Hospital para comentar a fala da mãe da criança. A unidade enviou a seguinte nota:

“O Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) informa que o paciente P.A.S.R., de 1 ano e 8 meses, que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva Cardiopediátrica, recebeu alta no dia 5 de setembro de 2025, em estado de saúde estável. O paciente encontrava-se consciente e respirando espontaneamente.

Durante todo o período de internação, a criança recebeu acompanhamento integral da equipe multiprofissional, seguindo rigorosamente os protocolos assistenciais da unidade, que asseguram cuidado, segurança e acolhimento aos pacientes.

Em relação às acusações feitas por familiares sobre a condução do caso, o hospital esclarece que a situação está sob responsabilidade das autoridades competentes e corre em segredo de justiça, por envolver menor de idade. Informamos ainda que todas as tentativas de contato e mediação realizadas pela unidade foram devidamente registradas e encaminhadas às autoridades responsáveis para a devida apuração.”