PREFEITURA

Suspensão de contratos temporários em Goiânia é inconstitucional, diz professor

Rafael Arruda afirma que prefeitura exorbitou suas funções ao dispor sobre regime jurídico de servidores por decreto

Grupo de vereadores quer indicar vice de Iris Rezende
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O advogado e professor de Direito Administrativo Rafael Arruda afirma que o decreto do prefeito Iris Rezende (MDB) que suspendeu, por tempo indeterminado, o contrato de 3,1 mil servidores temporários da prefeitura de Goiânia é inconstitucional.

“Trata-se de um decreto com muita fragilidade jurídica”, afirma o professor. “Dispõe sobre o regime jurídico de agentes públicos, matéria que só pode ser regulamentada por lei. O prefeito deveria ter enviado um projeto de lei à Câmara Municipal para suspender os contratos, se é o que deseja. Com um decreto, ele exorbita as suas funções regulamentares”. 

O decreto 893  atingiu diretamente 1.497 professores, 1.572 servidores da área administrativa e 28 temporários da Agência Municipal de Turismo e Lazer (Agetul), que atuavam no Mutirama e no Zoológico. Além desses, gerou prejuízo a 27 mil servidores efetivos com corte de horas extras, auxílio-transporte e outras gratificações.

Advogado e professor de Direito Administrativo Rafael Arruda (Foto: Arquivo Pessoal)

Rafael Arruda afirma que a inconstitucionalidade do decreto abre amplo caminho para questionamento nos tribunais – caso haja provocação por parte do Ministério Público e dos sindicatos, por exemplo – e na Câmara Municipal. O Mais Goiás informou, na terça-feira, que as vereadoras Sabrina Garcêz, Tatiana Lemos e Priscila Tejota elaboraram um projeto de decreto legislativo que visa a sustar a suspensão dos contratos dos temporários.

“O decreto legislativo é a melhor alternativa que há, na Câmara, para anular atos do poder Executivo que extrapolem as suas funções regulamentares”, disse o professor. “É provável que, daqui para frente, assistamos um acalorado enfrentamento político e jurídico”.