Tarcísio usa precedente de Goiás para cobrar saída da Enel de São Paulo
"Quem era a concessionária que foi substituída no Estado de Goiás por deficiência técnica? A Enel"
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), usou o histórico de Goiás para cobrar ações do governo federal contra a Enel. Ele já conversou com o presidente Lula (PT) sobre a possibilidade de intervenção na última semana e deve se reunir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta terça (16). Blecautes na Grande São Paulo começaram na quarta-feira passada (10) e deixaram mais de 2 milhões sem luz. Na segunda-feira, eram 29,1 mil consumidores no escuro.
“Quem era a concessionária que foi substituída no Estado de Goiás por deficiência técnica? A Enel. (…) A pergunta é: por que esses remédios foram usados em outras unidades da Federação e não estão sendo usados no estado de São Paulo?”, disse Tarcísio ao UOL e lembrou que a empresa foi alvo de pressão em 2022 até ser vendida, devido a uma série de falhas. “A gente tem de deixar claro que a Constituição estabeleceu competências e atribuiu à União a competência pelo serviço de distribuição de energia.”
Tarcísio quer que o governo federal se movimente e não empurre “goela abaixo” a renovação do contrato. “Tive a oportunidade de falar com o presidente da República e dizer o seguinte: ‘É a regulação que tem os remédios para resolver esse problema'”, afirmou o governador sobre o encontro da última semana. O chefe do Executivo paulista também pretende uma nova ação na Justiça.
O governador ainda afirma que, com o fim do contrato em 2028, a Enel não tem feito os investimentos necessários e reduziu equipes, além de deixar de lado ações de manutenção e reforço de rede. Entre elas, poda de árvores e automação do sistema. Tarcísio cita, ainda, que no Paraná, onde a privatizada Companhia Paranaense de Energia (Copel) enfrentou crise por causa de eventos climáticos, a resposta foi mais rápida.
Mas ainda sobre Goiás, o caso citado por Tarcísio se refere à transição conturbada ocorrida em Goiás, onde a Enel, após adquirir a estatal Celg-D, enfrentou anos de desgaste com o governo estadual e a população devido à má qualidade do serviço. A pressão política, liderada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), garantiu a venda da operação para a Equatorial Energia em dezembro de 2022.