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Travestis são presas suspeitas de assassinatos e exploração sexual em Goiânia

Seis travestis e um homem foram presos temporariamente suspeitos de cometer uma série de crimes…

Seis travestis e um homem foram presos temporariamente suspeitos de cometer uma série de crimes contra outras travestis, entre eles extorsão, ameaça e assassinatos. O grupo, segundo a polícia, teria executado pelo menos cinco travestis nos últimos três anos em Goiânia.

A chefe da quadrilha, de acordo com o delegado Thiago Martiniano, adjunto da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), seria Gabriel Gomes da Silva, de 31 anos, que usa o nome de Gabriela Vontay. Dona de quatro casas, sendo uma no Celina Parque, duas no Parque Industrial João Braz e uma no Bairro Goiá, Gabriela cobrava uma diária de R$ 50 para que travestis pudesse morar em algum destes imóveis.

Esse mesmo valor, segundo as investigações, era cobrado pela travesti que quisesse fazer ponto no Bairro São Francisco. “Quem não concordava em pagar, ou mudava de lugar ou era ameaçado, espancado, e caso permanecesse por ali morria”, destacou o delegado. Até agora, segundo Thiago Martiniano, pelo menos 40 travestis que eram extorquidas já foram identificadas.

Gabriela também é suspeita de duas mortes de travestis ocorridas neste ano: Wandson Pereira Souza, a “Nicole”, morreu em nove de abril após uma aplicação de silicone industrial que teria sido feita por Gabriela dentro da casa dela no Bairro Goiá. Em 22 de julho no Bairro São Francisco, Ademilson Dias da Costa de 22 anos, a “Ágata”, foi executada a tiros em frente aos motéis do Bairro São Francisco. 

“Além de decretar a morte de quem não pagava, Gabriela também vendia alguns pontos e depois que recebia o valor exigido expulsava a compradora do local. Só neste ano nós já confirmamos a autoria desses dois assassinatos, mas há outros três casos ocorridos em 2014 e 2015 que também são atribuídos a ela e aos demais presos”, concluiu o adjunto da DIH.

Além de Gabriela, a polícia prendeu também José Ilson Araújo dos Santos de 26 anos, a “Michele Brasil”, Jamerson Araúijo de Jesus de 34 anos, a “Rebeca Fox”, Didiviy Robert de Oliveira de 25 anos, a “Lara”, Celiomar de Souza Vieira de 44 anos, a “Emily”, que era quem aplicava silicone industrial nas outras travestis, e Sebastião Batista Sobrinho de 55 anos, o “Tiãozinho”, que seria olheiro e motorista da quadrilha. De acordo com as investigações, foi Tiãozinho quem descobriu onde Nayara estava fazendo ponto em 22 de julho e levou as pessoas para executá-la.

Na casa de Gabriela a polícia apreendeu frascos de silicone industrial, seringas, facões, porretes de madeira com pregos na ponta, um revólver calibre 38 e 28 munições. Cada aplicação de silicone, conforme apurou a polícia, custava de R$ 5 mil a R$ 6 mil. 

Além de terem os mandados de prisão temporária cumpridos, todos os presos foram autuados por associação criminosa, exploração sexual, exercício irregular da medicina e extorsão. Conhecida como Kélita Maya, outra travesti que segundo a polícia também faz parte da quadrilha, fugiu na semana passada para o Tocantins.