PESQUISA

UFG desenvolve método para controle biológico de Aedes aegypti

Pesquisadores do Laboratório de Patologia de Invertebrados do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública…

UFG desenvolve método para controle biológico de Aedes aegypti
UFG desenvolve método para controle biológico de Aedes aegypti (Foto: Agência Brasil - Divulgação)

Pesquisadores do Laboratório de Patologia de Invertebrados do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (LPI/IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um método para controle biológico do Aedes aegypti. O inseto é o transmissor principal dos vírus da dengue, Zika e chikungunya. A formulação do método consiste em uma estrutura que é  capaz de infectar e causar a morte de adultos, larvas e ovos desse mosquito.

A pesquisa vem sendo realizada ao longo dos últimos anos e desenvolveu formulações granulares que carregam conídios e microescleródios do fungo chamado Metarhizium humberi. Os microescleródios, que são estruturas resistentes com reservas nutritivas, produzem novos conídios deste fungo, que é capaz de infectar e causar a morte de adultos, larvas e ovos desse mosquito.

Como o método de controle funciona?

O mosquito é atraído para um dispositivo por causa da sua semelhança com um criadouro ou local de descanso. No dispositivo, o inseto tem contato com o tecido que contém grânulos com fungo. Nesses grânulos, há microescleródios que, em ambientes com umidade elevada, produzem conídios, que são infectantes para os mosquitos.

“Resultados dos nossos estudos mostram a importância da umidade elevada para produção de conídios. A formulação é aplicada dentro dos dispositivos, que não são armadilhas pois os mosquitos não ficam presos: entram, ficam contaminados e saem”, afirma o professor Wolf Christian Luz que liderou a pesquisa.

A ideia seria esse dispositivo ficar em áreas peridomiciliares onde ocorre a incidência desse mosquito. Os pesquisadores realizaram testes com dois tipos de composição de veículos para grânulos ou pellets com microescleródios de Metarhizium humberi. Um feito com celulose microcristalina e terra diatomácea e o outro com uma combinação de vermiculita, terra diatomácea e dióxido de silício. Os pellets são grânulos também, mas passaram por um processo chamado esferonização.

Os resultados mostraram que a segunda formulação com vermiculita como veículo principal foi mais promissora do que a primeira. De acordo com o professor, Metarhizium humberi é uma espécie nova e foi isolado pela primeira vez em 2001 pelo grupo liderado pelo professor Christian a partir de amostras de solo coletadas no Cerrado.

“A linhagem Metarhizium humberi IP 46 utilizada na nossa pesquisa já foi estudada intensamente em Aedes aegypti em condições de laboratório e apresenta atividade inseticida em ovos, larvas e adultos desse vetor. O objetivo dos estudos em andamento é melhorar a atividade do fungo através de métodos de produção, formulação e aplicação de fungos para controle do Aedes aegypti”, esclarece Christian.

Pesquisa em três etapas

Até o momento, já foram realizadas três etapas da pesquisa, estudos in vitro com preparações diferentes de formulação granulada para melhoramento da produção de conídios sobre os grânulos ou pellets após a aplicação; estudos em condições de laboratório com adultos de Aedes aegypti; e estudos em condições de semi-campo e de campo com um dispositivo protótipo e grânulos para controle do inseto.

Segundo os pesquisadores, os passos seguintes serão estudos sobre o melhoramento de formulações e métodos de aplicação, o comportamento de adultos de Aedes aegypti, métodos sobre a detecção de IP 46 para o monitoramento do efeito de aplicação e dispersão do fungo em condições de semi-campo e de campo.

Os experimentos foram realizados em laboratório sob condições controladas, mas o professor já vislumbra bons resultados nas próximas etapas da pesquisa. “Fizemos testes de semi-campo e de campo com um dispositivo desenvolvido por nosso grupo utilizando uma formulação granulada desse fungo numa pequena cidade perto de Goiânia para controle do Aedes aegypti. Os resultados são promissores”, exalta.