“Não tem conversa, bota ela no carro”: Representante de clínica orientou internação forçada em Goiânia; áudio
Áudio detalha valores cobrados pela remoção e matrícula da internação e seriam pagos pelo genitor
Áudio obtido pela Polícia Militar revela que um representante de uma clínica de reabilitação orientou a internação forçada de uma mulher, 43, na tarde deste domingo (2/11), em Goiânia. A ação, investigada como sequestro e que terminou com três presos, teria sido planejada pelo pai da vítima em um contexto de disputa por herança. “Não pode machucar essa menina, mas qualquer coisa mete as duas mãos debaixo do ‘sovaco’ dela ali e prende as mãos atrás da nuca dela… um segura nas pernas e vocês levam embora para dentro do carro. Chegar, não tem conversa. Já vai direto nela, bota ela no carro, certo? E aí um de vocês vai conversar com o pai dela sobre o dinheiro.”
Em seguida, o representante detalha o pagamento acordado, “É 400 da remoção e R$ 1,6 mil da matrícula.” O áudio, segundo a polícia, revela premedição e o caráter e comercial da operação. O conteúdo das mensagens foi anexado ao registro policial e ocupa uma posição central nas investigações, já que também reforça o pai como mandante da extração criminosa.
Sequestro, interceptação e resgate
A vítima relatou que estava em casa preparando o almoço quando recebeu a visita do pai, que anunciou: “Você vai ser internada agora”. Três homens entraram na residência, imobilizaram a mulher e, conforme ela relatou, o pai lhe desferiu três murros na testa enquanto era retirada e colocada no veículo. “Eu não fiz nada. Estava em casa, preparando comida para o meu pai. Saí de casa humilhada, na frente de vizinhos”, disse a mulher à Polícia Militar.
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Equipes do 45º BPM (Aparecida de Goiânia) e do 7º BPM (Jardim Europa) conseguiram interceptar o veículo e prender três suspeitos, de 23, 36 e 39 anos, na GO-040, no Setor Garavelo. A vítima foi resgatada e encaminhada à Central de Flagrantes em estado de abalo emocional. Os três foram autuados por sequestro e cárcere privado.
Pai teria sido mandante
Segundo a mulher, o pai de 64 anos teria arquitetado a ação motivado por uma disputa de herança: a avó dela morreu há cinco dias e deixou uma casa no Setor Bueno com várias quitinetes, cuja maior parte seria da vítima; o pai, porém, disputa o controle do bem com outros irmãos. A Polícia Civil investiga a participação do pai e apura se a clínica agiu de forma irregular ao orientar e aceitar a internação sem autorização judicial. A investigação apura responsabilidades dos executores à possível cumplicidade institucional para determinar também se houve crime por parte do representante da clínica.
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