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Vereadores avaliam trabalhos desenvolvidos pela CEI da Saúde

Nesta segunda-feira (21/5) seria o último dia de trabalho da Comissão Especial de Inquérito (CEI)…

Nesta segunda-feira (21/5) seria o último dia de trabalho da Comissão Especial de Inquérito (CEI) instalada na Câmara Municipal para apurar irregularidades na Saúde da Capital. As atividades, entretanto, foram concluídas na sexta-feira (18), embora o relatório ainda tenha que ser compartilhado com os vereadores da casa. De acordo com o presidente da comissão, Clécio Alves (MDB) o documento deverá ser lido pelo relator CEI, vereador Elias Vaz (PSB), na sessão desta terça-feira (22) e, de lá, será encaminhado para órgãos estaduais e federais, os quais deverão aprofundar as investigações. Apesar de recém-encerrada, a comissão já colhe desdobramentos considerados positivos pelos parlamentares.

Para dra. Cristina (PSDB), o trabalho foi exaustivo, mas conseguiu atingir o objetivo de expor mazelas provocadas, segundo ela, pela ingerência da pasta. Ela afirma que provas e testemunhos apontaram para uma desconstrução do sistema de atenção básica da Saúde Municipal.

“Os serviços mais afetados foram os laboratórios de Raio X e de análises clínicas. Antes, a pessoa chegava no Cais, já colhia o exame e até saia com o resultado. Com a terceirização, houve uma penalização do doente, que fica esperando pelo diagnóstico. Ainda, os materiais colhidos são transportados sem critério nenhum, com a possibilidade de gerar, inclusive, contaminações”, reforça.

Outro ponto importante, segundo a parlamentar, foi o levantamento de ocupação dos leitos no Cadastro Nacional de Leitos de UTIs (Cnes). “Apuramos que tem hospitais cadastrados que não funcionam mais. Caso do Hospital Santa Genoveva, fechado há dois anos, mas cujos leitos aparecem no Cnes. Esse é um erro gravíssimo, que gera mortes e a responsabilidade de atualizar o cadastro é da SMS. Quantas pessoas não estão esperando? Dependendo do tempo, a morte pode vir mais rápido”.

Cristina ainda ressalta dois desdobramentos ágeis da comissão: demissão do secretário de comunicação Luís Felipe Gabriel Gomes, responsável pela divulgação de um comercial televisivo considerado “mentiroso” pela vereadora e a convocação da Secretária Fátima Mrué, titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) à oitiva na Delegacia Estadual de investigação de Homicídios (DIH). A gestora terá que prestar esclarecimentos sobre a má gestão de leitos de UTI, o que, segundo a CEI, culminou na morte de pacientes.

“Isso é resultado da CEI. O secretário de comunicação foi exonerado na quinta-feira (17), em razão do comercial mentiroso em que ressaltavam qualidades do atendimento público que não correspondem à verdade. Fátima, por outro lado, se fechou em sua administração. Não há diálogo e os erros provocados pela má gestão afetam a vida de todos. Inclusive, vai ter que prestar esclarecimentos na polícia por óbitos que poderiam ter sido evitados, caso a gestão dos leitos funcionasse”.

O Mais Goiás entrou em contato com o delegado Rômulo Figueiredo, responsável pela oitiva. Na entrevista, ele afirmou que Fátima solicitou adiamento da oitiva programada para a manhã desta segunda-feira (21). “Ela disse que tinha um compromisso previamente agendado e solicitou adiamento para amanhã. Ficou para as 9h30. Nós abordaremos casos de pacientes que morreram por falta de leitos de UTI. Comissão de vereadores apontou que haviam vagas, mas que estas foram recusadas por motivo não técnico”, explica ele.

“Amigos a parte”

Vereador que presidiu a comissão, Clécio Alves, também tem uma visão positiva dos trabalhos desenvolvidos pela CEI. “A comissão se justificou. Pudemos verificar e questionar falhas, muitas falhas praticadas pela SMS. Mais que isso, pudemos também apresentar soluções e saídas para que a situação caótica seja resolvida”.

Para ele, o aspecto mais importante da comissão foi “fazer diferença na vida de quem precisa”. “Tivemos um papel fundamental, de cuidado com a vida das pessoas. A CEI foi diferente nesse ponto e as medidas que elencamos e aprovamos serão tomadas. Isso não irá parar por aqui. Houve comprovações documentais de falhas, superfaturamentos e desvios e as medidas serão tomadas a partir dessa semana”.

Correligionário e amigo íntimo de Íris Rezende, ele afirma que não tem arrependimentos. “Tudo o que eu fiz, faria mil vezes. Cumpri meu papel institucional para ajudar equeles que não tem condições e dependem da saúde pública. Sou amigo do prefeito, mas amigo verdadeiro não passa a mão na cabeça. É o meu espelho político, mas eu não poderia deixar e aceitar a saúde do jeito que está”. Como presidente, Clécio desempatou votação que poderia culminar na recomendação de indiciamento do prefeito durante a votação do relatório.

A redação tentou contato também com os vereadores Elias Vaz (PSB) e Paulo Daher (DEM), mas o contato não foi completado.