Vítima de abuso e incêndio é testemunha contra suposto serial killer de Rio Verde
Rildo acreditou que ela estivesse morta e a abandonou em um lote baldio, o mesmo local onde o corpo de Monara foi encontrado
Vítima de abuso e incêndio, sobrevivente é uma das testemunhas contra o suposto serial killer Rildo Soares, preso desde o dia 12, em Rio Verde. A mulher, identificada com o nome fictício de “Marcela”, tem 26 anos e conseguiu escapar após ser atacada e queimada viva. Ela teria sido o segundo “alvo” do suspeito em Goiás. Conforme o delegado Adelson Candeo, titular do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH), “ela desmaiou durante o ataque, momento em que Rildo acreditou que ela estivesse morta e a abandonou em um lote baldio — o mesmo local onde o corpo de Monara Pires Gouveia, de 31 anos, foi encontrado quatro meses depois”.
A apresentação ocorreu nesta segunda-feira (28), quando a Polícia Civil divulgou as dez vítimas que teriam sido abordadas por Rildo Soares e detalhou os crimes cometidos contra cada uma delas, que inclui três feminicídios consumados, estupros, tentativas de feminicídio, latrocínio e furtos com incêndio de veículos.
Segundo Candeo, o modus operandi do suspeito envolve ataques violentos, uso de fogo, disfarce com roupas de gari, violência sexual e tentativa de ocultação de cadáver. Suas vítimas são geralmente mulheres, a maioria usuárias de drogas, abordadas em locais próximos à sua residência durante a madrugada. Ele as ameaça com o uso de uma faca, leva-as para lotes baldios e, geralmente, aplica o primeiro golpe na cabeça para imobilizá-las antes de cometer a agressão sexual.
LEIA MAIS:
- “Se desfazia das mulheres como lixo”, delegado detalha perfil violento de Rildo Soares
- Possível serial killer é investigado por 6 crimes violentos em Goiás; entenda

Linha do tempo dos crimes
1º de março de 2025 – Primeiro estupro: Uma mulher foi estuprada com violência e agressões no bairro Popular. A vítima conseguiu escapar do ataque com alguns ferimentos e não precisou ser hospitalizada, mas passou por acompanhamento clínico e reconheceu Rildo como autor.
1º de março de 2025 – Segundo crime: No mesmo dia, o suspeito atacou e estuprou outra mulher, identificada como “Marcela” (nome fictício para preservar a identidade), de 26 anos. Em seguida, ela foi espancada e incendiada viva, permanecendo desacordada durante a madrugada em um terreno baldio próximo ao local do primeiro crime. A vítima sobreviveu, passou por múltiplas cirurgias e segue em tratamento em São Paulo.
4 de maio de 2025 – Primeira desaparecida: Neilma de Souza Carvalho, de 42 anos, dependente química, morava com a mãe, mas decidiu sair de casa, tem psicose e acredita estar sendo perseguida pela família. Mesmo em situação de rua, ligava para sua genitora, mas não deu mais notícias. Seu RG foi encontrado dias depois, mas até o momento não há pistas sobre seu paradeiro. Rildo não confirma ter estado com Neilma, mas não nega que possa ter sido sua vítima.
10 de maio de 2025 – Furto, roubo e incêndio contra ex-patrão e uma mulher transeunte: Rildo furtou o veículo de seu ex-patrão e, em seguida, incendiou o carro. Ele também roubou o celular de uma mulher que passava pela rua. O motivo, segundo a polícia, foi vingança. O suspeito havia trabalhado por 30 dias, mas como sempre chegava atrasado, acabou sendo demitido. Revoltado, decidiu prejudicar o ex-patrão e agiu de forma violenta e planejada. Ele foi preso em flagrante e remetido ao Poder Judiciário, mas foi colocado em liberdade após pagar uma fiança de R$ 5 mil.
17 de maio de 2025 – Estupro tentado: Sete dias após receber o direito de responder em liberdade, Rildo tentou fazer uma nova vítima, no entanto, a mulher conseguiu escapar de uma tentativa de estupro no bairro Popular. Após a prisão do suspeito, a mulher o reconheceu como o autor do ataque.
7 de julho de 2025 – Primeiro feminicídio: Monara Pires Gouveia de 31 anos, foi estuprada e quando tentou fugir golpeada na cabeça e carbonizada ainda viva em um terreno baldio. O laudo confirmou traumatismo crânio-encefálico e sinais de carbonização em vida. Rildo confessou o a morte e o abuso. O laudo que confirma a violência sexual ainda não ficou pronto. O motivo teria sido o furto de R$ 600 reais que o suspeito alega que Monara levou da sua casa durante uma faxina. Ele teria premeditado a morte dela um mês antes.

29 de agosto de 2025 – Segundo feminicídio: Alexânia Hermógenes Carneiro, de 40 anos, vivia em situação de rua e foi espancada até a morte em um terreno baldio no bairro Santo Agostinho. Rildo admitiu ter levado a vítima ao local e confessou o crime à polícia. Em depoimento, relatou que ela teria comprado drogas de um traficante em seu nome. Furioso armou a emboscada contra a mulher conhecida também como “Lessi”.
29 de agosto de 2025 – Segundo desaparecimento: Ingrid Ferreira Barbosa Romagnoli, de 38 anos. A mulher seria usuária de drogas e desapareceu no bairro Popular. Seu paradeiro ainda é desconhecido. A mãe de Ingrid teria reconhecido a bolsa da filha entre os objetos apreendidos na casa de Rildo. Ele afirmou não se lembrar de ter estado com a possível vítima, mas não descarta que possa tê-la matado também.
7 de setembro de 2025 – Latrocínio tentado: Rildo tentou roubar um homem que estava dormindo após ingerir álcool dentro do veículo, o suspeito teria cortado sua garganta, subtraindo carro, celular e chaves. O veículo foi incendiado. Os objetos foram encontrados em sua residência e ele foi reconhecido por câmeras de segurança.
12 de setembro de 2025 – Terceiro feminicídio: Elisângela da Silva Souza, 26 anos, desapareceu quando saía para o trabalho às 4h da manhã. Câmaras de segurança registraram quando ela passa ao lado de Rildo, sendo levada para um lote baldio. A jovem foi brutalmente espancada após desarmar o suspeito e golpeá-lo no braço. Elisângela foi encontrada parcialmente enterrada, seminua e desfigurada. Rildo foi preso ao retornar ao local da perícia. O laudo confirmou abuso sexual, homicídio e ocultação de cadáver.

Rildo foi preso ao retornar ao local do crime para verificar o trabalho da perícia, sendo reconhecido por um investigador que monitorava a movimentação. Em sua residência, a Polícia encontrou uniformes de gari, bolsas de vítimas, três facas e três bonecas — uma delas reconhecida pela mãe de uma criança que havia sido furtada enquanto Rildo prestava serviço na montagem de móveis com um colega.
LEIA TAMBÉM: