INVESTIGAÇÃO

WePink: empresa de Virginia informa ao MP que faz cerca de 13 mil vendas por dia

WePink é acusada pelo Ministério Público de desrespeitar direitos de consumidores do país inteiro

WePink: empresa de Virginia informa ao MP que faz cerca de 13 mil vendas por dia

Durante reunião que aconteceu no dia 24 de junho de 2025, na 70ª Promotoria de Justiça de Goiás, representantes da empresa de cosméticos WePink, que está sendo acusada de práticas abusivas contra consumidores, apresentaram números surpreendentes a respeito da atividade comercial da marca: entre 1º de janeiro desse ano e 31 de maio, foram realizadas 1.983.963 vendas – impulsionadas pelas lives promocionais da proprietária e influenciadora digital Virginia Fonseca. Ou seja: 13.138 por dia.

O Ministério Público entende que o volume alto de vendas, embora seja bom para a conta bancária de Virgínia e do sócio dela, Thiago Stabile, tem um efeito colateral que precisa ser atacado com urgência: a má qualidade na prestação de serviços ao consumidor. O promotor Élvio Vicente, que está à frente da investigação, fez um levantamento junto ao site Reclame Aqui e constatou que a WePink recebe, só nessa plataforma, média de 177 reclamações por dia, apontando falhas nas entregas, descumprimento de ofertas e dificuldades de reembolso.

“As 90.856 reclamações formais registradas em 2024 revelam um drama humano coletivo de milhares de consumidores ludibriados, em suas expectativas mais básicas, na aquisição de produtos”, diz a ação. “Seduzidos pela confiança depositada em influenciadora de renome nacional, realizaram compras legítimas mas depararam-se com realidade brutal de total descaso pós-venda: produtos jamais entregues, atendimento inexistente, reembolsos ignorados sistematicamente, canais de comunicação propositalmente obstruídos”.

A empresa rebateu a afirmação com números próprios, dizendo que das 1,98 milhão de vendas realizadas entre 1º de janeiro e 31 de maio de 2025, 94% dos pedidos foram entregues; 3,7% foram enviados e estão em rota de entrega; 0,73% encontravam-se atrasados naquela data; 0,59% estavam faturados aguardando coleta da transportadora; 0,49% haviam sido devolvidos ao remetente e 0,36% foram cancelados a pedido dos consumidores.

Os representantes da marca afirmaram também que, no período entre maio/2024 e maio/2025, a empresa totalizou 363.662 vendas e que, desse número, ocorreram atrasos nos despachos de 15% das compras (ou seja, atrasos apenas em Goiás de 54 mil casos).

A WePink defende que os índices demonstram que 85% das compras realizadas on-line são devidamente entregues dentro do prazo. Quanto às ocorrências de atraso, os representantes disseram que elas podem ser atribuídas a fatores alheios ao controle do empreendimento, como aumento da demanda, questões logísticas, problemas ocorridos junto à transportadora e incongruências nos dados fornecidos pelos consumidores ao inserir o endereço no momento da compra, além dos casos em que os consumidores não são localizados no endereço fornecido.

Ainda durante a reunião, a marca informou que estava providenciando um aumento no quadro de funcionários, que na época era formado por 657 colaboradores.

Pedido de ondenação

O MP requer que a WePink seja condenada a pagar indenização por danos morais coletivos em valor que não seja inferior a R$ 5 milhões, a ser revertido ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, e que haja responsabilização solidária de todos os réus – incluindo Virgínia. Pede também que a empresa e os sócios sejam obrigados a entregar aos consumidores prejudicados e identificados todos os produtos adquiridos e não recebidos em prazo a ser fixado judicialmente, bem como fornecer novo produto em caso de defeito de fabricação ou reembolso, em caso de multa.

A investigação do MP constatou as seguintes práticas abusivas:

  • Falta de entrega de produtos: milhares de consumidoras e consumidores pagaram por produtos que nunca receberam, mesmo após meses de espera;
  • Descumprimento de prazos: atrasos generalizados nas entregas, com casos que ultrapassaram sete meses;
  • Dificuldade de reembolso: resistência sistemática da empresa em devolver valores pagos;
    Atendimento deficiente: sistema automatizado (30% do atendimento) que não resolve os problemas, gerando peregrinação das consumidoras e dos consumidores;
  • Exclusão de críticas: remoção sistemática de comentários negativos nas redes sociais para ocultar reclamações;
  • Produtos com defeito: entrega de cosméticos estragados ou em desacordo com o anunciado.

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