Wilson Pollara passa mal e é levado para hospital
Recentemente, o MPGO conseguiu a prorrogação em cinco dias da prisão temporária do ex-secretário

Wilson Pollara, ex-secretário de Saúde Goiânia preso na última semana em operação do Ministério Público (MPGO), teve uma suspeita de infarto agudo do miocárdio e precisou ser transferido da Casa do Albergado para um hospital do município. Ele foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A informação foi repassada pela defesa do ex-titular da SMS.
Advogado do investigado, Thiago Peres teme pela vida do cliente, caso a manutenção da prisão temporária persista. A defesa aguarda um pedido para conversão da prisão em domiciliar.
Conforme a defesa, Pollara possui doença arterial coronariana e, atualmente, apresenta quadro de arritmias cardíacas e hipertensão arterial, dificuldade de locomoção em razão de problemas musculares, além de outras complicações decorrentes do tratamento de dois cânceres. Uma vez que a saúde do ex-secretário requer cuidados especiais, segundo o advogado, “a prisão temporária coloca em xeque a integridade física e a dignidade humana do cliente”.
Vale citar, o investigado tem 75 anos. “Neste sentido, a defesa está confiante de que o pedido de substituição por prisão domiciliar será deferido. Reiteramos, ainda, o entendimento de que a prisão temporária é desnecessária e já cumpriu sua finalidade.”
A defesa lembra que já ocorreu a apreensão de aparelhos celulares e de eventuais documentos na residência e nos locais públicos onde o investigado prestava serviço. “Além disso, as medidas cautelares fixadas juntamente com o decreto de prisão mostram-se mais do que suficientes para garantir o procedimento de investigação criminal do Ministério Público de Goiás (MPGO) – suspensão do exercício das funções públicas, proibição de entrada em prédios relacionados à prestação de serviços de saúde e restrição de contato com testemunhas ou outros investigados.”
Recentemente, o MPGO conseguiu a prorrogação em cinco dias da prisão temporária de Pollara.
Operação contra Pollara
A prisão do ex-secretário e outros dois ex-gestores da pasta, durante a Operação Comorbidade, ocorreu na manhã da última quarta-feira. Segundo o MPGO, a secretaria municipal de Saúde (SMS), sob o comando de Pollara, tinha contato direto com os fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão de três maternidades na capital, e realizava pagamentos de forma não oficial.
De acordo com o MPGO, Pollara e os outros investigados (Quesede Ayres Henrique que atuava como secretário-executivo da pasta e Bruno Vianna, então diretor financeiro da SMS) formaram uma associação criminosa que favorecia empresas por meio de pagamentos irregulares – e eles próprios -, desrespeitando a ordem cronológica de exigibilidade e causando prejuízos aos cofres públicos. O esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, agravando a crise no setor. Recentemente, o caos refletiu na fila das UTIs com pessoas morrendo à espera de uma vaga.
Um dos reflexos do esquema foi a interrupção de repasses financeiros para entidades do terceiro setor, como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas, responsável pela gestão de unidades hospitalares e maternidades em Goiânia. Com um passivo de R$ 121,8 milhões junto a fornecedores, a Fundahc enfrenta dificuldades para manter o funcionamento regular dos serviços.
Além das prisões, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e determinada a suspensão das funções públicas dos três servidores. As ações foram realizadas na sede da Secretaria Municipal de Saúde, nas residências dos presos e de um empresário vinculado aos contratos investigados. Durante as buscas, os agentes encontraram R$ 20.085,00 em dinheiro na posse de um dos alvos.
Por meio de nota, a prefeitura de Goiânia destacou colaborar com as investigações e que tomará as medidas administrativas cabíveis a partir do desdobramento da apuração feita pelo Ministério Público de Goiás. Nesta tarde, inclusive, o município trocou o secretário. A nova titular da pasta é Cynara Mathias Costa.
[ATUALIZAÇÃO] Nota atualizada da defesa de Wilson Pollara:
“A defesa de Wilson Pollara informa que seu cliente apresentou fortes dores no peito na tarde deste domingo (01) e, em função disso, foi transferido pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para o Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) Novo Horizonte para a realização de exames.
Desde a última sexta-feira (29), a defesa aguarda a apreciação do pedido de substituição da prisão temporária de Pollara pela prisão domiciliar, em razão do agravamento do estado de saúde do médico. Como ainda não houve decisão a respeito, um novo habeas corpus com pedido em liminar foi impetrado hoje.
A defesa alerta que a manutenção da prisão temporária pode colocar a vida de seu cliente em risco, por tratar-se de um idoso de 75 anos com diversas comorbidades, que já foi submetido à angioplastia com stents e que, no último dia 4 de novembro, chegou a necessitar de atendimento médico de urgência, pois teve um desmaio em decorrência de seus problemas cardíacos.
Um laudo médico foi apresentado ao Ministério Público de Goiás informando sobre as condições precárias de saúde de Pollara, que possui doença arterial coronariana e, neste momento, apresenta quadro de arritmias cardíacas e hipertensão arterial, dificuldade de locomoção em razão de problemas musculares, além de outras complicações decorrentes do tratamento de dois cânceres.”
Thiago M. Peres
OAB/SP 257.761
OAB/GO 70.310