Literatura

Moradores pioneiros de Goiânia contam história no livro Alameda dos Buritis

Um projeto literário pioneiro será lançado na próxima terça-feira (5), na Academia Feminina de Letras…

Um projeto literário pioneiro será lançado na próxima terça-feira (5), na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (Aflag). Trata-se do livro Alameda dos Buritis, que retrata os moradores pioneiros nas décadas de 1940 e 1950 que viveram nesta via pública.

O projeto, capitaneado pela Aflag, vai, segundo sua presidente Alba Lucinia Dayrell, apoiar outros escritores que desejarem contar como eram as ruas históricas da capital, a começar por ela própria, que pretende eternizar os antigos moradores da Rua 23, no Centro.

Os autores são a arquiteta Narcisa Abreu Cordeiro e o desembargador aposentado Rogério Arédio Ferreira, que vivenciaram sua juventude no local e conheceram cada detalhe da região. O livro tem a curadoria do acadêmico Ubirajara Galli e a colaboração de Ana Carolina D’Abreu Carvalho Pires, filha de Narcisa.

Segundo explica a coautora, a Alameda dos Buritis é “poética e icônica”. Para quem ainda não se situou, a via começa junto com a Avenida Assis Chateaubriand, cada uma para um lado, na altura do Tribunal de Justiça, e vai margeando o Bosque dos Buritis e o Ateneu Dom Bosco, até se encontrar com a Avenida Anhanguera, onde está atualmente a Caixa Econômica Federal, junto ao Jóquei Clube.

Narcisa credita muito do que está no livro às suas conversas com a vizinha Marisa Lobo, “de fantástica memória”. Um capítulo está dedicado ao Abrigo Cristo Redentor, que ficava onde hoje está construído o Tribunal de Justiça do Estado. Um dos fatos curiosos que se percebe na leitura é a grande quantidade de intelectuais e construtores que povoavam a alameda no início da nova capital.

Destaques para os alemães: o professor Fritz Koeller, que era conhecido por suas virtudes, mas também por ter sido colega de estudos de Albert Einstein, e os urbanistas Ewald Janssen e Sollenberg Werner, que projetaram vários setores goianienses. Também na área de construção civil, ali morava o cartógrafo Pedro Ozório, figura importante na construção de Goiânia.

Da política, dentre os moradores estavam Lívia Teixeira, filha do fundador da capital, Pedro Ludovico, e o outro lado da moeda, representando os Caiado, com Luiz Caiado Fleury. Dentre os intelectuais, estavam a consagrada artista plástica Maria Pacheco, os acadêmicos Eli Brasiliense, Mário Rizério Leite e José Xavier de Almeida Júnior. Este último trouxe para Goiânia o Congresso Internacional de Escritores, em 1954, com a rara presença do chileno Pablo Neruda, que anos depois ganharia o Prêmio Nobel de Literatura.

Outra moradora, Eurídice Natal e Silva, foi fundadora da primeira academia de letras de Goiás, em 1904 e, depois, patrona da cadeira nº 11 da Aflag e 31 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. “No sobrado azul, vizinho de minha casa, participei de seus saraus, cantando acompanhada por ela no piano e os inesquecíveis Jean Douliez, Costinha e Júlio Alencastro Veiga”, relembra Narcisa.

Também havia a família Martini, que teve grande influência no mundo musical goianiense, com o violinista José Martini e esposa Ruth Tavares, que tocava bandolim. Aliás, na noite de lançamento, está confirmado um espetáculo musical sob regência de Silvio Marques, neto de José e Ruth Martini.

Autores

Rogério Arédio Ferreira é desembargador aposentado. Foi vice-presidente do Tribunal de Justiça de Goiás e presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Escritor, é autor de diversos livros históricos e literários, como O Juiz e a Binga, e biográficos, O Tropeiro Eli, e Luiz do Couto. É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, da Academia Itumbiarense de Letras e Artes, da Associação Nacional dos Escritores, das Associações dos Magistrados de Goiás e do Brasil, da Academia Goiana de Direito, da Associação Nacional dos Desembargadores e da Câmara Brasileira do Livro.

Narcisa Abreu Cordeiro é arquiteta, urbanista, escultora, botânica, ambientalista, musicista e empresária. Como escritora, é especialista no trabalho do arquiteto Attílio Correa Lima, sendo curadora e palestrante sobre o tema no Brasil e no exterior. Também é autora de diversos outros livros de arquitetura, a exemplo de Goiânia-Embasamentos do Plano Urbanístico Original, literários, como o de poemas In Totum, e históricos, como Longas Travessias no Sertão Goiano. Pertence a treze instituições culturais relevantes, como a Aflag e o IHGG.

A obra será lançada pela Editora Kelps na sede da Aflag, na Rua 132-C, número 114, no Setor Sul, às 19h30.