"Crise mais grave"

Após seis meses à frente da UEG, reitor interino renuncia ao cargo

Após ficar seis meses como reitor interino da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Ivano Devilla…

Após ficar seis meses como reitor interino da UEG, Ivano Devilla renunciou ao cargo por meio de carta pública divulgada na noite desta quinta-feira (19). (Foto: Reprodução)
Após ficar seis meses como reitor interino da UEG, Ivano Devilla renunciou ao cargo por meio de carta pública divulgada na noite desta quinta-feira (19). (Foto: Reprodução)

Após ficar seis meses como reitor interino da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Ivano Devilla renunciou ao cargo por meio de carta pública divulgada na noite desta quinta-feira (19). No documento, o professor destaca crise pela qual a instituição passa e afirma não acreditar em “interinidade sem data para terminar”. O ex-reitor criticou ainda a falta de agilidade do Governo para autorizar eleição definitiva.

Devilla ficou à frente da instituição em abril deste ano depois que o então reitor Haroldo Reimer deixou o cargo após denúncia de irregularidade em contratos realizados de funcionários por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

A UEG atravessa a mais grave crise de seus 20 anos. Sabemos que só se sai de crises com participação e decisão plural. A renúncia do reitor Haroldo Reimer me levou a interinidade na reitoria. Essa interinidade já dura seis meses. Não acredito em uma interinidade sem data terminar, e não observo que no governo agilidade para nomear cargos de gestão ainda em 2019”, afirma.

Com a decisão, a Universidade fica sem nomes na linha sucessória para substituir Devilla. Em razão disso, o governador Ronaldo Caiado afirmou em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (20) que irá se reunir com o secretariado para decidir sobre o futuro da reitoria.

Eleições rápidas

À época em que assumiu a UEG, Devilla acreditava em uma negociação com o Governo para que uma eleição definitiva ocorresse em junho. O Conselho Superior Universitário (CSU) da instituição chegou a consultar o Estado a autorização da eleição com mandato definitivo de quatro anos.

Sem sucesso, o Conselho decidiu fazer uma eleição para mandato tampão, em que um novo reitor seria nomeado entre outubro e novembro de 2019 e ficaria no cargo até agosto de 2020.

O edital, conforme assessoria da UEG, seria lançado nos próximos dias. Apesar disso, Devilla optou por não esperar e renunciar ao cargo. “A defesa da UEG deve sempre colocar a Universidade acima de interesses pessoais. Não é democrático ocupar o mais alto cargo de sua gestão sem que a comunidade universitária decida”, relatou.

Na carta, o professor também afirma que a comunidade universitária quer eleições livres, democráticas com participação de professores, alunos e servidores. “Me desviei de vaidades e projetos individuais. Não estou renunciando a minha vida acadêmica, científica e política da Universidade. Renuncio para que o futuro aconteça”, disse.

Crise

A UEG vem passando por impasses desde o começo do ano. Professores que não receberam o mês de dezembro e outros benefícios entraram em greve em março e alguns campus da instituição foram paralisados: Itapuranga, Itumbiara, Uruaçu e da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás (Eseffego Goiânia).

Na mesma época, alunos da Universidade protestaram na BR-060, em Anápolis, a cerca de 50 quilômetros de Goiânia. A principal reivindicação foi contra o possível corte de verbas na universidade e dos principais programas de ciência, pesquisa e extensão do Estado.

Na última semana, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou, em segunda e definitiva votação, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 990/19, conhecida como a PEC da Educação, que reduz o gasto com a Educação de 25% para 23%. A UEG, que tinha orçamento próprio equivalente a 2% da receita líquida do Estado de Goiás, passa a integrar a receita de 25%. Essa é a porcentagem de investimento na rede pública de ensino, instituída por lei.