Arlindo Cruz, morto aos 66 anos, teve AVC hemorrágico; entenda a doença
Cantor enfrentava limitações de mobilidade, dificuldades na fala e necessitou de cuidados complexos
O renomado sambista Arlindo Cruz morreu aos 66 anos, no Rio de Janeiro, deixando um legado marcante na história do samba e do pagode. O ícone da música brasileira faleceu nesta sexta-feira (8), segundo confirmação da família à imprensa. O cantor convivia com graves sequelas desde que sofreu um AVC hemorrágico em março de 2017.
Desde então, enfrentava limitações de mobilidade, dificuldades na fala e necessitou de cuidados complexos, com traqueostomia e sonda alimentar. Recentemente, esteve internado para tratar uma pneumonia acompanhada de infecção por bactéria resistente, agravando seu estado de saúde.
- Arlindo Cruz sofre parada cardíaca de 15 minutos durante internação no Rio de Janeiro
O tipo de AVC que Arlindo sofreu foi o hemorrágico. Nessa modalidade, o vaso sanguíneo fica dilatado e se rompe, provocando sangramento no cérebro. O AVC isquêmico, por outro lado, caracteriza-se pelo entupimento de um vaso sanguíneo, uma artéria que não consegue mais levar sangue para uma região do cérebro.
O hemorrágico, na maioria dos casos, acontece por hipertensão arterial não controlada. “Isso acarreta fragilidade na parede de vasos arterial e ruptura desse vaso com extravasamento de sangue, vasos de fino calibre”, afirmou Felipe Aydar Sandoval, neurologista do Hospital Sírio-Libanês. Outros fatores de risco para o AVC são o tabagismo e a pressão alta.
Os sintomas do AVC Hemorrágico
Os sintomas dependem do tamanho e da localização onde ocorreu o AVC. Pode afetar a área motora, causando paralisia em parte do corpo, ou a área linguística, ocasionando dificuldades para falar ou escrever.
Entre os sintomas estão aqueles também presentes no AVC isquêmico: perda repentina da força muscular, redução ou perda da visão, dificuldades para falar, tontura, formigamento em um dos lados do corpo e alterações da memória. Além disso, o AVC hemorrágico causa náuseas e vômito, inchaço cerebral, aumento da pressão intracraniana, dor de cabeça repentina e muito intensa. Um AVC profundo pode fazer com que a pessoa entre em coma e até venha a óbito.
Para diferenciar os dois tipos é preciso realizar um exame de tomografia computadorizada, pois ambos têm sintomas semelhantes.
Sequelas e consequências
As sequelas também variam de caso a caso e podem ser cognitivas e físicas, comprometendo principalmente aspectos motores e linguísticos. Entre elas estão alterações na fala, dificuldades para se locomover, fraqueza e espasticidade —aumento do tônus muscular, que pode ser doloroso e acarretar em dificuldade para realizar tarefas como se trocar. A sequelas no movimento podem ser para o resto da vida.
Se o hematoma for muito profundo e a pessoa permanecer em coma, como o caso de Arlindo Cruz, ela fica com lesões graves em muitas estruturas cerebrais. Assim, o paciente perde controle sobre a própria respiração e controle da saliva, necessitando usar traqueostomia e gastrostomia. A sequela, muitas vezes, é permanente e depende do tamanho e do local da lesão.
Além disso, no AVC hemorrágico o tratamento é eminentemente cirúrgico. As exceções são quando ele é muito pequeno ou em localizações muito específicas em que não se opera.
Uma trajetória de peso no samba brasileiro
Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Cruz ganhou seu primeiro cavaquinho ainda criança e iniciou sua carreira em rodas de samba com grandes nomes como Candeia, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho. Tornou-se integrante do Grupo Fundo de Quintal, onde consolidou sua reputação como instrumentista e compositor, antes de partir para a carreira solo em 1993. Ao longo de sua trajetória, gravou mais de 500 composições, premiadas e cantadas por grandes nomes do samba.
*Com informações da Folha de São Paulo