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Brigitte Bardot comparou gravidez a um tumor e acumulou falas racistas e xenofóbicas; relembre polêmicas

Atriz atacou imigrantes e muçulmanos e foi contra o movimento #MeToo

Brigitte Bardot comparou gravidez a um tumor e acumulou falas racistas e xenofóbicas; relembre polêmicas Atriz atacou imigrantes muçulmanos
Imagem: Reprodução

A atriz francesa Brigitte Bardot morreu neste domingo (28), aos 91 anos, e sua morte reacendeu uma série de polêmicas que marcaram sua trajetória fora das telas. Ao longo da vida, a artista comparou a gravidez a um tumor, fez declarações racistas e xenofóbicas, atacou imigrantes e muçulmanos, criticou o movimento #MeToo, se aproximou da extrema direita francesa e foi condenada diversas vezes por incitação ao ódio, episódios que contrastam com a imagem de ícone do cinema e defensora dos animais.

Mundialmente famosa desde os anos 1950, Brigitte Bardot foi um dos maiores símbolos do cinema francês e da revolução sexual do pós-guerra. Por trás da aura de liberdade e sensualidade, porém, a atriz enfrentou depressão, alcoolismo e uma relação conturbada com a fama. Em 1960, engravidou de seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, fruto do casamento com o ator Jacques Charrier, episódio que se tornaria um dos mais controversos de sua vida.

Na autobiografia “Initiales B.B.”, Bardot revelou que a maternidade nunca fez parte de seus planos. Em trechos que causaram forte repercussão, ela descreveu a gravidez como algo invasivo e perturbador. “Era como um tumor que se alimentava de mim”, escreveu, afirmando ainda que tentou abortar e que foi impedida pelo então marido. As declarações renderam processos judiciais movidos por Jacques e Nicolas, que alegaram violação de intimidade. A atriz foi condenada a pagar indenização.

Após o divórcio, em 1963, Nicolas ficou sob a guarda do pai e foi criado pelos avós paternos. Por décadas, mãe e filho mantiveram uma relação distante, reaproximando-se apenas nos últimos anos. Bardot sempre afirmou que não se sentia emocionalmente preparada para exercer a maternidade naquele período.

Em 1973, Brigitte Bardot abandonou definitivamente a carreira artística e passou a viver de forma reclusa em La Madrague, em Saint-Tropez. Desde então, dedicou-se integralmente à defesa dos animais, criando a Fundação Brigitte Bardot e se tornando uma das vozes mais influentes do ativismo animal na França. Ela liderou campanhas contra a caça de focas, touradas, consumo de carne de cavalo e testes laboratoriais em animais, afirmando repetidas vezes que os animais eram sua verdadeira família.

Paralelamente à militância, Bardot passou a se envolver em controvérsias políticas e judiciais. Ao longo das últimas décadas, foi multada ao menos seis vezes por incitação ao ódio racial, principalmente por declarações contra imigrantes árabes, muçulmanos e habitantes da ilha da Reunião, território ultramarino francês. Em 2021, foi condenada novamente após enviar uma carta com ofensas consideradas racistas contra moradores da ilha.

A atriz também se aproximou da extrema direita francesa, declarando apoio ao partido Reunião Nacional e a líderes como Jean-Marie e Marine Le Pen. Em entrevista à revista Paris Match, chegou a chamar Marine Le Pen de “Joana d’Arc do século 21”, afirmando que ela poderia “salvar a França”. Bardot dizia que suas posições políticas estavam ligadas à defesa dos animais e à crítica à imigração.

Outro ponto de forte repercussão foi sua postura em relação ao movimento #MeToo. Em 2018, Brigitte Bardot criticou duramente a iniciativa contra o assédio sexual, chamando vítimas de hipócritas e classificando o movimento como ridículo. A declaração causou indignação, sobretudo por partir de uma mulher que, décadas antes, havia desafiado o conservadorismo ao se tornar símbolo da liberdade feminina no cinema.

Mesmo após negar ser homofóbica, Bardot também fez declarações controversas sobre questões de gênero e diversidade, chegando a associar cirurgias de redesignação sexual ao aumento dos custos da saúde pública na França.

Apesar das falas racistas, da xenofobia, das críticas à maternidade e das repetidas condenações judiciais, Brigitte Bardot permaneceu um ícone nacional francês até o fim da vida. Seu rosto inspirou bustos da Marianne, símbolo da República Francesa, e sua trajetória segue marcada por um contraste profundo entre o legado artístico, a defesa dos animais e uma longa lista de declarações e atitudes que dividiram opiniões dentro e fora da França.