“Calixto chegou no público de um jeito que eu não esperava”, diz ator goiano sobre personagem em Guerreiros do Sol
Novela retoma o 'padrão Globo de qualidade' e chega ao fim aclamada por crítica e público; leia a entrevista com Allan Jacinto Santana
Chegou ao fim nesta quarta-feira (6) Guerreiros do Sol, novela da Globoplay ambientada no sertão nordestino das décadas de 1920 e 1930. Com 45 capítulos, o folhetim é livremente inspirado na história de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros que cruzaram o Nordeste brasileiro. A trama gira em torno de Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomás Aquino), num emaranhado de paixões, vinganças e sangue derramado.
Criada e escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, com direção artística de Rogério Gomes, a novela agradou à crítica especializada, que destacou o retorno do “padrão Globo de qualidade” em produções dramáticas. A fotografia exuberante de Sergio Tortori, os planos gerais que remetem ao cinema de John Ford e a homenagem sutil à clássica Lampião e Maria Bonita (1982) compõem o conjunto de elementos que colocam a novela entre as mais bem cuidadas da plataforma.
Terminei o último bloco e chegou a hora mais triste, a de nos despedir de #GuerreirosdoSol que não foi só uma série. Foi um marco para o audiovisual brasileiro.
— Sapatão Cansada (@SrtXtina) August 6, 2025
Uma obra que atravessou o tempo e o sertão para contar histórias de coragem, resistência e amor. Sob o calor… pic.twitter.com/OMP6pHL5qC
Tem goiano brilhando no sertão
E nesse caldeirão de grandes nomes e cenas intensas — como a que levou Irandhir Santos a ter uma crise de choro após gravar como Arduíno — também tem goiano deixando sua marca. Allan Jacinto Santana nasceu em Anápolis porque, na época, sua cidade no Tocantins estava sem médico, e já morou em várias cidades de Goiás, Tocantins e Distrito Federal. O ator deu vida a Calixto, um jagunço da fazenda de Elói (Zé de Abreu).
“Calixto é um homem simples, matuto, observador dos silêncios. Tem uma sagacidade pras coisas e pros acontecimentos, uma sensibilidade até”, define Allan.
Apesar de ser um personagem com pouco tempo de tela, Calixto surpreendeu o público – e o próprio ator: “Chegou nas pessoas de um jeito que eu não esperava. Ele se atreve com um casal muito querido e já entra sem ser bem-vindo (risos). Não tenho Twitter, mas me mandavam prints com os xingamentos. Foi massa!”
Calisto queria virar padastro, acabou virando foi desempregado lkkkkkk
— Joy 🐇🌷🌪️🦦 (@SrtaIncognita) July 30, 2025
Te amo Vicente 🫶🏻😂#GuerreirosDoSol pic.twitter.com/z1VkqT8Aom
Preparação e imersão
A preparação para viver Calixto misturou ensaios conduzidos por Andreia Cavalcanti – preparadora do elenco – com estudos sobre o universo do cangaço. Allan destaca ainda a importância de sua preparadora de prosódia, Íris Gomes da Costa, encontros com os autores e pesquisadores como Frederico Pernambucano, além da releitura de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. “Foi um encontro com o que eu sinto do sertão goiano e tocantinense. Uma honra ser atravessado por aqueles lugares e por quem vive ali.”
Trabalhar ao lado de nomes como Alinne Moraes, Alice Carvalho e Irandhir Santos não foi fácil no começo. “Estava nervoso e ansioso. Sempre sonhei em contracenar com eles. Mas os cuidados que tiveram comigo, que estava chegando, me ensinaram muito. Sou grato pela generosidade.”
A trilha sonora – que mistura Zé Ramalho, Elba, Lenine, Alceu e Chico César – foi essencial para a imersão. “A direção colocava as músicas antes de gravar. Não tinha uma vez que eu não me arrepiava. Ajudava muito a construir o clima.”
Entre as cenas mais marcantes, Allan cita a morte do personagem Fabiano (Marco França): “A violência da cena me fazia tremer por dentro. Se falar mais, dou spoiler”. Mas o momento em que ele teve certeza de estar em um elenco gigante foi fora da câmera: “Tava tomando banho de rio em Piranhas (AL), num dia de folga, quando ouvi o pessoal comentando uma cena de morte. Me emocionei. Era um time sensível, aberto e comprometido.”
Ator formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Allan revela que sempre teve um olhar e pesquisa voltados ao sertão. “O respeito pelos lugares, sotaques e formas de estar tem que ser primordial. Busquei sentir esse sertão como estado de espírito mesmo.”
O fim da novela traz, segundo ele, um recado importante: “Mulheres tomando espaços centrais na narrativa. Isso tem um significado bonito num país que ainda menospreza a força feminina”.

A coragem de começar – e continuar
Essa foi a estreia de Allan na TV, mas o goiano já marcou presença no Festival de Berlim com os filmes Vento Seco (2020), de Daniel Nolasco, e Fogaréu (2022), de Flávia Neves. Dia 20 de agosto ele volta às telas com PSSICA, minissérie da Netflix dirigida por Quico e Fernando Meirelles.
Entre as produções preferidas, cita o filme O Céu de Suely, de Karim Ainouz, e as novelas A Indomada e Coração de Estudante, folhetim que o inspirou a fazer faculdade. A versão jovem de si mesmo, ele agradeceria: “Obrigado por ter tido a coragem de começar”.
E finaliza com um desejo: “Sou muito grato pelos caminhos que encontrei. Que mais narrativas como Guerreiros do Sol sejam consideradas. E coragem pra nós!”
A melhor novela de 2025 e a melhor novela já feita por uma plataforma de streaming. FIM #GuerreirosdoSol pic.twitter.com/229ZETv4zD
— Sérgio Santos (@ZAMENZA) August 5, 2025
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