Cinema

Crítica: Batman (2022)

Vamos tirar o elefante da sala: este “Batman” com Robert Pattinson vai desagradar quem espera…

(Foto: Warner Bros.)

Vamos tirar o elefante da sala: este “Batman” com Robert Pattinson vai desagradar quem espera um filme com muita ação e, digamos, ‘super-heróico’, como foram as iterações anteriores do personagem. Não temos isso aqui. “Batman”, ou “The Batman” no original, é um noir investigativo de ponta a ponta e uma obra totalmente centrada nas nuances e resoluções investigativas da caçada à um assassino. Se não têm paciência para filmes do estilo, não precisa arriscar.

Inspirado por “O Longo Dia das Bruxas” (uma das graphic novels mais populares do Homem-Morcego), e em filmes clássicos como “Chinatown”, “Operação França”, “Seven – Sete Crimes Capitais” e “Zodíaco”, o diretor Matt Reeves foge totalmente do que já foi feito antes. Com mais de 80 anos de existência, Batman é o super-herói com maior capacidade de renovação. Reeves comprova a longevidade do personagem e suas qualidades de se reinventar a cada nova adaptação. Tim Burton criou o seu gótico fantástico, Joel Schumacher uma fantasia cartoonesca e colorida, Christopher Nolan um thriller de ação policial realista e intenso, e Zack Snyder inseriu o personagem em um mundo de deuses e monstros.

Desta vez, Reeves abraça o lado investigativo do personagem e constrói não apenas um filme mais lento – porém, cheia de propósito e intenções claras – como também apresenta o Bruce Wayne mais angustiado e dramático até hoje. Pattinson encarna um sujeito sem tempo para vida social, sem felicidade e extremamente machucado pelo passando que o atormenta. E quando segredos nada favoráveis sobre sua família aparecem, a reclusão e a figura do Batman se tornam o único refúgio.

A direção de Reeves é claustrofóbica. A direção de arte é densa e possui um escuro que causa angústia e sofrimento, e Reeves frequentemente opta por cenas desfocadas ou takes estáticos, bem fechados nos personagens e borrados ao fundo.

O elenco é formidável. Pattinson convence como um personagem amargurado e sem esperança (ainda que engessado e monótono), mas carregado de ódio e vingança (um tema importante para o amadurecimento do protagonista). E atores como Andy Serkis, Zoë Kravitz, John Turturro, Jeffrey Wright e Peter Sarsgaard brilham em seus respectivos papéis. Mas preciso fazer dois destaques: Colin Farrell como Pinguim é uma maravilha inesquecível, e o ator não apenas transmite com maestria o lado bufão do personagem, como também suas ambições criminosas no submundo de Gotham (além da maquiagem excepcional). E Paul Dano como Charada é uma força da natureza que carrega tensão, medo e imprevisibilidade.

Repito: se você quer um filme do Batman cheio de ação e situações ‘quadrinhescas’, sugiro que fique com os filmes anteriores. “Batman” de Matt Reeves é outra proposta – ousada até para um personagem tão comercial e popular -, e carregada de estilos singulares e visualmente belíssimos. Por um lado, o filme carece de momentos de ação marcantes que ajudem na escalada da empolgação (algo que Nolan fez com primor em sua trilogia). Mas esta é a grandeza de um personagem como o Batman: ter a capacidade de ser reinventado em estilos completamente diferentes, mas sem perder a essência do que é o personagem. Mais uma vez, a DC sai da zona de conforto e entrega outro filmaço.

The Batman/EUA – 2022

Dirigido por: Matt Reeves

Com: Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano, Jeffrey Wright, John Turturro, Colin Farrell, Andy Serkis…

Sinopse: Batman (The Batman, no original) segue o segundo ano de Bruce Wayne (Robert Pattinson) como o herói de Gotham, causando medo nos corações dos criminosos, levando-o para as sombras de Gotham City. Com apenas alguns aliados de confiança – Alfred Pennyworth (Andy Serkis) e o tenente James Gordon (Jeffrey Wright) – entre a rede corrupta de funcionários e figuras importantes da cidade, o vigilante solitário se estabeleceu como a única personificação da vingança entre seus concidadãos. Mas em uma de suas investigações, Bruce acaba envolvendo o Comissário Gordon e ele mesmo em um jogo de gato e rato ao investigar uma série de maquinações sádicas, uma trilha de pistas enigmáticas, revelando que Charada estava por trás disso tudo. Porém, a investigação acaba o levando a descobrir uma onda de corrupção que envolve o nome de sua família, pondo em risco sua própria integridade e as memórias que tinha sobre seu pai, Thomas Wayne. Conforme as evidências começam a chegar mais perto de casa e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola Gotham City.

The Batman Official Poster Unmasks the Truth About Gotham City