Especial

Crítica: O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (2003) – Especial

Após a derrota do exército dos Orcs em Rohan no segundo filme, e a queda…

(Foto: Warner Bros.)

Após a derrota do exército dos Orcs em Rohan no segundo filme, e a queda da região de Isengard pelas árvores Entz, o cerco pelo domínio da Terra Média torna-se ainda mais acentuado com Sauron organizando um ataque a Minas Tirith, capital de Gondor, considerado o maior reino dos homens de todo o universo criado por Tolkien. Um reino este que irá receber o retorno de seu rei por direito, Aragorn (Viggo Mortensen), que estava há anos como nômade e longe dos empropérios da coroa. Além, claro, da própria jornada de Frodo e Sam para jogar o Um Anel nas lavas da Montanha da Perdição e aniquilar de uma vez por todas as forças de Sauron.

“O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” é a confluência de uma história épica da luta do bem contra o mau. Da luz contra as trevas. Uma clássica alegoria onde cada espectador interpreta certos elementos narrativos a partir de sua vivência e conhecimento de mundo, mas nunca, sem deixar de fazer parte de um universo rico em ideais de coragem, honra, honestidade, respeito, fé e confiança. Além de possuir um estudo analítico sobre a natureza humana e suas cobiças, incertezas, medos, angústias, inseguranças e fraquezas, tudo destrinchado a partir de personagens diversos e carregados de características bem comuns ao nosso mundo real.

(Foto: Warner Bros.)

“A Sociedade do Anel” é a introdução perfeita a este mundo. “As Duas Torres” é o filme do meio que prepara o caminho para o fim, mas sem deixar de entregar seus desfechos e recomeços, e agora em “O Retorno do Rei” temos uma obra bem mais acelerada e carregada de urgência. A guerra chegou! A luta pela Terra Média começou e não há tempo para procrastinações. Aliás, Peter Jackson conseguiu adaptar o fator tempo em toda a trilogia de forma brilhante e direta, mesmo que seus personagens cheguem rápido demais de um ponto ao outro – algo que nos livros pode demorar dias, meses ou até anos -, mas o fator tempo nos três longas lançados reforçam mais ainda o afunilamento do fim. Cinema, como já dito nos textos anteriores, requer adaptações e algumas mudanças, e ao acelerar as idas e vindas dos personagens conseguimos sentir ao longo da narrativa o terror da ascenção do mau, e como este está a cada dia mais próximo. Há mais urgência, e, consequentemente, mais atenção e engajamento do público.

E como todo grande desfecho cinematográfico (principalmente), é necessário cenas épicas, memoráveis e que levem a narrativa adiante. Se nos dois filmes anteriores Jackson já conseguiu tal feito, aqui em “O Retorno do Rei” temos um conglomerado de momentos visualmente marcantes e carregados de pura emoção. A Batalha dos Campos do Pelennor, em Gondor, é o ápice da jornada, com cada personagem ganhando o seu momento chave para brilhar, e como se não bastasse, logo após o desfecho da batalha temos o exército remanescente indo em direção aos portões do reino de Sauron, em Mordor, para encarar o seu exército de frente, e assim, tirar sua atenção de Frodo e Sam – permitindo desta forma que eles cheguem com mais facilidade à Montanha da Perdição.

(Foto: Warner Bros.)

Aliás, temos uma mudança drástica dos filmes com relação aos livros e resolvi falar sobre ela justamente neste texto. Esta mudança é Sauron. Nos livros, o vilão possui uma nova forma física durante os eventos de “O Senhor dos Anéis”, mas nos filmes de Jackson ele escolheu representá-lo como um olho de fogo gigante. Particularmente, considero tal decisão genial, imprevisível e visualmente eficiente. Primeiro: ela foge do clichê habitual de ter uma figura humanóide ameaçadora e visualmente esquisita perseguindo os personagens. Segundo: não mostrar este personagem, e representá-lo como um olho sempre à espreita e de vigia, torna Sauron muito mais ameaçador e imprevísivel, além de uma figura que apesar de não ser, transmite uma constante sensação ameaçadora de onipresença. O olho possui embasamento nos livros, mas apenas como uma alusão ao poder de Sauron que está sempre rondando os personagens, portanto, tornar isto literalmente a representação do vilão, em minha opinião, é uma saída nova, inteligente e visualmente inesquecível.

E é impossível não falar de “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” sem lembrar da emoção presente em cada segmento. Por ser o último de uma trilogia, a trama não apenas traz urgência, como também entrega emoções genuínas e momentos emocionantes, e uma sensação de completude que falta muito atualmente em grandes franquias. Ganhador de 11 Oscars – incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, “O Retorno do Rei” é o meu favorito da trilogia e um filmaço daqueles que duram eternamente – assim como toda a excelente Trilogia do Anel. 

The Lord of the Rings: The Return of the King/EUA – 2003

Dirigido por: Peter Jackson

Com: Ian McKellen, Viggo Mortensen, Orlando Bloom, John Rhys-Davies, Elijah Wood, Sean Austin, Cate Blanchett, Andy Serkis, Karl Urban, Miranda Otto, Liv Tyler…

Sinopse: Sauron planeja um grande ataque a Minas Tirith, capital de Gondor, o que faz com que Gandalf (Ian McKellen) e Pippin (Billy Boyd) partam para o local na intenção de ajudar a resistência. Um exército é reunido por Theoden (Bernard Hill) em Rohan, em mais uma tentativa de deter as forças de Sauron. Enquanto isso Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin) e Gollum (Andy Serkins) seguem sua viagem rumo à Montanha da Perdição, para destruir o Um Anel.

(Foto: Warner Bros.)