Faleceu hoje

David Lynch era entusiasta da meditação e quis implementá-la em escolas brasileiras

Lynch disse que tinha vontade de propor ao presidente Lula que a meditação fosse incorporada no dia a dia dos alunos nas escolas do país

Diretor David Lynch, que morreu aos 78 anos (Foto: Divulgação)
Diretor David Lynch, que morreu aos 78 anos (Foto: Divulgação)

(O Globo) Morto aos 78 anos após um diagnóstico de enfisema pulmonar, o cineasta David Lynch adquiriu ao longo da vida um hábito que o acompanhou até seus últimos dias: a meditação.

Em 2008, quando esteve no Brasil, Lynch disse que tinha vontade de propor ao presidente Lula que a meditação fosse incorporada no dia a dia das crianças e adolescentes nas escolas do país. O encontro entre o cineasta e o político acabou não acontecendo por divergências de agenda.

— Queria encontrá-lo, mas ele vai para a abertura das Olimpíadas na China. Mas se eu o encontrasse, falaria com ele sobre uma universidade para o Brasil, que teria todos os cursos normais, mas onde os estudantes praticassem a meditação transcendental duas vezes ao dia. Também falaria sobre incluir a meditação em todas as escolas, para tirar delas o estresse e toda a violência — contou o responsável por “Veludo azul” em uma coletiva realizada no Hotel Marina Palace, no Leblon.

O cineasta defendia o poder transformador da meditação nas escolas e citou exemplos nos Estados Unidos para defender sua tese.

— Se na escola há muito estresse, muitos problemas e quase nada é aprendido, as crianças levam isso para casa e levam os problemas de casa de volta para a escola. Nas escolas que trabalhamos nos Estados Unidos, um ano antes de começarmos, havia violência, tiroteios, brigas, suicídios, depressão, muito estresse e pouquíssimo aprendizado. Um ano depois que começamos a ensinar meditação transcendental nessas escolas, elas tiveram uma virada de 180 graus. São escolas a que você gostaria de ir. Não é mais preciso se preocupar com essas crianças. Ao aprender a técnica as coisas ficam melhores automaticamente — explicou.

Ele acreditava que a meditação é um primeiro passo para alcançar o bem estar coletivo.

— Para conseguir a paz, e eu sei que isso vai soar estranho, você só precisa que 1% de uma população faça meditação transcendental com técnicas avançadas juntas em um quarto, duas vezes por dia. Isso vai fazer com que a negatividade vá embora e a paz chegue. A paz verdadeira não é só a ausência de guerra, mas é a ausência da semente da guerra: a negatividade.