FILME

Diretoras falam sobre documentário que retrata história de mestras da cultura popular

Filme "Mestras" traz importante atuação de mulheres na cultura popular brasileira

Cena do documentário Mestras (Foto divulgação)
Cena do documentário Mestras (Foto divulgação)

Aíla Costa e Roberta Carvalho, responsáveis pela direção e roteiro do filme-documentário “Mestras”, uniram composições, fazeres e histórias de mestras da cultura popular com forte atuação feminina. Reforçando as tradições ancestrais, as diretoras apresentam a cultura para as novas gerações, tornando a pauta feminista ainda mais forte.

O documentário musical traz a cultura sonora feminina paraense, como o samba de cacete, o boi e o carimbó. Durante o desenvolvimento do filme, as diretoras mapearam diversas mestras da música paraense, omitidas nos registros da música brasileira.

“Desde que nasci, a minha história é contada por protagonistas mulheres. Fui criada por duas tias-avós e por minha mãe, e isso sempre me conectou com o feminino como referência de força, coragem e inspiração. Quando imaginei esse documentário, me vi em busca de visibilizar mulheres que foram apagadas da história da música da Amazônia, da música brasileira, Mestras da música. E isso em algum lugar me fez relembrar as histórias das minhas matriarcas, que também são mestras da vida. Mulheres em busca de outras mulheres, isso por si só já é revolucionário, né?”, comenta Aíla.

A diretora também atua como cantora, compositora e diretora artística. No filme, Aíla é responsável ainda pela narração. Em “Mestras”, ela conta histórias de sua mãe e avó, que prestavam reverência às mestras ancestrais. Atualmente, a cantora é uma das principais vozes da música contemporânea da Amazônia, sendo reconhecida ainda pela direção artística de festivais na região norte, como o MANA, que destaca o protagonismo das mulheres no mercado da música.

“As intervenções artísticas com projeção foram um elemento importante da narrativa. Projetar as imagens das Mestras em grande formato em suas cidades de origem foi uma forma de homenageá-las e de criar uma conexão emocional única entre suas histórias e o ambiente ao redor, imprimindo uma experiência visual e sensorial para o filme”, ressalta Roberta Carvalho.

Roberta desenvolve trabalhos envolvendo linguagens visuais, audiovisual e tecnológicas, passando por vídeo, filmes, vídeo clipes, entre outros. Ela é formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará e já recebeu o Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais.

“Ao iluminar os espaços com projeção das imagens das Mestras, o filme transcendeu as fronteiras da tela e mergulhou diretamente na relação com a comunidades dessas artistas, dimensionando suas formas, exaltando-as e simbolicamente erguendo monumentos vivos de suas existências fundamentais para nossa cultura”, afirma Roberta Carvalho.

De acordo com as diretoras Aíla e Roberta, o filme-documentário deve entrar no circuito de festivais em breve, quando o público terá a oportunidade de conhecer histórias admiráveis.