Por que mulheres ficam embriagadas mais rapidamente que homens?
Álcool afeta o cérebro feminino de maneira diferente, mesmo quando o consumo é igual ao dos homens
A dúvida sobre por que mulheres ficam embriagadas mais rapidamente que homens é comum — e a resposta está longe de ter relação com “fraqueza”. A ciência explica que fatores biológicos, hormonais e metabólicos fazem com que o álcool tenha um efeito mais rápido e intenso no organismo feminino, mesmo quando a quantidade ingerida é igual à dos homens.
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Estudos indicam que a tolerância ao álcool nas mulheres pode ser de 30% a 50% menor do que nos homens. Isso acontece porque o corpo feminino processa a bebida de forma diferente, desde a digestão até a resposta do cérebro.
Menor quantidade da enzima que metaboliza o álcool
Um dos principais fatores está na enzima álcool desidrogenase (ADH), responsável por metabolizar — ou “quebrar” — o álcool no organismo. As mulheres produzem menos ADH no estômago e no fígado, o que faz com que menos álcool seja filtrado antes de chegar à corrente sanguínea.
Na prática, isso significa que mais álcool circula no sangue feminino, intensificando os efeitos da embriaguez em menos tempo.
Menos água e mais gordura no corpo
A composição corporal também influencia diretamente. Em média, as mulheres têm:
- Mais gordura corporal, que não absorve bem o álcool
- Menor quantidade de água corporal, entre 45% e 55%
- Já os homens têm cerca de 55% a 65% de água no corpo
Como o álcool se dilui melhor na água, a menor quantidade de líquido no corpo feminino faz com que a concentração de álcool no sangue seja maior, mesmo com a mesma dose ingerida.
O cérebro feminino reage de forma diferente
Além da metabolização, o cérebro das mulheres também responde de maneira mais intensa ao álcool. Embora a substância atue nas mesmas áreas cerebrais em ambos os sexos, a absorção mais rápida e concentrada faz com que os efeitos sejam percebidos antes.
Isso inclui:
- Redução da percepção de risco
- Diminuição dos reflexos
- Maior sensação de euforia ou sedação
Por isso, se um homem e uma mulher beberem a mesma quantidade, a mulher tende a sentir os efeitos da embriaguez primeiro.
O que dizem os estudos científicos
Um estudo realizado em 1990 deu a homens e mulheres a mesma quantidade de álcool, ajustada ao peso corporal. Mesmo assim, os resultados mostraram que as mulheres apresentaram níveis mais altos de álcool no sangue, porque seus corpos inicialmente filtraram menos a substância.
Segundo o neurofarmacologista alemão Rainer Spanagel, o peso corporal também influencia: corpos menores possuem “compartimentos” menores, o que aumenta a concentração de etanol. No entanto, outros pesquisadores apontam que o peso sozinho não explica tudo.
Peso, enzimas e composição corporal
Para o pesquisador Edward Scotts, da Universidade Estadual da Louisiana (EUA), o fator mais determinante é a composição corporal, somada à menor presença da ADH no organismo feminino.
“Ao ingerir álcool, ele vai primeiro para o estômago, onde há ADH. Os homens têm mais dessa enzima nessa fase inicial, o que permite metabolizar o álcool mais rapidamente”, explica.
Essa diferença ajuda a entender por que diretrizes de saúde definem limites de consumo de álcool diferentes para homens e mulheres.
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Consumo diário ignora essas diferenças
A pesquisadora Jill Becker, da Universidade de Michigan, destaca que, embora o metabolismo e a absorção do álcool sejam diferentes entre os sexos, o consumo cotidiano raramente leva isso em conta.
O resultado é que muitas mulheres acabam se intoxicando mais rápido sem perceber, o que aumenta riscos à saúde, acidentes e comportamentos impulsivos.