ACERVO

‘Ainda Estou Aqui’ tem imagens cedidas pela PUC Goiás; entenda

Termo de cessão foi firmado entre a universidade, creditada na obra (com menção ao IGPA), e a Conspiração Filmes

PUC Goiás contribui com imagens para o filme 'Ainda Estou Aqui'
PUC Goiás contribui com imagens para o filme 'Ainda Estou Aqui' (Foto: Divulgação)

A Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) participou do sucesso cinematográfico de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”. A faculdade, por meio do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), cedeu imagens de seu acervo para compor a narrativa da obra.

O longa-metragem acompanha a história de Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva. “No início da década de 1970, o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva – Rubens (Selton Melo), Eunice (Fernanda Torres) e seus cinco filhos – vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice – cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas – é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos”, diz a sinopse.

“Ainda Estou Aqui” recebeu três indicações ao Oscar 2025, incluindo a inédita nomeação de Melhor Filme para uma produção brasileira, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (Fernanda Torres).

Conforme a PUC, as imagens do acervo do IGPA, formado pelas coleções Jesco von Puttkamer e Adrian Cowell, foram utilizadas na cena em que Eunice Paiva, já viúva e advogada, se dedica às causas indígenas. O termo de cessão foi firmado entre a universidade, creditada na obra (com menção ao Instituto), e a Conspiração Filmes.

Professor coordenador do IGPA, Antônio Caldas diz que a participação no filme reforça a relevância do acervo e a missão da universidade na preservação da história e da cultura brasileira. “Talvez a proximidade com o acervo e o trabalho quotidiano e rotineiro com essa documentação não nos tenha deixado perceber num todo a preciosidade que a PUC Goiás possui, acostumados que somos a lidar com as solicitações quase diárias dos pesquisadores do Brasil e do exterior. É um acervo, portanto, conhecido em todo o mundo.”

Ainda segundo ele, a busca por esse acervo pela produção do filme demonstra mais ainda quão valioso ele é, além de corroborar “a acertada ação da PUC Goiás na salvaguarda do patrimônio histórico, artístico e cultural brasileiro”.

PUC e IGPA como referência

Frederico Mael, historiador e responsável pelo núcleo de documentação do IGPA reforça que o acervo é bem conhecido nacional e internacionalmente pelas coleções preservadas. “O que estão documentados são obras de grandes impactos, a colonização do centro-norte do País, a expansão dessa colonização e os conflitos que ela gerou na região.”

Assim, a produção de Walter Salles procurou a PUC para saber sobre essas imagens, a fim de se ambientar com a época e conhecer as regiões para saber como vestir e o que acontecia naquele momento para recriar durante o filme. “E eles iriam utilizar algumas dessas imagens no filme, como se a pessoa tivesse feito o registro. Encaminhamos uma série de imagens de questões variadas, como garimpo, construções, questões relacionadas a situações indígenas… Eles escolheram dez, mas depois reduziram para duas fotos. Do Vicente Rios, que são caminhões congestionados em uma estrada de terra, que liga ao Norte do País e outra aérea de queimadas na região da Amazônia.”

Sobre a participação no filme, é um momento de “extrema satisfação”. “Primeiro, divulga o nosso acervo, o maior sobre documentação de conflitos sociais da Amazônia do mundo. Ninguém documentou, como Jesco von Puttkamer, Adrian Cowell e Vicente Rios. Essa coleção é única, referência no mundo inteiro. Com isso, podemos alavancar as questões sociais e ambientais, que continuam as mesmas. O passado não mudou. Da dificuldade da preservação do meio ambiente. E o filme traz a oportunidade. Não só o período militar, mas também as questões sociais”, lembra da atuação da personagem Eunice no meio ambiente.

Outras parcerias do IGPA foram com os filmes Xingu, Serra Pelada, Montanhas de Ouro e outros. “O instituto é sempre procurado por produções nacionais e internacionais.”

(Foto: IGPA)
(Foto: IGPA)