Música

Villa Mix Goiânia 2017 foi ousado e inaugurou fase mais pop do Festival

O Brasil voltou os olhos para a capital de Goiás no último fim de semana.…

O Brasil voltou os olhos para a capital de Goiás no último fim de semana. Durante os dias 1 e 2 de junho, sediamos o Villa Mix Goiânia 2017, um evento que prometeu misturar e unir todas as tribos musicais com o mote “o mundo é mix”. A expectativa era de 60 mil pessoas em cada dia de festival e, segundo a organização, foi casa cheia. Através do YouTube, com transmissão ao vivo, foram 950 mil visualizações no total.

Atualmente em sua sétima edição, esta foi a primeira vez que atrações internacionais pisaram no palco do Villa Mix. Aliás, o maior palco do mundo – recorde registrado no Guiness Book – com  70 metros de altura, 120 de frente e 20 de profundidade. Demi Lovato foi a headliner do primeiro dia, enquanto o colombiano Maluma fechou o festival no segundo dia. Ambos encontraram alguns buracos no público de pessoas que foram se divertir nas outras áreas do Festival.

Diferente destes popstars, Simone e Simaria, Alok, Jorge e Mateus, Ivete Sangalo, Aviões, Wesley Safadão, Matheus e Kauan e outros artistas já prestigiados por aqui encontraram uma audiência mais receptiva, que vibrou em todas as áreas. Sobretudo durante os shows da dupla anfitriã do evento, quando os bombeiros e seguranças mais trabalharam, ajudando fãs que desmaiavam ou pequenas confusões pontuais.

O maior desafio do Villa Mix neste ano, entretanto, era terminar no horário certo. Os shows deveriam acabar à meia-noite em ponto, sob o risco de ter o evento cancelado. Tarefa cumprida! Apesar de alguns pequenos atrasos nos horários oficiais, Demi e Maluma finalizaram no décimo segundo badalar do relógio. Bem como as atrações simultâneas que aconteciam por todos os lados dos 88 mil m² de área total do festival.

Primeiro dia

Com pouco mais de 30 minutos de atraso, os portões do evento foram abertos por volta de meio-dia. Seguindo em atraso, Edu Chociay subiu ao palco principal para dar o pontapé inicial no Villa Mix Goiânia, com um set que misturou músicas autorais com covers de canções pop em alta, como DespacitoShape Of You. Jefferson Moraes e Israel Novaes deram sequência em shows com menor duração.

Novaes contou que, no início do evento, o Mix do Villa conseguiu ser cumprido. “Eu vi a interação da galera, que, mesmo sendo ‘mais pop’, queriam interagir e participar”, disse. “É um festival, não apenas um show. As pessoas têm que vir abertas a todos os estilos”, concluiu.

Quem também viu uma energia positiva de públicos distintos foi Jonas Esticado, que entrou no palco logo em seguida. Segundo ele – que já é um nome forte no Nordeste do país, mas começou a migrar para o Centro – as pessoas o receberam bem e cantaram suas músicas. “Hoje teve uma galera de fora. Tinha fãs de vários estilos. Ser recebido por pessoas assim me deixa mais feliz ainda”, contou.

César Menotti e Fabiano representaram o sertanejo raiz (Foto: Gabi de Morais/AgNews)

Saindo do forró, César Menotti e Fabiano entraram em seguida para agradar fãs de sertanejo raiz. No setlist teve até mesmo uma versão “modão” de Legião Urbana. Nas interações com o público, os fãs foram receptivos com a dupla. E continuaram a receptividade com os DJs Sevenn, que subiram no palco em seguida.

Embora todos os anteriores tenham falado que o público “mix” os abraçou, quem uniu todas as tribos durante o primeiro dia foi Ivete Sangalo. A baiana subiu ao palco no finalzinho da tarde do sábado com uma energia que fez até mesmo os fãs de Demi Lovato, emprensados na grade, levarem poeira. Sem dúvidas, o show mais animado do primeiro dia de Villa Mix.

Ivete Sangalo foi a atração que uniu todas as tribos no primeiro dia de Villa Mix Goiânia (Foto: Gabi de Morais/AgNews)

Matheus e Kauan subiram depois, com músicas românticas e mais “lentas”, esquentando o clima nos sucessos O Nosso Santo BateuTe Assumi Pro Brasil. Eles prepararam o terreno para Jorge e Mateus, um show que fez a equipe de segurança ter trabalho redobrado: fãs apaixonadas jogavam presentes, gritavam, se descabelavam, passavam mal. O que fez, inclusive, Jorge pedir garrafas de água à produção para distribuir na plateia.

Assim que a dupla encerrou seu set, Alok entrou para preparar o terreno para a primeira atração internacional. Sem muito atraso, Demi Lovato pisou no palco com o hit Confident com problemas de retorno e de som, que foram amenizados ao longo da performance. Ela encontrou uma plateia meio vazia, que ficou ainda mais dispersa ao longo de seu show de 1h e poucos minutos.

A popstar investiu em faixas de seu último disco, canções mais lentas, mais emotivas, e menos “para balada”. Foi um show voltado apenas para os seus fãs, concentrados nas grades e em alguma parte do “miolo”. Eram ‘Lovatics’ muito dedicados, que chegaram no Estádio do Serra Dourada um dia antes da apresentação de Demi e acamparam por ali.

Lovato tomou conta do palco, como se fosse dona de tudo aquilo, com uma voz potente. Ela pareceu não ligar para quem preferiu assistir aos shows paralelos da área Golden do festival. Interagiu, elogiou o Brasil, abraçou nossa bandeira e, do meio para o fim, cantou faixas mais antigas e conhecidas até finalizar com Cool For The Summer. À meia-noite em ponto.

Demi Lovato fez pose de diva, pisou no palco confiante e animou apenas seus fãs, pois encontrou uma plateia dispersa e vazia (Foto: Gabi de Morais/AgNews)

Segundo dia

Três duplas abriram o segundo dia de Villa Mix: Humberto e Ronaldo, Israel e Rodolffo e Guilherme e Santiago. A primeira dupla começou seu show pontualmente, às 12h30. A pontualidade seguiu até o fim do festival, com raríssimas exceções. Segundo Humberto e Ronaldo, que deram o pontapé inicial do domingo, ninguém ali pareceu “de ressaca”.

Israel e Rodolffo animaram o público, apesar de terem um problema técnico com o som no fim da apresentação. Desavença que foi contornada antes de Guilherme e Santiago subirem ao palco, cantando hits antigos e novos, como Casa Amarela.

Pouco depois, por volta das 14h30, Aviões do Forró subiram. Muita gente sentiu falta de Solange Almeida, que deixou o grupo para seguir carreira solo. Mas Xand, sozinho, conseguiu comandar um show que, assim como o de Ivete no dia anterior, uniu todas as tribos que estavam ali. O potiguar mal cantou, já que o público fez isso por ele. Algo, no mínimo, interessante na terra do sertanejo.

O sucesso do forró por aqui, segundo Xand, se deve ao fato de que o próprio estilo musical passou por muitas mudanças nos últimos anos. O Aviões, contou ele, sofreu muito preconceito – sobretudo no Sul e no Sudeste do Brasil – porque pensavam que “o forró só se tocava no São João”. “Antigamente, as letras falavam muito de seca. A gente tem que falar disso, mas também buscar aquele jovem que está começando a sair de casa”, explicou.

“Vai, Safadão!” Wesley misturou músicas de seu repertório com faixas pop que bombam em festas (Foto: Gabi de Morais/AgNews)

Quebrando totalmente o rumo de apresentações, Jetlag entraram no palco para um set de música eletrônica antes de Wesley Safadão entrar. O cearense animou o público, misturando seu repertório com faixas que fazem sucesso em festas de todo o país, como Olha a Explosão de Mc Kevinho e Eu Sei de Cor, de Marília Mendonça (que, ironicamente, é do escritório musical concorrente da Audiomix).

Outra vez, uma atração de música eletrônica subiu ao palco: o DJ, Bhaskar, que é irmão de Alok. Ele esquentou a galera para Luan Santana, que fez um show romântico, focando em seus novos sucessos, como Cê TopaFantasma. O ponto alto da apresentação, entretanto, foi durante a música Cantada, quando o cantor convidou uma fã da plateia para simular um jantar no palco.

Momento fofo da noite: na música “Cantada”, Luan Santana chamou uma fã para jantar (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

Alok subiu em seguida. Desta vez, ele experimentou um set diferente, convidando outros artistas para sua performance. Matheus e Kauan foram alguns dos convidados. Juntos, eles cantaram uma faixa inédita com o DJ goiano. Um single que, segundo Alok, deverá sair em breve. “Eu tô aberto a explorar novos horizontes (na carreira). Música boa não tem que ter nenhum tipo de preconceito”, disse. “Espero que venham novas parcerias no futuro”, finalizou.

O DJ abriu a vaga para que Rudy Mancuso, um youtuber que conseguiu voltar a atenção do público para si durante um set de aproximadamente 40 minutos. Logo depois, as Coleguinhas Simone e Simaria animaram com o hit Regime Fechado. Com muita interação, as duas conversaram, tiraram fotos, deram conselhos para desilusões amorosas e agradaram os goianos com uma versão de É O Amor. Uma fã conseguiu subir no palco, que não foi recebida com nenhum soco de Simone. Ainda bem. Foram só abraços e lágrimas.

As Coleguinhas, Simone e Simaria, deram dicas de como superar um chifre (Foto: Gabi de Morais/AgNews)

Jorge e Mateus foram em seguida. Um show à parte. A dupla fez metade da performance sozinha, com o vocalista principal dando uma bronquinha na plateia. O público queria que ele pegasse seus celulares para que fizesse selfies durante a apresentação: “aí não tem show, é só foto”. Ele reforçou que sempre atende aos fãs quando não está no palco e a bronquinha passou despercebida.

Passado o episódio, a dupla chamou um convidado especial para o palco. Deivid Vila Boa, que ajudou na montagem do palco, tinha o sonho de ser cantor: realizado no maior palco do mundo. Depois dele, Gui Marques, ex-participante do The Voice Kids, cantou uma música de Cristiano Araújo, Maus Bocados. O irmão do finado cantor juntou-se ao palco e, todos juntos, encerraram o show.

Maluma entrou pontualmente. Apesar de desconhecido para a maioria do público, sua plateia era um pouco mais cheia que a de Demi Lovato. O colombiano apostou em faixas mais agitadas em seu setlist, que acabou incluindo hits que gravou com outros artistas, como Sim Ou Não (com Anitta) e Chantaje (com Shakira).

Abusando da sensualidade do reggaeton, Maluma cantou, dançou e interagiu com a galera sem nenhum problema. E fechou um festival que apostou muito alto ao trazer dois nomes internacionais – de ritmos distintos – que pouco têm a ver com o público que sempre vai no Villa Mix. Um movimento ousado, mas que atraiu fãs de Maluma e Demi de todos os cantos do Brasil.

Maluma, apesar de ser um nome relativamente desconhecido, ganhou a atenção do público ao dançar seu reggaeton (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

No ano que vem, o Villa Mix Goiânia promete ser ainda maior e deverá ter mais atrações internacionais. As apostas começam agora.