CORRIDA DE RUA

Atleta transexual é desclassificada em Maratona de Goiânia; organização diz que cumpriu regras

Yasmin Roberta terminou a Maratona de Goiânia na quinta colocação, porém por regras da Federação, não pode receber a premiação

Yasmin Roberta, atleta desclassificada na Maratona de Goiânia. Foto: Arquivo Pessoal

A corredora Yasmin Roberta, 40 de anos, participou neste último domingo (25) da Maratona Internacional de Goiânia. Porém, o final da prova foi de decepção para a atleta transexual, que acabou desclassificada pela organização da prova por conta da sua identidade de gênero. Ela finalizou a prova de 42 km em quinto lugar, mas não pôde subir ao pódio para receber a premiação.

“Me senti a pior pessoa do mundo, um lixo. Sem contar a vergonha que passei, porque todos viram que eu tinha pegado o quinto lugar. Várias pessoas me dando os parabéns. Saí do recinto chorando. Porque é um absurdo eu ser desclassificada por seu uma mulher trans. Achei uma falta de respeito, porque poderiam ter me avisado antes, porque eu estaria ciente que só iria participar e não pegaria premiação”, disse Yasmin Roberta.

A atleta afirmou que havia entrado em contato com a organização para saber detalhes da corrida. Segundo ela, a mesma enviou os exames com vários dias de antecedência, porém, a organização pediu para que eles fossem entregues no dia da prova. Mas apenas no final da prova é que a informaram sobre a desclassificação.

Yasmin Roberta também afirmou que já corre há 5 anos, em provas no estado de Goiás e outras em Minas Gerais, mas apenas duas pediram exames: a Maratona de Goiânia e uma corrida em Rio Verde. De acordo com a atleta, na prova do interior, eles avaliaram os documentos e confirmaram sua presença entre as mulheres, porém isso não ocorreu na prova na capital.

“Não entendi eles, porque em outra situação meus exames estavam certos e aqui não. Eu dei o meu melhor para buscar o pódio. Afirmei para ela, que se fosse por hormônio, eu deveria ficar em primeiro, mas não, tudo é treino e dedicação. Tinha uma médica no local, ela olhou meus exames e afirmou que estavam tudo certo”, disse a corredora.

Após o ocorrido, Yasmin procurou a delegacia para registrar um boletim de ocorrência sobre o fato. Porém segundo ela, o delegado a orientou a organizar todas as provas para então registrar o BO.

Em contato com o Mais Goiás, a organização da Maratona de Goiânia afirmou que o órgão responsável pela classificação ou desclassificação de um atleta é a Federação de Atletismo e que eles não têm o poder de tirar a atleta da prova. Ainda em contato com a reportagem, a organização disse que Yasmin já participou de outras provas da empresa, porém nessa as regras são mais rígidas, por se tratar de uma maratona.

“A Maratona tem regras mais rígidas e seguem as normas da Confederação brasileira de Atletismo. Ela (Yasmin) sabia que as regras eram mais intensas. Ela trouxe os exames até a gente e passamos para o pessoal da Federação. Esses documentos foram analisados por eles e não é passado os critérios de análise para a gente, apenas o resultado… quem decide sobre premiação e qual a categoria que a atleta irá entrar é a Federação”, destacou a organizadora do evento.

A reportagem também entrou em contato com a Federação Goiana de Atletismo, que respondeu por meio de um e-mail sobre o assunto. Segundo o presidente da entidade, em contato com integrantes da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), a atleta deveria ser desclassificada por os exames não estarem de acordo com as Normas da WA (World Athletics), órgão máximo do atletismo mundial.