VENCEDORES

Caio Bonfim e Maria Clara são os melhores atletas do ano, em eleição do COB

Caio Bonfim conquistou o título mundial na marcha atlética e Maria Clara foi campeão mundial de taekwondo na categoria até 57 lg

Caio Bonfim, do atletismo, ao lado de Maria Clara Pacheco, do taekwondo
Caio Bonfim, do atletismo, ao lado de Maria Clara Pacheco, do taekwondo. Foto: Alexandre Loureiro/ COB

Por O Globo: A família Bonfim terá um Natal e um final de ano mais do que especial neste 2025. É que mãe e filho, Gianetti e Caio, foram eleitos a Melhor Técnica e o Melhor Atleta do Ano, em premiação do Comitê Olímpico do Brasil (COB). A cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico foi realizada na noite desta quinta-feira, na Cidade das Artes, no Rio. O marchador Caio é bicampeão desta premiação já que venceu no ano passado. Ele concorreu com Henrique Marques (taekwondo), Hugo Calderano (tênis de mesa) e Yago Dora (surfe).

Leia também: Caio Bonfim é campeão mundial nos 20km da marcha atlética

Leia também: Marcha atlética: Foto de Caio Bonfim nas Olimpíadas viraliza nas redes sociais

— Ano passado, quando ganhei, achei que seria o único prêmio. Então esse prêmio neste ano agora é muito especial, esse ano foi um ano de muita gratidão, de várias pessoas envolvidas. Agradeço em especial aos meus pais e à minha esposa — disse Caio, ao lembrar que o pai lhe inscreveu na primeira prova de marcha atlética, aos 10 anos — Sempre perguntam sobre a minha mãe ser a minha treinadora. Eu sou treinado pelos dois. E isso aconteceu porque eu comecei a ser muito desqualificado nas provas. Meu pai é mais da parte física e ela, ex-atleta da marcha, se ofereceu para me treinar. Hoje ela é a melhor do ano.

No feminino, a Melhor Atleta do Ano foi Maria Clara Pacheco, campeã mundial de taekwondo (até 57kg). Ela venceu Gabi Guimarães (vôlei), Rayssa Leal (skate) e Rebeca Lima (boxe).

Leia também: Maria Clara Pacheco é campeã mundial de taekwondo e encerra longo jejum do Brasil

Caio e Maria Clara ganharam ainda os troféus de Melhores do Ano em suas respectivas modalidades.

— Nossos natais são sempre em família, juntos e misturados. Estando felizes como nesse momento ou tristes, como em outras situações. O que sinto? Ah, é um sentimento de dever cumprido, nos sentimos honrados de representar o Brasil — comemora Gianetti, em entrevista ao GLOBO. — Já estava escrito nas estrelas que seria assim. Eu e Caio. Essa dupla vitoriosa, mãe e filho. Na verdade, somos um trio vitorioso, filho, mãe e pai.

Gianetti refere-se ao marido e também treinador de Caio, João Sena. Este ano, Caio foi campeão mundial da marcha atlética (20 km) e medalhista de prata (35 km), no Campeonato Mundial de Tóquio, no Japão. No cenário nacional, sagrou-se campeão da Copa Brasil e do Troféu Brasil, assumindo a liderança do ranking mundial nos 20.000 metros.

Além de Caio e Maria Clara, a seleção de ginástica rítmica foi eleita a Melhor Equipe do Ano após as conquistas inédias das duas medalhas de prata no Mundial, no Rio de Janeiro. O grupo é composto por Nicole Pircio, Maria Paula Carminha, Eduarda Arakaki, Sofia Madeira e Mariana Gonçalves.

Gianetti, que é advogada e foi oito vezes campeã brasileira da marcha atlética, administra o CASO (Centro de Marcha Atlética de Sobradinho), na região administrativa do Distrito Federal, ao lado do marido.

— Esse prêmio duplo para a marcha atlética é muito mais do que pedimos e sonhamos. Significa tantas coisas para a gente, como conseguimos levar essa modalidade tão linda que amamos e que nem sempre foi vista como uma modalidade que poderia estar no topo. É comemorar duplamente, triplamente, quintuplamente com todas as pessoas que estiveram a nosso lado neste ano. E é muita gente. O ano passado já foi mágico e esse agora, mais ainda. Tomara que a magia continue com a gente por muito tempo — fala Gianetti, que também comentou sobre sua premiação individual — Me sinto imensamente feliz. Eu que sou mulher e trabalho com a marcha atlética represento todas as mulheres do Brasil que, de alguma forma, têm de brigar muito mais que todo mundo para chegar onde querem.

Outro motivo de comemoração para a família é o fato de que o Campeonato Mundial de Marcha Atlética por Equipes da World Athletics em 2026 será realizado em Brasília, terra natal de Caio. As cidades de Samborondón, no Equador, e Varsóvia, capital na Polônia, também eram pretendentes.

Essa será a 31ª edição deste evento e a primeira vez que será sediado na América Latina. O fato de o Brasil voltar a ser sede da primeira grande competição mundial de atletismo no Brasil após os Jogos Olímpicos Rio 2016 demonstra a valorização dos resultados do país.

Convidada a eleger os melhores momentos do ano, Gianetti teve dificuldade.

— São tantos… o nascimento do meu terceiro neto, o Manoel. A gente ter trabalhado duro e vencido. Mas o que coroou mesmo, foram as duas medalhas no Mundial — disse ela. — O Caio é superatleta, brigou a vida inteira para vencer. Ele não é um atleta fora da curva, ele é a própria curva. Inteligente, estrategista, que aprende rápido. Quem tem um atleta deste nível, sempre vai contar vitórias. Então, o Caio não é só o meu filho, a minha honra é dupla. Ter um filho como esse e um atleta como esse. Qualquer palavra que eu coloque aqui para nominar o que ele fez pelo o esporte brasileiro, pelo atletismo brasileiro, vai ser pouco. Para mim, ele é simplesmente sensacional.

Taekwondo brilha como o atletismo

O taekwondo também celebrou uma noite de gala. Além de Maria Clara, Diego Guimarães Ribeiro foi eleito o Melhor Treinador do Ano. Diego é o técnico de Henrique Marques, tetracampeão nacional e também campeão mundial em Wuxi, na China (o primeiro atleta masculino a vencer esta competição pelo Brasil).

— Me sinto muito orgulhoso de saber que o primeiro campeão mundial do taewkondo brasileiro surgiu de um projeto social que eu fundei em Porto das Caixas (Itaborái, Rio de Janeiro), que é o Henrique Marques. Minha mãe me ajudou a fundar, na garagem da minha casa. A gente conquistou vagas olímpicas treinando neste espaço — disse Ribeiro.

Neste Mundial, o Brasil obteve quatro medalhas, duas de ouro e duas medalhas de prata, terminando em terceiro lugar no quadro de medalhas, atrás apenas da Turquia e da Coreia do Sul.

— Incrível, absurdo ganhar este prêmio. Sinceramente já estava honrada de ter sido indicada porque trazer o taekwondo para este palco, para este prêmio, ser uma atleta do taekwondo indicada a melhor do ano em todas as modalidades… Fico muito feliz e com muito orgulho de estar participando dessa fase em que o taekwondo está vivendo, escrevendo uma história muito linda — comemorou Maria Clara, que se disse fã de suas concorrentes, principalmente de Rayssa. — São de alto nível, inspiradoras. Admiro todas, mas tenho carinho especial pela Rayssa que acompanho desde que ela tinha 13 anos.

Sua façanha é gigante. De dez competições Maria Clara ganhou nove ouros. Ela encerrou um jejum de 20 anos sem títulos mundiais para o país, desde a conquista de Natália Falavigna, em 2005. Com o resultado, ela assumiu a liderança do ranking mundial e olímpico. Além do título mundial, ela também faturou o ouro no Grand Prix de Taekwondo de Muju em agosto.

Maria Clara também revelou que, para vencer a primeira competição do ano, precisou dividir seu tempo entre hospital e treinos, quando sua mãe ficou internada “gravemente” por dias.

— Meu treinador virou para mim e falou: você não pode fazer nada por ela aqui, o que você pode fazer é dentro do tatame. E eu passei a madrugada no hospital (com a mãe) e depois eu acordava de manhã cedo e ia treinar. Repeti esse ciclo por vários dias. No último dia antes de viajar, eu abracei ela e falei: “Mãe, eu estou indo para os Estados Unidos, o que você quer de presente? Quer um iPhone? Quer uma maquiagem? O que você quer?”, ela falou: Clara, eu só quero a medalha de ouro — disse.

Ao vencer seu primeiro GP, o drama familiar se tornou uma tradição vitoriosa.

— Virou uma tradição no resto do ano. Outro GP, perguntei: “mãe, o que a senhora quer, medalha de ouro?” E assim foi, então, de 10 competições a gente conquistou 9 medalhas de ouro. E eu dedico isso totalmente a ela e ao meu treinador.

Mas teve mais: quebrou sequência inédita de quatro prêmios de Melhor Atleta do Ano do COB conquistados pela ginasta Rebeca Andrade. Maria Clara ainda recuperou o título para a modalidade, que teve apenas uma premiação do tipo, com Natália Falavigna, em 2005.

Maria Clara contou que há dois meses havia comprado uma prateleira nova para colocar os troféus e medalhas mas que “ela já encheu totalmente” e não tem mais espaço. Garantiu que este troféu de Melhor Atleta do Ano ganhará um espaço especial.

Ela disse também que o ano de 2026 será puxado, mesmo sem uma edição de Mundial. Explicou que o ranking mundial vai ser zerado no final de maio e, em junho, as atletas começarão a pontura pela classificação olímpica. Maria Clara disputará quatro edições de Grand Prix, além do Pan-americano da modalidade.

— Minha ambição é retomar o top 1 do ranking logo que zerar. Para me manter na zona de classificação olímpica em todo o ciclo e também pelo ego — disse a campeã, que agradeceu ao treinador e à sua mãe, que teve problemas de saúde este ano.

Mais premiações

Pela primeira vez na história do evento, a categoria “Atleta da Torcida” contemplou um representante masculino e outro feminino entre os indicados.

Os vencedores foram Gabriela Guimarães, do vôlei, e João Fonseca, do tênis. Gabi derrotou o conjunto da ginástica rítmica e a ginasta Flavinha Saraiva. E João venceu Alison do Santos, do atletismo e Hugo Calderano, do tênis de mesa.

O prêmio do COB também homenageou dois jovens talentos que brilharam nos Jogos da Juventude, em Brasília: Davi Souza de Lima, do atletismo, e Clarisse Vallim, do judô.

Davi, de 17 anos, conquistou o ouro no salto triplo, com marca impressionante (15,79m, novo recorde da competição e a melhor marca do mundo no ano até então). Com isso, assumiu a liderança do ranking mundial sub-18 da sua modalidade. Davi é filho do velocista Vicente Lenílson, medalhista em Sydney 2000 e Pequim 2008, e de Maria Aparecida de Lima, que foi triplista olímpica.

E Clarisse, de apenas 14 anos, sagrou-se campeã na categoria até 70kg, vencendo todas as suas lutas por ippon. Também foi campeã mundial cadete.

Veja os vencedores por modalidade
Águas Abertas — Ana Marcela Cunha
Atletismo — Caio Bonfim
Badminton — Juliana Viana
Basquete 3×3 — Gabriela Guimarães
Basquete 5×5 — Yago dos Santos
Beisebol — Victor Coutinho
Boxe — Rebeca Lima
Canoagem Slalom — Ana Sátila
Canoagem Velocidade — Gabriel Assunção e Jacky Godmann
Ciclismo BMX Freestyle — Gustavo de Oliveira “Bala Loka”
Ciclismo BMX Racing — Paola Reis
Ciclismo de Estrada — Tota Magalhães
Ciclismo Mountain Bike — Ulan Galinski
Ciclismo de Pista — João Vitor da Silva
Críquete — Laura Cardoso
Desportos na Neve — Lucas Pinheiro Braathen (esqui alpino)
Desportos no Gelo — Nicole Silveira (skeleton)
Escalada Esportiva — Anja Kohler
Esgrima — Isabela Carvalho
Flag Football — Karol Souza
Futebol — Marta
Ginástica Artística — Flávia Saraiva
Ginástica de Trampolim — Camilla Gomes
Ginástica Rítmica — Nicole Pircio, Maria Paula Carminha, Eduarda Arakaki, Sofia Madeira, Mariana Gonçalves
Golfe — Fred Biondi
Handebol — Bruna de Paula
Hipismo Adestramento — João Victor Oliva
Hipismo CCE — Marcio Jorge
Hipismo Saltos — Stephan Barcha
Hóquei sobre Grama — Yuri Van Der Heijden
Judô — Daniel Cargnin
Lacrosse — Titus Chapman
Levantamento de Peso — Laura Amaro
Luta Greco-Romana — Pedro Henrique Rodrigues
Luta Livre — Eduarda Batista
Nado Artístico — Gabriela Regly e Silva Abrantes Teixeira
Natação — Guilherme Caribé
Pentatlo Moderno — Jhon Xavier
Polo Aquático — João Fernandes
Remo — Beatriz Tavares
Remo Costal — David Faria de Souza
Rugby 7 — Thalia Costa
Saltos Ornamentais — Anna Lúcia dos Santos e Luana Lira
Skate — Rayssa Leal
Softbol — Mayra Sayumi Akamine
Squash — Diego Gobbi
Surfe — Yago Dora
Taekwondo — Maria Clara Pacheco
Tênis — João Fonseca
Tênis de Mesa — Hugo Calderano
Tiro com Arco — Marcus D’Almeida
Tiro Esportivo — Felipe Wu
Triatlo — Miguel Hidalgo
Vela — Mateus Isaac
Vôlei de Praia — Carol Solberg e Rebecca
Voleibol — Gabriela Guimarães