GINÁSTICA

Em má fase, ginástica masculina do Brasil se distancia de vaga olímpica

Arthur Nory é o único com chances reais de conseguir a terceira vaga na ginástica masculina para o Brasil

Arthur Nory durante apresentação na ginástica. Foto: Divulgação - COB

DEMÉTRIO VECCHIOLI
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Brasil corre sério risco de não ter um terceiro ginasta nos Jogos Olímpicos de Paris e ir à França com somente dois atletas na ginástica artística masculina. Metade da Copa do Mundo já passou, e Arthur Nory é o único com chances reais.

Essas chances passam, porém, por ele competir bem melhor nas últimas duas etapas, em Baku (de 7 a 10 de março) e Doha (17 a 20 de abril), do que competiu no Cairo, no fim de semana retrasado, e em Cottbus, no passado.

O circuito das Copas do Mundo classifica dois ginastas por aparelho, considerando os três melhores resultados de cada um. Mas só são pontuados aqueles que concorrem pela vaga. Por exemplo: em Cottbus, na barra fixa, o taiwanês Tang foi ouro, o lituano Tvorogal bronze, e Nory o sexto. Mas como os demais são de países já classificados por equipes, para o ranking eles receberam pontuação de primeiro, segundo e terceiro colocados.

Isso é ruim para Nory, porque Tang já tem dois primeiros lugares (60 pontos) e, Tvorogal, um segundo e um terceiro (45). Além deles, o colombiano Barajas, de só 17 anos, tem um segundo (25). O brasileiro tem este terceiro (20) e no mínimo precisa ir melhor que o lituano e o colombiano nas duas próximas etapas para se classificar a Paris.

Para os demais brasileiros, a regra é péssima. Caio Souza tem 14 pontos na barra fixa, uma série difícil, e precisaria melhorar muito a execução para entrar na briga. Yuri Guimarães, no salto, pode sonhar porque os dois primeiros do ranking são dois sul-coreanos e talvez nenhum possa ficar com a vaga. Mas o brasileiro precisaria fazer pontuação de primeiro colocado nas duas próximas etapas.

Levar só dois atletas a Paris seria um enorme fracasso para a ginástica artística masculina do Brasil.

Durante o processo de classificação muita coisa deu errado. Caio Souza se machucou, ficou fora do Mundial passado, e sem a pontuação dele a vaga por equipes não veio por muito pouco.

Dois passaportes vieram pelo 13º por equipes e pelo 10º lugar de Diogo Soares no individual geral. Nory poderia ter alcançado a terceira e última vaga possível para o Brasil na final do Mundial na barra fixa, mas ele caiu e foi só sexto. No Pan, o mesmo Nory ficaria com a vaga se superasse um dominicano. Fez péssima série nas paralelas, porém, e ficou sem a classificação.

Aí, ficou restando o caminho das Copas do Mundo. Caio voltou a tempo depois de cirurgia no tendão de Aquiles, mas sem poder competir no salto, seu principal aparelho. E Nory sentiu lesão no joelho, restringindo sua participação à barra fixa. Até aqui, ainda não fez nenhuma apresentação que se comparasse com as de 14,500 e 14,333 das finais do Pan. No Cottbus, fez 13,900. O lituano Tvorogal, seu principal rival, foi bronze com 14,533.

Se a terceira vaga não vier, a comissão técnica terá a difícil missão de escolher entre Nory e Caio para preencher a vaga que está em aberto. Um dos dois ficaria de fora de Paris.