RACISMO

Protocolo global antirracismo da Fifa é acionado em partida da Divisão de Acesso do Goianão

O caso aconteceu no duelo entre Rio Verde e Anapolina, no Estádio Mozart Veloso do Carmo, em Rio Verde

Protocolo global antirracismo da Fifa na partida entre Rio Verde e Anapolina
Foto: Reprodução/TBC

O empate sem gols entre Rio Verde e Anapolina, no último domingo (15/06), pela quinta rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano, teve algo inédito na história da competição estadual. Pela primeira vez, o protocolo global antirracismo da Fifa, que foi implementado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a partir deste ano, foi acionado no Estádio Mozart Veloso do Carmo, em Rio Verde.

Na marca de 48 minutos do segundo tempo, o árbitro Jefferson Ferreira expulsou o meia Patrick, do Verdão do Sudoeste, por “cometer ato de racismo” contra o goleiro Artur, da Rubra, e, logo em seguida, cruzou os braços, na altura do peito, em forma de “X” para denunciar o ato racista. O lance foi relatado na súmula da partida.

“Expulsei do campo de jogo, com cartão vermelho direto, o atleta nº 16, Patrick Felipe Justino Alves, por cometer ato de racismo contra o goleiro adversário, de número 22, Artur Sergio Teixeira dos Santos Junior. O fato ocorreu após o referido jogador proferir as seguintes palavras ao goleiro: “Volta para o gol, negão, c…! Volta para o gol, negão, c…! Vai se f…”. O goleiro demonstrou sentir-se claramente ofendido com a manifestação, o que motivou o acionamento imediato do Protocolo de Racismo, conforme as normas da competição. O jogador expulso deixou o campo de jogo normalmente”, escreveu Jefferson Ferreira na súmula do jogo.

O desentendimento entre Patrick e Artur teve início após uma falta a favor do Rio Verde, onde um jogador da Anapolina, que estava na barreira, caiu no gramado. O meia do Verdão tentou levantar o atleta da Rubra. Neste instante, o goleiro da Rubra se aproximou e tentou afastar o adversário, dando início à discussão que terminou com o protocolo global antirracismo da Fifa sendo acionado.

Jefferson Ferreira também informou, na súmula do confronto, que, após o término da partida, consultou o goleiro Artur sobre a possibilidade de formalizar uma denúncia, através de um boletim de ocorrência, contra Patrick. Porém, o jogador da Anapolina afirmou que aceitou as desculpas de Patrick, resolvendo a situação no âmbito esportivo e pessoal, e que não precisaria levar o caso adiante.

“Após o término da partida, o goleiro Artur Sergio Teixeira dos Santos Junior foi consultado sobre a possibilidade de formalizar a denúncia através do registro de um boletim de ocorrência. No entanto, o atleta optou por não prosseguir com o registro, declarando que aceitou as desculpas do jogador que o ofendeu. Segundo seu relato, ele entendeu que a situação foi resolvida no âmbito esportivo e pessoal”, relatou Jefferson Ferreira.

Por ter sido relato em súmula, o ato poderá ser analisado pelo Tribunal de Justiça Desportiva de Goiás. Desta forma, Patrick pode ser punido na esfera desportiva através do artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de atos discriminatórios, preconceituosos e ultrajantes em eventos desportivos. Ele visa punir qualquer pessoa que pratique atos de discriminação, seja em relação a origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. 

A pena prevista é de suspender, “de cinco a 10 partidas”, o atleta, mesmo que reserva, treinador, médico ou qualquer membro da comissão técnica que cometa qualquer um dos atos citados no artigo. Além disso, o denunciado por receber uma multa que vai de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100,000.00 (cem mil reais).

Até o momento, Anapolina e Rio Verde não se manifestaram oficialmente a respeito do caso.